X - Enfim... Sós

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A manhã seguinte era um domingo. O dia da cerimônia e do Super Bowl.

Houve uma batida à nossa porta por volta das oito. Angelo estava no chuveiro, então eu arrastei-me para fora da cama para atender. Era Jon, vestindo sua roupa de corrida.

- Matt está com um pouco de ressaca. - Disse ele. - Você me acompanha numa corrida?

E foi assim que me encontrei com meu ex, correndo ao longo das margens do Sena na manhã de seu casamento. Foi muito estranho para descrever. O céu estava claro, e o ar estava fresco e frio. A trilha de tijolos era estreita ladeada de árvores de um lado e o rio espumante do outro, ocasionalmente, passando sob pontes de pedra arqueadas. Majestosos edifícios rosa e branco na margem oposta. Me perguntava o que eram.

Angelo teria sabido. Jon também, mas eu estava relutante em perguntar. Mesmo correndo num lugar tão estranho, tudo sobre isso era familiar. O ritmo dos nossos pés batendo contra o asfalto, a nossa respiração visível no ar gelado, a linha de seus ombros e suas costas enquanto ele corria na minha frente e já estava um passo ou dois à frente.

- Você está mais lento. - Disse ele, brincando depois do primeiro quilômetro.

- Eu sempre fui lento. - o lembrei. - Você nunca gostou de esperar por mim.

Lamentei dizer de imediato. Mais uma vez, senti que tinha pisado muito perto do pedaço que não poderíamos enfrentar, e não conversamos novamente por pelo menos um quilômetro. Quando estávamos quase de volta ao hotel, ele parou e pegou uma garrafa de água. Não pude deixar de observá-lo enquanto bebia. Ainda o achava atraente, embora não do modo puramente exótico que é Angelo.

Jon era mais o menino da porta ao lado, sempre com o cabelo bem cortado e as roupas certas. Mesmo no ar frio da manhã, ele estava suando por causa da corrida e os cabelos escuros em suas têmporas preso à sua pele. Pensei em todas as manhãs que tínhamos retornado da corrida e caído na cama juntos, quentes e suados e tão loucos um pelo outro que dificilmente podíamos tirar as roupas rápido o suficiente. E sempre nos banhamos depois.

O suor escorria-lhe pelo pescoço enquanto bebia e me lembrei como era deslizar meus lábios em sua garganta, e a forma como sentia seu pomo de Adão debaixo da minha língua. Do jeito que ele provou e a forma como sempre uma mão segurou minha coxa quando se empurrou dentro de mim. Senti meu corpo agitar um pouco a esse pensamento, e eu imediatamente me senti culpado.

- Zach. - Disse ele interrompendo meus pensamentos.

Ele estava oferecendo a garrafa para mim. Peguei sentindo-me corar. Os olhos em mim eram incrivelmente intensos e tive a desconfortável sensação que ele sabia o que eu estava pensando. Me perguntei quais lembranças vinham à sua mente.

A maneira que eu lhe beijava ou os sons que fiz quando fizemos amor? Ou como eu me afastava quando ele me perguntava com quem eu havia passado a noite anterior? Quase engasguei com a água e tive que lutar contra o nó repentino na minha garganta.

- Você está bem? - Perguntou ele.

Fechei os olhos e tomei uma respiração profunda. Quando olhei novamente, não vi desejo nos seus olhos. Não vi nem condenação. Eu vi simpatia.

- Zach. - Disse ele, caminhando perto de mim e pegando minha mão. - Não tem que ser assim.

Naquele momento, eu não queria nada mais do que beijá-lo. Eu queria voltar para o hotel despi-lo mais uma vez e esquecer os doze anos que tínhamos perdido. Mas logo veio a culpa. Fechei os olhos me afastando, dando um passo pra trás quase derrubando uma mulher que passava. Eu me odiava. O que tinha feito a ele foi ruim. Mas como eu poderia até pensar em voltar agora?

Paris de A à Z (Série Coda - 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora