Prólogo

1K 83 4
                                    

Zach...

O clube era escuro e decadente. O vinil dos bancos no bar estava rasgado e as mesas encardidas.

O ar parecia fumaça, apesar da proibição pública de fumar em Denver ter sido aprovada anos atrás, e eu me perguntava se ele tinha estado preso aqui todo esse tempo, demorando-se com a poeira e os feromônios. Isso fez o lugar parecer perigoso. Apenas caminhar através da porta fez meu pulso acelerar e deixou meu pau duro.

Isto não era o que Angelo teria escolhido. Ele gostava de lugares que eram barulhentos e cheios de energia. Lugares onde ele poderia dançar e paquerar e ver o que estava nos olhos de um homem, antes que chegassem muito perto. Lugares onde o delineador preto grosso que ele usava a meu pedido, não o distinguia. O bar foi uma cena do meu passado.

Eu escolhi, não porque esperava ver alguém que conhecia, mas porque sabia que a maioria dos homens lá só tinha uma coisa em sua agenda. Angelo entrou na minha frente, um cordeiro de bom grado, a pé para o mercado de carne. Eu suspeitei que ele não quisesse nada mais do que virar-se e caminhar de volta para fora, mas era bom em bravatas.

Apesar de uma dúzia de pares de olhos se voltarem para nos ver, eu tinha certeza que ninguém mais viu a fração de segundo de hesitação, que ele teve sobre a entrada. Ninguém pensou duas vezes sobre o fato de que caminhou direto para o bar e pediu duas doses de tequila, que tomou sem sequer uma respiração no meio. Mas depois de mais de dois anos juntos, eu o conhecia bem. Ele estava nervoso.

- Nunca o imaginei num lugar como este. - Disse ele, quando se virou e examinou os outros homens no bar.

- Eu costumava vir aqui. - Eu lhe disse. - Antes de Jonathan me deixar.

Meu clientelismo neste bar e minhas atividades com os homens que eu conheci aqui, tinha sido uma grande parte da razão pela qual Jon tinha partido. Em retrospectiva, eu poderia admitir para mim mesmo que era metade da razão, pela qual eu tinha feito isso.

Eu era muito covarde para terminar as coisas com ele. Tinha sido mais fácil alinhar os dominós, mas deixálo ser o único a derruba-los. O olhar enviesado de Angelo para mim foi cauteloso.

- Você costumava vir aqui com ele?

Eu sabia que Ang estava realmente se perguntando: será que eu costumava fazer isso com ele?

- Não. - Eu disse, dando um passo perto de seu lado, para que pudesse colocar meus braços em torno dele.

Ele não se virou em minha direção, mas inclinou a cabeça perto de mim para que pudesse colocar meus lábios sobre sua orelha. Eu tive que escovar os cabelos grossos negros fora do caminho primeiro. Eles tinham crescido novamente, caindo em seus olhos como quando eu o conheci.

- Nós nunca fizemos nada juntos, como isto. - Eu disse.

A verdade era que jamais tinha me ocorrido naquela época. Eu não tinha conhecido bem, até mais recentemente o quanto de um voyeur eu realmente era.

***

Véspera de Ano Novo, quase dois anos antes, eu tinha visto Cole e Angelo flertando um com o outro, através da sala de estar lotada de Jared e Matt.

Parte de mim sabia que os outros homens teriam ficado com ciúmes, mas eu não estava. Cole não era uma ameaça para mim. Eu sabia que o que Angelo e eu compartilhamos era muito mais profundo do que sexo. Ele era um anjo que só pousou para mim. Deixá-lo voar um pouco mais, não mudaria isso.

Na sequência desta percepção veio à imagem mental dos dois juntos, e senti-me ficar duro com o pensamento. Eu sabia que Jared achou que Angelo tinha pedido para ir com Cole e eu tinha deixado, mas não era esse o caso. Fui eu quem sugeriu isso. Dizer a Angelo que estava tudo bem dele brincar com Cole, tinha sido fácil. Estar à espera por ele na cozinha é que tinha sido difícil.

Paris de A à Z (Série Coda - 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora