Sexta-feira, nove de Junho. Acordei mais cedo que de costume porque não consegui dormir de ansiedade. Meu pai estava de folga do trabalho, o que significava que ao levantar não dei de cara com ele no banheiro. Também significava que minha mãe não precisava acordar para passar o café ou fazer sua marmita, mas ela estava de pé mesmo assim, assando pães de queijo pra mim.
— Leva pra comer na escola. — ela colocou uma fornada num saquinho e me entregou. — E divide com seu primo também, tá certo?
Não sei se era sorte ou azar o Carlos não ter me dado carona, porque poderia evitar compartilhar os pães de queijo com ele e forçar ainda mais a barra, mas também significava que eu teria de ir de ônibus. E também queria dizer que eu não saberia, não até o último momento, se meu primo tinha aderido ao tema do Dia D.
Pouco importava, eu me convenci. Pedi um lenço pra minha mãe e expliquei que era para a fantasia, mas não dei mais detalhes porque já estava atrasado.
Renan Souza: tô levando o resto da roupa, relaxa. Te encontro no seu ponto. Me dá um toque qdo tiver chegando.
(sexta-feira, 06:36)
À julgar pela hora das trocas de mensagens, mais alguém também não havia dormido muito...
***
Assim como prometido, Renan estava me esperando quando desci do ônibus. De short do uniforme do time de futebol, all star e blusa branca cavada, ele carregava uma sacola cheia do que parecia ser tecido. E algumas coisas não identificáveis à primeira vista e que tive um pouco de receio de descobrir, confesso.
— Minha mãe emprestou algumas coisas, mas as roupas dela não cabem na gente. Ia ficar parecendo um balão — ele riu. — Então a mãe da Bárbara emprestou o resto.
— Qual o nome dela? — continuei o assunto só para disfarçar meu nervosismo.
— Quem? A mãe da Bárbara? Ah, é Vanessa...
— Você sempre fala dela, mas nunca a chama pelo nome.
Ele encolheu os ombros.
— Ela anda muito lá em casa desde o fim do ano. Meu irmão tá ajudando em umas paradas dela lá e tal... Mas não sei onde encaixá-la na "família", saca? É uma agregada esquisita...
De acordo com o Renan, Vanessa tinha muitos vestidos e saias compridas. Ele teve de escolher alguns mais "discretos", digamos, e mesmo assim a situação não era das mais confortáveis. Descemos andando devagar, tirando os itens da sacola, analisando, rindo de nervoso, até chegar no quarteirão do colégio. Lá, encontrarmos a Camila, a Mariana, o Diego e seus apêndices (Marcos e Pablo). Todos estavam se divertindo colocando brincos nos meninos, fazendo bigodes com lápis de olho nas meninas e gargalhando no meio da rua.
— Cadê a roupa de vocês?? — Camila praticamente gritou ao nos ver.
Ela deu um abraço no Renan e depois eles se cumprimentaram masculinamente batendo os punhos porque ela estava incorporando ao usar as roupas do Diego e um boné que escondia todo o seu cabelo castanho e volumoso.
— Digo — ela raspou a garganta, engrossando a voz. — E aí, trutas, firmeza?
É lógico que isso provocou outra onda de risadas. Diego estava sendo maquiado pela Mariana, mas se desvencilhou dela pra puxar a namorada, dar um beijo na Camila e falar, de peito estufado:
— Meu homem!
Eu ri porque era algo irreal demais pra não achar graça. Mas no fundo mesmo eu sentia aquela pontada de vergonha e medo de sempre, principalmente quando o Renan começou a colocar o vestido por cima da roupa.
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Aprendendo a Gostar de Você {Aprendendo III}
Teen FictionO último ano do ensino médio foi premeditado como sendo uma verdadeira catástrofe e, eventualmente, com sorte, quem sabe, fazer Daniel Henrique ter um verdadeiro ataque cardíaco de estresse. Isso o pouparia de muita coisa, sério... Mas o que tinha t...