Um Laço de Sangue

21 3 0
                                    

  Enquanto chegavam na frente do grande salão os dois garotos que correram da Sra. Fátima estavam parados no meio da porta.
-O que estão olhando? -perguntou Kevin aos garotos mas eles não responderam, estavam paralisados com os olhos arregalados. -
-Onde estão os alunos? -nem mesmo escutando a voz da Sra. Fátima os garotos se moveram. Olhando atentamente, a água no meio da mesa estava agitada, os pequenos barcos estavam boiando de lado. Algumas cadeiras estavam caídas pratos e copos jogados no chão.
-Não... não sabemos....! -e não sabiam mesmo, pois ainda pouco estavam hipnotizados pelo canto das sereias Íara. Cada criança, uma a uma, foram levadas para o fundo daquele espelho d'água.
-O que está acontecendo? -perguntou Sra. Benedita com um olhar assustado.
-Os alunos sumiram! -respondeu a Sra. Fátima. Olhando para o espelho d'água apenas um pensamento passava pela cabeça de Benedita Dourado; Tudo o que estava acontecendo era muito bem planejado, era como se todos os esforços, todos os feitiços de proteção de Castelobruxo não adiantavam nada. Não estavam tendo o menor efeito. Dando um passo a frente Sra. Benedita ergueu sua varinha e lançou um feitiço. Folhas surgiam nos galhos no teto e caíam tapando o espelho d'água. Quando a última folha caiu elas se transformaram em puro aço.
-Devemos lacrar Castelobruxo, nada entra ou saí! -falou Sra. Benedita em alto e bom som. -
-Mas e as crianças? -Sra. Fátima não escondeu seu nervosismo. -
-Se foram levados por sereias, eles têm  pouco tempo! Eu preciso ir, vocês esperem aqui até que eu volte!
-Mas Sra. Benedita! Só eu e esses três garotos, sozinhos aqui?!
-Mantenha a calma mulher! No momento não há lugar mais seguro que aqui dentro... Se qualquer coisa tentar passar por aquele bloqueio...Não pense duas vezes, mate! -Sra. Benedita teve que ficar na ponta dos pés para coxichar no ouvido da Sra. Fátima! Saindo do Grande Templo ela trancou a porta com um feitiço que só a própria poderia desfazer.
 No outro lado da profunda mata tropical John Williams e Prof. Libatius Borage procuravam pistas do paradeiro de Henrique ou do Sr. Zé, durante toda manhã cada centímetro da floresta foi vasculhado e nada.
-Acho que devemos voltar para Castelobruxo Prof. Borage!
-Vamos procurar mais um pouco, estou realmente preocupado com Henrique!
-Ele... é realmente um lobisomem? -John aproveitou a oportunidade pois estava muito curioso com os rumores, precisava saber o que era verdade e o que era uma versão aumentada da história. -
-Pelo pouco que a minha mulher já me falou nesses anos de casado, uma maldição foi rogada em seu bisavô por uma criatura vil que vaga pelos confins da terra e...
-E...? Sr. Borage?
-Veja John!
-Aquele é?
-Sim, é o Sr. Zé!
-Porque ele está parado ali?
-Acho que ele está enfeitiçado!
- Vamos até ele ou não?
- Vamos, com calma!
Os dois se aproximaram com cuidado pois poderia ser uma armadilha. Mas não era, ele estava simplesmente parado ali como uma estátua. Com os olhos vidrados. A pele fria como gelo.
-Que feitiço é  esse Sr. Borage?
-Não sei, nunca tinha visto antes!
Durante o tempo que ficaram ali examinando Sr. Zé o sol já estava quase se pondo.
-O manto da noite já irá surgir, o que faremos com ele?
Depois que  Sr. John falou isso ele tentou usura um feitiço para levitar o Sr. Zé mas não deu certo. Depois de ter usado três feitiços diferentes sem sucesso o cobertor de estrelas e planetas já começava a cobrir o céu. Os dois grandes bruxos contemplavam o grande manto da noite quando a luz prateada da lua tocou a pele do Sr. Zé, ó baixinho veloz saiu correndo para dentro da profunda mata tropical, dando um susto nos dois bruxos.
-Mas o que foi isso? -falou Sr. John com olhos arregalados.-
-Essa meu caro John é a finalidade do feitiço de escravização pela luz da lua
 -exclamou Libatius Borage -
- Vamos atrás dele John!
- Tem certeza? Ó Senhor não acha melhor procurar ajuda, já está anoite e tenho um precentimento ruin se formos mais fundo na floresta!
 A cada passo o ar ficava mais pesado e a névoa mas densa, não dava para ver nada.

         >Aperte a estrela>☆<😉

  A luz na ponta da varinha não conseguia iluminar nada, feitiço algum dava jeito na neblina.
 -Está escutando Sr. Borage? Estamos perto da cachoeira!
-Sim, fique de olhos bem abertos, ó meu bigode está arrepiado! E isso não é uma coisa boa!
O tempo pareceu estar congelado, cada passo demorava uma eternidade. O ar entrava com dificuldade nos pulmões. Era como se o frio cortace a carne e fazia os ossos doerem. Como se aquilo tudo fosse pouco ó chão começou a tremer, era como se um raio estivesse saindo das entranhas da terra.
-FECHA OS OLHOS JOHN!!! -com esse grito de desespero Libatius Borage se jogou no chão. Mas John Williams não foi tão rapido. Quando percebeu que estava vendo a morte de perto, em sua frente haviam dois basiliscos e só a névoa escondia os grandes olhos amarelos. Se não fosse uma rajada de fogo azul atingindo os dois monstros bem na cabeça, John estaria morto.
Com o susto os dois bruxos continuaram no chão tremendo de medo. A névoa se transformou em gotas de água por causa do calor da poderosa chama azul.
-Levantem da aí! Não temos muito tempo! -a voz meio rouca era familiar. Olhando para cima Sr. Borage não se surpreendeu ao ver aquela senhorinha em cima de um dragão legitimamente brasileiro.
-Como a senhora nos achou? -falou Sr. Borage. -
-Ouvi os gritos das moças!... Eu não gosto de matar animais mesmo que sejam peçonhentos e letais como esses, mas era questão de vida ou morte, nada que um dragão não resolva!  -falou a senhorinha descendo do dragão facilmente, enquanto olhava as carcaças pegando fogo no canto da cachoeira-
-Se a senhora não tivesse chegado a tempo nós estaríamos mortos agora!
-Nos não né John, você!
-Verdade, eu não consegui me mexer, e nem sei como estou de pé agora!
-Coragem homens, nossa missão ainda não acabou! Estão vendo esse enormes buracos? Teremos que ir por dentro deles!
-Por dentro desses buracos de basiliscos? Essas são de uma espécie diferente, vivem debaixo da terra!  Mas como a senhora tem tanta certeza que devemos ir por alí? -falou John -
-Simplismente tenho, filho!
Os três entraram pelo buraco literalmente, a ponta das três varinhas iluminando o caminho úmido e frio.  
-Se encontrarmos outro basilisco o que faremos? Não tem como trazer um dragão!  -disse John tremendo de medo-
-Sr. John Williams pare de tremer, vai fazer a "caverna" desmoronar! -falou a senhorinha que tem mais coragem no dedo mindinho que aqueles dois homens juntos-
-Sinto muito Sra. Benedita, gosto muito de aventuras mas dessa vez eu realmente estou com medo!
-"Sabe John... eu também estou"! -falou Sr. Borage bem baixinho-
  Depois de alguns minutos de caminhada os três chegaram em um lugar escuro bem abaixo da terra, o barulho da cachoeira estava mais forte ali do que estava na superfície. John ja estava disposta a dar o primeiro passo fora da caverna quando Sr. Borage o alertou:
-Calma, pode ter alguém escondido na escuridão!
- Além de nos três, há apenas uma pessoa aqui! - Sra. Benedita lançou o feitiço lumos máxima iluminando todo o lugar.  Do outro lado do lago, Henrique estava amordaçado em uma árvore, desmaiado. -
-Ele ainda não se transformou! -falou Sr. Borage quase entrando no Rio para socorrer o sobrinho. Mas uma olhada atenta os dois repararam que Sra. Benedita estava imóvel, com um olhar assustado.Ela olhava para um corpo flutuando na água. Se aproximou da borda do lago e com apenas um braço  esticado fez o corpo flutuar até ela. As lágrimas derramaram de uma forma que a dor era sentida no ar. Sr. Zé jorrando sangue por todo o lago, subindo pela cachoeira até o topo.
-Ele está morto? -perguntou John -
-Não, só está muito fraco! -disse Sr. Borage-
Por mais feitiços que os três lançaram, o sangue não parava de jorrar. Não podiam fazer mais nada, era tarde.
- Sr. Zé não merecia isso!
- Meu irmão não merecia isso! -exclamou a senhora abraçada ao corpo. Os dois arregalaram os olhos. -
-Isso mesmo, meu irmão gêmeo! Apesar de sermos gemeos ele não possuía  sangue mágico, não falava uma palavra mas eu podia ouvir cada pensamento e quando esses pensamentos pararam eu me desesperei. Ele sumia as vezes mas era comum, ele gostava de cuidar dos animais mágicos na mata!...  Ele sempre cuidou de mim!
 Depois, só ó silêncio cabia entre aquelas lágrimas e soluços. Quando todo o sangue foi sugado para o topo da cachoeira, a luz que iluminava o lugar pouco a pouco se apagou. Mas antes de se apagar a sombra de algo encapuzado se aproximou do corpo gelado, era a morte vindo buscar uma alma inocente, enquanto ó frio e a dor se misturavam na escuridão!










Castelobruxo e a Mágia Antiga Onde histórias criam vida. Descubra agora