Acordo Sedutor - Shumdario

Capítulo 11

Desta vez, voar para a propriedade do vale era diferente. Ao ver os pastos verdejantes e as cercas brancas imaculadas, Harry sentia uma ligação muito mais pessoal com o lugar. A sensação de ser um forasteiro, vindo apenas para pegar o que tinha comprado, já não existia mais.

Ele não pertencia a essa propriedade, mas ela pertencia a ele.

Percorrera a propriedade toda, tinha sido aceito pelos empregados, e agora estava bem firmado no mundo que havia sido o domínio privado do pai. Meu, ele refletia, satisfeito. E Matthew também era dele — o filho adotivo que o pai tinha valorizado mais do que o próprio filho biológico.

Tinha levado um susto na semana passada, quando percebeu que tinha se esquecido de usar um preservativo. Tinha um na carteira e fora uma estupidez não controlar o que fazia. Porém Matthew não era um pistoleiro interesseiro como a mãe.

Ele estava limpo e não o forçaria a adotar uma criança caso ele não quisesse.

Lady Catherine tinha razão quanto à adoção ou barriga de alugue. Ele não poderia — nem quereria — afastar-se do próprio filho. Ainda bem que Matthew também queria, tanto quanto ele, evitar tal consequência.

Ele sorriu, lembrando o prazer de Matthew com as escolhas dele para a suíte principal. A redecoração tinha sido para ele — o sonho dele de compartilhar a suíte com Matthew — mas o Monet definitivamente marcava a suíte como sua. Cada vez que Matthew olhasse para o quadro, pensaria nele.

Sorriu ironicamente do sentimento de posse que Matthew revelara nele. Nenhuma outra pessoa o tocara tão profundamente. Seria algo psicológico, devido ao fato de Matthew ter recebido do pai tudo que ele mesmo queria, e, então, possuí-lo equilibraria a balança de certa forma?

Fosse o que fosse... Matthew certamente movia algo nele que o empurrava além do padrão normal de sua experiência com homens.

Ele não era apenas um prazer superficial a ser desfrutado quando Harry tinha tempo e vontade. Era difícil tirá-lo da cabeça, mesmo quando estava trabalhando.

Esperava que Matthew pensasse muito nele também. Pensar que estivesse mais atraído por ele do que Matthew por ele era inaceitável. Ter sempre o controle e tirar proveito disso faziam dele o homem que era, e não estava disposto a perder o controle sobre seu próprio mundo.

Essa obsessão atual por Matthew Daddario Shum ia ceder com o tempo. Talvez, fosse ligada ao que ele nunca recebera com o pai.

Matthew personificava uma necessidade que jamais fora satisfeita — e era impossível ser satisfeita agora. Mas era muito bom possuí-lo. Era só manter uma perspectiva razoável sobre a situação.

Porém a razão foi engolfada por uma onda de desejo quando o viu saindo da casa para recebê-lo. A cabeça dele estava inclinada para o helicóptero que chegava, os cabelos pretos e sedosos iluminados pelo sol poente. Ele vestia uma blusa preta bem justa, e uma calça branca com o detalhe de uma barra preta.

O vento da hélice fazia o tecido da calça subir um pouco nas pernas compridas e bem-feitas dele — pernas que tinham se enroscado em Harry com uma paixão desinibida.

Os músculos de sua virilha se retesaram. Ele agarrou o cooler com uma garrafa de Veuve Cliquot, pronto para saltar do helicóptero assim que aterrissasse. Não ia esperar nem um segundo a mais, dominado pelo desejo de sentir o corpo de Matthew novamente apertado contra o seu.

Matthew estava sorrindo — não o sorriso cortês com que fora recebido na primeira visita. Era um sorriso de alegria pela chegada dele, um sorriso tipo champanhe, que provocou borbulhas de euforia no cérebro de Harry, e colocou um sorriso enorme em seu rosto quando ele pulou do helicóptero e caminhou a passos largos em sua direção.