Capítulo 13

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Sete meses mais tarde

A MELBOURNE CUP — a corrida de cavalos que paralisava o país na primeira terça-feira de novembro — praticamente dominava a atenção de todos na Austrália durante os três minutos de sua duração.

As rosas no hipódromo de Flemington estavam todas desabrochadas. O tempo estava bom — um belo dia ensolarado. A multidão era maravilhosamente pitoresca. Pessoas usando fantasias malucas e chapéus extravagantes contrastavam com outras vestidas elegantemente, com roupas de grife.

Matthew e Harry eram convidados no toldo dos xeiques, que estava lotado de celebridades, todos se entupindo com uma quantidade interminável de iguarias deliciosas e vinhos finos. Uma maquiadora e uma chapeleira também estavam a mão para resolver qualquer problema com a aparência dos convidados. Não se permitia que nada estragasse o dia de ninguém sob esse toldo. O luxo era absoluto — um belo local para reunir os VÍPS, entre os quais se incluía Matt, acompanhado por Harry.

Durante aquele ano ele havia assistido a outras corridas com Harry, em Sydney. Ele tinha um plantei de cavalos de corrida, inclusive os comprados do pai, e tinha um grande interesse no desempenho deles, especialmente nos dias de grande prêmio.

Matt se divertia com o ambiente carnavalesco, adorava ver as corridas e se sentia sempre feliz na companhia de Harry.

Eles se tornaram um casal bem estabelecido nessas ocasiões, e as fofocas que surgiram na primeira vez que apareceram juntos já não interessavam a mais ninguém. O fato de que estavam publicamente ligados não evitava que outras pessoas disputassem a atenção de Harry, mas seus esforços para afastá-lo de Matt sempre fracassavam.

Isso o fazia sentir que seu relacionamento era sólido, embora Harry nunca falasse em casamento, nunca parecesse pensar no futuro, exceto para decidir a próxima vez em que poderia estar com Matt.

Também nunca tinha dito que o amava. A maior parte do tempo, ele passava a vida em Sydney, e ele, em Yarramalong.

Matt sempre desejava ter mais dele. Então dizia a si mesmo que o que tinham juntos era ótimo, e que era muita sorte ter o que ele oferecia de si mesmo. Matt não conseguiria mesmo imaginar-se com outro homem.

Até Alexandra tinha cedido, e os aceitava como um casal, embora às vezes resmungasse que era um relacionamento muito unilateral, com Matt sempre à espera — quase de plantão — enquanto Harry o encaixava em sua vida quando lhe convinha.

Isso era verdade, porém, na opinião de Matt, nem adiantava discutir sobre esse arranjo. Harry, desde o começo, tinha explicado bem as condições de qualquer relacionamento com ele, e Matt havia aceitado. Qualquer mudança teria de partir dele.

No entanto, Matt teria de conversar com ele muito em breve sobre o futuro da propriedade, já que o ano contratado expiraria dentro de dez semanas. Matt precisava saber o que aconteceria então, não só para resolver sua própria insegurança, como a dos empregados também.

Hoje, porém, era um dia festivo demais para se preocupar com assuntos que escapavam ao seu controle. Era divertido olhar a multidão, discutir as corridas com Harry e os outros convidados, comer ostras, beber champanhe, sentir-se elegantíssimo no terno branco com detalhes em preto, comprado para a ocasião.

Estava se divertindo muito, até a mãe aparecer no braço do novo marido, o bilionário Clifford Byrne, um neozelandês de 72 anos com quem tinha se casado recentemente em Las Vegas. Foi um casamento apressado, sem a participação da família de nenhum dos dois.

Ambos pareciam muito satisfeitos, a esposa troféu toda enfeitada de diamantes e usando um lindo conjunto cor de trigo, o marido, um senhor idoso num traje de cerimônia e de cartola, radiante com sua nova vida.

Acordo Sedutor - ShumdarioOnde histórias criam vida. Descubra agora