— Sou Harry Shum Jr , filho de Henry Shum — ele se apresentou ao homem do outro lado do portão de segurança, sentindo a amarga ironia de ser questionado sobre sua identidade.
— Não sabia que ele tinha um filho — o homem resmungou, com um olhar desconfiado. — Você tem sotaque americano.
Nada surpreendente, já que Harry tinha crescido no Texas. Mas tinha nascido na Austrália, e tinha sete anos quando foi levado para lá. Agora, aos 24 anos, era um homem — um homem abastado, pensou com satisfação — e pronto para sobressair na terra do pai.
— Ligue para a casa e verifique — ele mandou.
Enquanto o segurança falava num celular, o olhar de Harry vagava pela comprida alameda arborizada que levava a uma enorme casa que ocupava o alto de uma colina que tinha vista deslumbrante para o vale. Era primavera, e as folhas novas eram de um verde vivo no sol brilhante da tarde. O vale inteiro estava verde — era uma propriedade de primeira — só o melhor para a segunda família do pai.
A casa de cor branca, as cercas também. Tudo impecável. E isso, é claro, custava muito dinheiro. Muito. O que se esperaria do proprietário de uma enorme empresa de transportes, inclusive uma linha aérea doméstica. Harry só recebera dele cartões de aniversário e de Natal — provavelmente mandados pela secretária — e alguns dias num hotel de luxo em Las Vegas quando o pai esteve lá a negócios, uma vez quando Harry tinha 12 anos, e depois aos 18.
Ele lembrava que o pai tinha perguntado:
— O que pretende fazer da vida, rapaz? — como se isso não tivesse nada a ver com Henry Shum.
Mesmo assim, Harry perguntou, esperançoso:
— Está me oferecendo uma oportunidade? A resposta foi rude.
— Não. Abra seu próprio caminho, como eu fiz. Se você tiver peito para isso, vai merecer o meu respeito.
Esse desafio tinha penetrado na alma de Harry. O pai se tornara bilionário por esforço próprio, começando do nada e construíra um império no ramo de transportes. No entanto, vendo a riqueza evidente dele agora — riqueza gasta generosamente com a segunda mulher e um casal de filhos adotivos — Harry não sentia nenhum respeito por ele. Que tipo de homem não fazia nada pelo próprio filho e dava tudo para um casal de filhos que a segunda mulher quis e adquiriu? Será que ele diria a eles para que abrissem o próprio caminho aos 18 anos?
O segurança desligou o telefone e olhou para Harry com um pouco de pena. — Não posso deixá-lo entrar, companheiro. Me mandaram botar você daqui para fora. Lady Catherine disse que não é bem-vindo aqui.
Lady Catherine. O título lhe dava enjoo. Ela havia sido uma jovem secretária ambiciosa, dormindo com o patrão bem mais velho, cometendo adultério, e agora que seu pai tinha recebido um título de nobreza por serviços prestados à nação, como esposa dele, podia ser chamada de Lady.
— Peça para falar com meu pai — ele insistiu.
— Impossível. Sir Henry ainda não chegou.
— Quando chega?
— Geralmente o helicóptero chega às 7h. Ainda faltam três horas. Não posso deixar você entrar sem ordem.
Harry entendeu. A casa do pai era território proibido para ele, segundo a vontade de Lady Catherine. Pistoleira, defendendo seus próprios interesses com unhas e dentes. E o pai aceitava isso. Quanto poder ela teria sobre o marido muito mais velho? De quem teria sido a opção de manter o filho exilado?
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Acordo Sedutor - Shumdario
FanfictionHarry Shum Jr terá finalmente a oportunidade de se vingar! Basta que Matthew, seu irmão adotivo, caia em sua armadilha. Se ele deseja continuar morando na casa da qual a família o expulsou há tantos anos, precisará ser seu amante. Ele será seduzido...