5. Um jogo maldito

1.2K 140 60
                                    

A música alta e sensual atingia Demetri enquanto o mesmo avançava no ambiente, a cabeça levantada a procura da sua presa e os ombros retos e sincronizados com a postura elegante enquanto caminhava. Félix estava vasculhando o local em guarda, um pouco distante com os olhos cravados em cada vampiro que atrevia a dirigir-lhe um olhar.

O rastreador os ignorou, focado na missão. Ele inspirou e imediatamente aquele cheiro o atingiu. Encolhida na parede, misturada pelas luzes coloridas, estava seus presa.
Algo mudara naquele momento e o vampiro não sabia dizer o que. Talvez a música estivesse mais lenta, ou algumas prostitutas estivessem o chamando de uma forma despudora demais. Porém, a única coisa que o Volturi sabia era:  hora de agarrar aquela garota.

Então, caminhando com toda confiança que o homem tinha, ele sorriu como um predador prestes a atacar, mas logo parou. O cheiro da humana havia ficado mais forte à medida que ele chegava perto, o afixiando com aquele perfume. Foi então com os sentidos inebriados que Demetri se deu conta da aparência da morta viva: seus cabelos escuros estavam soltos, seu corpo era coberto por um vestido branco e muito apertado. Ela usava saltos que a faziam mais alta e mexia a cabeça como se estivesse procurando algo. As luzes coloridas faziam um truque com sua pele, mas ele apostou que fosse morena. O único detalhe que ele não conseguira ver foi os olhos, mas imaginou se seriam tão atraentes quanto o resto.

Demetri achou graça dos seus pensamentos. Mesmo sendo um vampiro antigo, ele precisava admitir que seu ponto fraco ainda eram as mulheres. O único ponto positivo era que ele nunca deixava ser levado por elas, afinal, que tipo de Casanova ele seria se isso acontecesse?
Ainda parado a poucos passos da garota que caçava, o vampiro observou enquanto a mesma começava a recuar rapidamente. Ele sorriu prevendo o que aconteceria.
Levou apenas três segundos depois para que acontecesse. O corpo da jovem humana havia colidido com o dele, fazendo o copo que ela segurava cair.

Demetri ignorou os cacos no chão quando resolveu brincar com a humana. Ele passou um dos braços pela cintura da mesma e riu em seu ouvido, a fazendo estremecer. Aquilo fora deliciosamente bom de assistir. O que Jane havia dito mesmo? Ela poderia ser últil... ou então viraria a refeição dele. Demetri gostava muito da última parte.

— Parece que encontrei o que estava procurando.

Imediatamente o corpo da humana ficou tenso, a petrificando no lugar e trazendo satisfação ao vampiro. Demetri sorriu e ousou ainda mais quando se inclinou para o ouvido da garota e sussurrou com a voz carregada de sotaque:

— Espero que o gato não tenha comido sua língua.

A garota — Gwendolyn, ele lembrou. — respirou fundo enquanto ficava estranhamente parada, sem tentar fugir. Ela parecia surpreendentemente conformada por estar naquela posição, literalmente falando. Demetri poderia acreditar nisso se seu coração não estivesse batendo enlouquecido de medo.

— Então... é você. — a voz dela soava trêmula ao mesmo tempo em que parecia forçada. — Pensei... pensei que fosse o outro a me levar.

O vampiro se perguntou o que diabos aquela garota falava quando sentiu o cheiro. O aroma apodrecido o atingiu com força, o fazendo franzir o nariz enquanto seu aperto na cintura da morena aumentava. Ela estremeceu, novamente.
Ele procurou Felix pela sala iluminada de luzes coloridas, o encontrando quando o mesmo atravessava a multidão de vampiros que saiam do caminho quando ele passava. Ser um Volturi tinha seus benefícios, mas naquele momento, chamar atenção não era uma coisa inteligente a se fazer. Demetri quis que o vampiro grandalhão tivesse o bom senso. O que se provou errado.

— Mas eu irei te levar sim, bambola. Porém, tenho medo de não ser a pessoa que você esperava.

Gwendolyn finalmente se mexeu em seus braços, virando rapidamente para ficar cara à cara com ele. Por fim, ele pode enxergar seus olhos, e não se surpreendeu ao perceber que o medo transbordava ali. Mas havia algo a mais... uma centelha de ferocidade que ela se esforçava para demonstrar, como um animal selvagem pronto para o abate mas que nunca se dava por vencido.

Dawn of the Living Dead ━ TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora