8. O ataque

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Vampiros eram cruéis.
Isso era algo que Gwendolyn aprendera — primeiro com os filmes que havia assistido e mais tarde sentira na pele. — depois de tudo. Então, quando ela despertou após a sessão de tortura, e isso pareceu mudar, a Davis começou a se preocupar.

Deveria ter um motivo por trás da aspirina que ela havia recebido de um Félix divertido com sua dor. A certeza só aumentou quando ela fora guiada pelo vampiro ao banheiro do apartamento, com algumas roupas e toalha.

Que porra era aquela?

Após entrar no banheiro, — fechando a porta para se previnir, mesmo que soubesse que não adiantaria nada contra os sanguessugas. — se despir e desmoronar na luxuosa banheira, o sofrimento pareceu despencar sobre a garota, a fazendo se encolher envolta da água.

A tortura feita por Jane a destruiu um pouco mais do que pensara, porém, havia sido bom. Masoquista ou não, Gwendolyn encarou aquele episódio como libertador. Ela pôde gritar — de dor, de raiva, de medo. — o quanto quis, ela se sentiu como antes: uma humana frágil, não uma pessoa morta, insensível.

Deveria ser verdade o que diziam. Existia sim, prazer na dor. Mas no caso dela, também havia libertação e uma forma de lhe fortalecer.

Naqueles minutos que passara na banheira, a garota se perguntou quantas vezes teria que se desmontar e se reconstruir. Porque era o que fizera durante sua vida inteira. Foi o que fez quando perdera a mãe e agora era o que fazia após a morte.

E quem diria que a vida após a morte seria o próprio inferno na terra?

Quando as lágrimas silenciosas se misturaram a água e seu corpo estava limpo, Gwen reuniu sua coragem e se levantou, buscando a toalha.
O algodão macio era uma carícia contra sua pele, lhe transmitindo uma sensação de conforto. Por isso, ela se secou o mais rápido possível, se enfiando dentro das novas roupas.
Davis não poderia se dar este luxo. Não quando ela não o tinha e principalmente, não quando era oferecido pelos Volturi.

Por um segundo, tentou imaginar como eles haviam conseguido a calça jeans que — um número maior que o dela — usava, junto com a blusa simples, ambos acompanhados por um sapato fora de moda. Chutou que Jane tivesse os comprado e de propósito quisesse a fazer parecer alguém desmerecedor de uma segunda olhada. Gwen já a odiava.

Seus cabelos estavam molhados, mas não perdeu tempo com eles. Os secando o melhor que pôde, ela os deixou soltos, respirando fundo para depois adentrar o outro cômodo.

Só então se deu conta do que não percebera: o rastreador, como Jane o chamara, perto da poltrona em que estava antes. E o mais suspeito era a bandeja em suas mãos.

A barriga da garota roncou.

— Pensei que você estaria com fome depois dos acontecimentos.

Demetri teve a ousadia de sorrir, estendendo a bandeja para ela.
Gwendolyn soube naquele momento que não gostava dele sorrindo. Não quando o fazia ficar mais bonito ainda, e não quando ele estava zombando de si.
A Davis decidiu arriscar, sentindo que havia perdido a luta contra seu lado impulsivo:

— Claro. Até porque tudo se resolve com comida. — com a expressão fechada, a garota caminhou até ele, aceitando a bandeja. — É assim que vocês vêem os humanos?

O rastreador ergueu uma sobrancelha, observando-a assumir o assento na poltrona. Ele continuou em pé, os olhos fixos nela.

— Não. A maioria de nós os enxerga como nosso alimento, o que não deixa de ser verdade. — O sorriso irônico se formou lentamente. — Pensei que após sua conversa com Jane, você aprenderia a segurar sua língua.

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