-Mãe! Mãe? Mãe!—Sofia gritava correndo pelos cômodos da casa, com seus olhos agitados procurando a figura materna.-O q...Ei! Sofia!—Laura, sua irmã um ano mais velha, quase trombou com ela ao passarem pelo corredor estreito que levava à cozinha e a olhou curiosa.—O que você tem?
A menina lhe deu um olhar radiante, acompanhado por um sorriso e respondeu simplesmente:
-Viktor.
Laura franziu o cenho para como ela disse aquilo, quase como se fosse um fenômeno ou um código para outra coisa, mas logo depois pareceu entender, soltando um “ah” educadamente desinteressado.
-Quer dizer que ele voltou de novo da Rússia.—A irmã mais velha presume sem emoção, já acostumada com a amizade dos dois, indo em direção ao seu quarto.
-Arram. Cadê a mamãe?—Sofia pergunta ainda a procurando com os olhos.
-Acho que está lavando roupa.—Laura responde dando de ombros, fechando a porta.
Sofia correu para fora da casa até a lavanderia que eles dividiam com os Zhakarov; seus pais e os empregados da família tinham uma boa relação e, como o avô de Viktor gostava deles, confiava que ambas as famílias pudessem usar a mesma lavanderia pacificamente. Mas ainda assim, sua mãe vivia dizendo para nunca ir lá, pois se algo sumisse ou fosse estragado a culpa seria jogada neles. Não que Sofia se preocupasse com isso.
Chegando na pequena casinha de tijolos, ela avistou Eva, a faxineira que cuidava desse serviço para os Zhakarov, passando com uma leva de roupas limpas e lhe reconhecendo, dando um aceno sorridente.
-Hum, vejo que já soube das novas.—Eva comenta parando para conversar com ela. A mulher sorriu de maneira cúmplice, piscando.—Eu acho que vai se surpreender com o jovem príncipe.
Sofia a fitou um pouco confusa, mas ainda entusiasmada.
-Fiquei sabendo só que Viktor voltou, mas não sei desde quando. Eu não vi o motorista dele hoje.—Sofia comenta colocando as mãos na cintura, pensativa. Ela não quis comentar a parte do “príncipe”, ela sempre ouvira Viktor reclamar desse apelido “muito embaraçoso”.
Eva riu de sua pose.
-Viktor chegou de madrugada, mas ele foi direto dormir, teve um voo muito cansativo. Eu mesma falei com ele.—Ela admite, orgulhosa. Eva não era uma mulher nem muito nova, nem muito velha; assim, ela podia tanto ser fútil quanto sábia. E ela era as duas coisas numa nuance muito equilibrada e Sofia adorava isso.
A menina tentou não parecer ciumenta, e se esforçou para botar uma expressão tranquila no rosto.
-Falou, é? E?—Sofia questiona com desdém pouco contido.
Eva sorri novamente, achando graça de seu disfarce ruim. Ela balançou a cabeça.
-Ele estava muito cansado, não falou muito, mas mesmo assim ainda falou bastante. Sabe como é o Viktor, cheio de energia. Ele mencionou você duas vezes.—Ela conta secretamente, sussurrando para a provocar.
Sofia faz uma careta de impaciência, agora deixando de lado a tentativa falha de parecer não ligar muito.
-Ah, diz logo, Eva!
A mulher ri discretamente, colocando a mão em frente à boca. Ela sempre tivera essa mania, pois não gostava de seus dentes salientes.
-Eu comentei que você ainda fazia as aulas de piano por ele, ao que ele respondeu: “Mesmo? Eu tenho que a escutar um dia desses, então”. Fofo, não? E você pode ir treinando mais também.—Eva comenta fazendo um sinal de advertência à ela, balançando o indicador.
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Enquanto o Gelo Derretia
Teen Fiction"Onde amamos, é o nosso lar: lar que nossos pés podem deixar, mas não nossos corações." - Oliver Wendell Holmes. Sofia Blanche sempre morou à sombra da Casa Grande: a mansão da família Zhakarov, uma família russa dona de uma rede de hotéis e casas q...