Halcyon Days

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-Viktor, eu não tenho a tarde toda.—Seu pai lhe sussurra enquanto esperavam por Sofia nos degraus da entrada.

Deviam ter se passado dez minutos desde que seu pai e ele estavam ali, enquanto o motorista dentro do carro também checava seu relógio de pulso a cada minuto. Seu pai não estava acostumado a esperar pelos outros; passava as mãos pelos cabelos grisalhos e pela boca nervosamente, deixando Viktor desconfortável.

-Pai, ela é uma menina. E também não fazia ideia de que íamos a chamar para sair, do contrário já estaria aqui. Espere mais um pouco, por favor.—Viktor responde o fitando com as sobrancelhas franzidas.

Ivan o observa, vendo que o filho estava com razão, molhando os lábios e assentindo. Ele deveria ter ido para um jantar junto à sua esposa essa noite, mas preferira agradar Viktor uma vez para variar. Ainda mais porque não podia se dar ao luxo de desistir de duas coisas no mesmo dia.

-Cinco minutos, Viktor.

O menino suspira e olha ao redor, esperando encontrar a ponta da cabeça de Sofia ou qualquer coisa pequenina que se movesse naquele jardim extenso que escurecia mais a cada minuto.

-Ela está vindo!—Viktor exclama de súbito com um sorriso, assustando seu pai e também o motorista, que se recuperou xingando baixinho e ligando o carro.

Sofia subia o caminho de pedras o mais rápido que podia, controlando um sorriso envergonhado. Viktor, apesar da advertência do pai, correu em sua direção, feliz da vida.

-Ah! Até que enfim! Meu pai não aguentava mais esperar, estava cansado de dar desculpas a ele.—Viktor desabafa suspirando.

Sofia ri, pegando em seu braço com delicadeza e levantando as sobrancelhas.

-Eu não estou atrasada, vocês é que estão adiantados.—Ela afirma com confiança. 

O menino riu de sua fala, como sempre achando-a criativa nas respostas. Também adorava isso nela.

Viktor parou um momento para a admirar bem; não fora à toa que a amiga demorara tanto para se arrumar. Ela vestia um vestido na altura dos joelhos, roxo e com flores brancas e rosas, um corte pequeno nas costas e sapatilhas combinando. Também enrolara o cabelo, fazendo-o cair em mechas castanhas ao redor do rosto corado. Viktor achou-a linda.

-Sofia, está muito bonita.—Ele sussurra a fitando profundamente.

A amiga cora ainda mais, apertando os lábios e desviando o olhar.

-Obrigada. Vamos?

Viktor assentiu e pegou em sua mão, a levando corajosamente até o carro, a deixando ir primeiro num gesto educado.

Seu pai se sentara na frente e, assim que Viktor se acomodou ao lado dela, Ivan “inspecionou” sua amiga.

-Viktor, ela sabe russo?—Ele pergunta brevemente, ao que o filho respondeu que não.—Então diga à ela que mudamos de destino.

Viktor imediatamente sentiu seu coração levar uma pancada de decepção. Estava prestes a protestar quando seu pai o interrompeu, o fitando pelo retrovisor:

-Eu achei um lugar que vocês vão gostar muito mais.

...

Quando Viktor se deita no final daquela noite, exausto e estupidamente feliz, com a face corada e doendo de tanto sorrir—talvez até com alguns arranhões e roxos pelo corpo devido aos tombos com Sofia—, ele não podia pensar em qualquer coisa. Ele estava feliz. O mais feliz que já estivera antes, ou que pudesse se recordar de estar. Não queria se preocupar ou raciocinar, pois aquele sentimento abrasante enchia seu peito e não deixava espaço para qualquer dúvida ou preocupação que ele pudesse ter aos montes antes.

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