505- parte 1

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Conforme o plano segui até a esquina a pé, também nervosa pois não queria ser notada por algum aluno da escola muito menos por algum ladrão já que naquele momento estava empunhando o celular ligando pra o meu pai para avisá-lo de minha saída à "casa de Camila".

-Tudo bem garota, cuidado ao voltar
--Foi o que ele disse-- Amo você filha...

-Tá bom pai também te amo.

Eu desliguei o celular e continuei a caminhada até o carro de Miguel, um passo após o outro trêmula e ansiosa pelo que se seguia...

Eu andaria apenas mais uns quinze metros até o carro dele...

Eu andei um pouco mais rápido pra chegar logo perto do Miguel, chegando lá eu ouvi aquela música...

No carro tocava uma versão romântica de baby one more time, antiga, e na voz de tankian, Serj tankian. 

Fiquei apreensiva por finalmente conseguir estar com ele, dei a volta por trás do carro e ao chegar a porta do passageiro ele a abriu para mim.

-Melanie, olá...

-Oi... --Eu respondi ainda apreensiva-- demorei?

Disse ao prender o cabelo.

-Não garota...

Ele ligou o carro e começamos a andar, eu nem pude crer que estava indo para a casa dele... Não porque eu estava feliz, não que eu não estivesse, mas estava mais com medo que com alegria, e também um misto de curiosidade dentre esses.

-Trouxe alguma coisa?

-Como assim?

Meu nervosismo era evidente.

-Bom, se você vai passar a noite lá suponho que tenha trazido algo.

-Ah sim, trouxe um par de roupas.

-Bom... --Ele sorriu.

Continuamos a caminho por uma estrada movimentada perto do centro, ele não morava em uma casa e sim em um apartamento, 505 pra ser mais exata.

No carro nós conversávamos e escutávamos músicas alegres e divertidas enquanto riamos e brincávamos...

No meio de algumas das histórias (essas não tão engraçadas, mas com uma certa dose de humor) ele punha Dalirah...

Eu não me incomodava, mas ficava pensativa quanto a ser uma substituta de sua esposa morta.

-Chegamos mel...

O apartamento era legal, aparentemente caro. Ficava perto de um shopping e de um posto de abastecimento, além de um hospital que tinha convênio com o Atlantis Residence, o apartamento onde Miguel morava.

Entramos e estacionamos próximo a um dos últimos condomínios dali, Miguel morava no 10° andar, tínhamos uma incrível vista para a praia dali.

-Aqui é lindo.
-É sim, foi ela quem escolheu tudo.
-O apartamento era dela?
-Era sim. Mas ela passou pra o meu nome antes de morrer...
-Ah... Sinto muito novamente.
-Tudo bem...

À luz da lua, ele pousou o cotovelo sobre a  grade da sacada, enquanto eu, segurava a grade com as duas mãos pendendo meu corpo para trás.

-Te chamei também para falarmos dela...

-Diga.

-Bom Melanie, sou um homem adulto, você agora pode se dizer que também é. Sabe, não gosto de enrolações espero que você também não.

-À que se refere? --Estava com medo que fosse a sexo.-- Explicite.

-Bom, podemos tentar ter alguma coisa não?

-Não sei...

-Por que não?

-Bom você tem 10 anos a mais que eu. Não sei se meus pais e a escola aceitariam isso numa boa.

-Mel, isso é o de menos...

Lentamente ele se aproximou de mim. E começou a acariciar meu pescoço, algo que diga-se de passagem, ele já havia percebido que eu adorava.

-Se nós quisermos tentar ter alguma coisa os únicos que podem impedir isso de dar certo somos nós.--Ele disse.

-Pode ser. Mas... Sabe, eu ainda me considero muito criança. Você já tem até uma ex mulher. Eu não tenho nem um ex namorado.

-Você, é virgem não é?

-Sim, sou. Espero que isso não seja um problema para você...

-Não garota. --Ele me abraçou-- Quando for hora, você vai fazer o que há para fazer...

Ficamos em silêncio por uns instantes olhando para a lua que estava muito bonita em contraste com a praia naquela noite.

Coisa que só não era mais bonita que aqueles olhos negros, que combinavam com sua alma... Que era triste e que claramente precisava de afeto... Mas que tipo de afeto? Meu medo era que o afeto que ele precisasse fosse de um âmbito sexual, coisa que eu não poderia oferecer, mas sim eu queria estar com ele, e tentar deixá-lo mais contente, não um contentamento falso como o que víamos no colégio, mas que aquele belo homem voltasse a ser bonito também por dentro, mesmo eu sendo apenas uma substituta queria ser a substituta perfeita pra ele.

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