Reencontros

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Agora seria a hora de enfrentar novamente minha "ferinha" em forma de mãe.

Mas, espere! Quem vem lá?

Reencontros.


Avistei ao longe dois menininhos loiros vindo devagar. Eram meu irmão José e... e... não podia ser! Eu estava ali em carne e osso, com meus pensamentos bobos. Não poderia estar vindo da escola junto com meu irmão mais velho.

Os dois já estavam passando ao meu lado, quase me atropelando sem me dar atenção. Sem ao menos perceberem que eu era... igualzinho a eles.

Puxei o menino menor pelo braço direito, ao qual ele protestou:

— Ei! O que tá fazendo?

Olhei bem para a cara dele, que tornou a protestar, enquanto o outro menino continuou caminhando:

— Nunca me viu!

Eu já! Todos os minutos e segundos do dia. Será que o idiota... quer dizer... retiro o idiota para não ofender a mim mesmo. Mas será que o pivetinho não reconhece sua própria fisionomia? Será que não tem espelho em casa?

— O que você quer comigo? — insistiu ele. — Eu nem te conheço!

— Será que não mesmo! — protestei irônico.

— Nunca vi você por aqui!

— Será que não!? Eu durmo com você! Eu tomo banho com você! Eu até choro com você!

— Eh! — estranhou o fulaninho. — Sou homem meu! Não sou de chorar como criancinha besta!

— Eu sei o homem que você é! Mas deixa pra lá! Olha bem na minha cara! O que você vê?

Ele olhou firme para meu rosto, franziu a cara e alegou:

— Um moleque branquelo!

— Branquelo sua mãe! — xinguei o safado. — Você nunca se vê no espelho!

Acho que ele (ou era eu) era o menino mais desligado desse mundo materialista.

— Reconhece estas roupas? — perguntei-lhe, dando chance do "burrinho" compreender.

— Sei lá! Parecem minhas roupas! O que faz com elas?

— Prazer! Regis Aparecido do Anjos, às suas ordens!

— Regis sou eu! Por que você tem o meu nome?

Que "eu" mais desligado, meu!

— Acorda, carinha! Eu sou você! Você é eu! Somos um só! A mesma pessoinha que mamãe está esperando pra levar uma surra!

— O quê!?

Acho que ele acordou para a vida. Depois de todas estas dicas ele me olhou espantado, como a imaginar que estava dormindo e tendo o sonho mais encantado (ou atrapalhado) de sua curta existência.

— É isso o que você ouviu! — ri irônico. — Você não está sonhando e nem ficando louco. Eu sou você e vim para repartirmos nossa mãe, pai e irmãozinhos queridos.

— Meus irmãozinhos não são queridos! — protestou o desligadinho do planeta Terra.

— E eu! Sou querido ou não?

Ele pensou um pouco e duvidou:

— Não sei! Acho que não!

— Querendo ou não, eu estou aqui e vou dormir em sua cama!

Através das Barreiras do tempoWhere stories live. Discover now