— Ada o quê? Menino? — ironizou o homem.
— Adapte! Aprendi com papai!
— Você não tem nove anos!
— Vou fazer dez!
Maravilhas que o homem destruirá.
Sentei sendo acompanhado por Regis sobre a ponte pênsil, deixando os pés balançando sobre o espaço abaixo dela. Titio resolveu:
— Vou esperar por vocês lá na lanchonete. Acho que não terá perigo de caírem dentro de nenhuma cachoeira. Não é?
— Pode ficar tranquilo, tio — concordou Regis. — A gente não vai pular lá dentro.
— Se um de vocês caírem aí dentro a vó de vocês me mata.
— Não vamos nos suicidar, tio — neguei. — A vida é muito bela pra esse desperdício.
— Vocês sabem por que a sua avó tem tanto medo? — questionou-nos o homem.
— É que o tio Anselmo caiu nas pedras e morreu no hospital — afirmou Regis.
— Isso! Ele trabalhava na pedreira e teve um grave acidente. Caiu de mais de dez metros de altura. Isso agravou a doença da mãe. Foi a partir daí que ela acabou de ficar cega.
— Nós nem conhecemos o tio Anselmo — alegou Regis.
— Faz nove anos que ele morreu. Vocês teriam acabado de nascer.
— A empresa que ele trabalhava indenizou nossos avós? – questionei curioso.
— Você disse que tem quase dez anos? – riu titio Osvaldo, depois virou-se e sem responder o que lhe perguntará seguiu para a lanchonete. Com certeza iria beber uma cachacinha.
Nós dois levantamos, seguindo para o final daquela ponte, atravessamos pelas pedras margeando a longa queda de água e em seguida tomando outra ponte pênsil, continuando contemplando aquela maravilha que reluziam em nossos olhos, com o reflexo do sol sobre as águas que pareciam milhões de litros de espumas brancas, que despencavam por mais de vinte metros de altura, contracenando com o prateado da água mais calma, metros distante de sua queda.
Tornamos a nos sentar próximo a aquele precipício, sentindo a brisa suave que as pedras jogavam para o alto, nos deixando, sem que percebêssemos de início, até molhados aos poucos. Mas não importava.
— Você nunca esteve aqui. Não é, Regis?
— Que eu me lembre, não!
— Você só viria por aqui aos quinze anos de idade. Acho que aos poucos estou mesmo alterando seu destino.
— E daí? — deu de ombros ele. — O que pode acontecer?
— Não sei! Acho que nada! É só você não morrer aqui nas pedras que não tem problemas nenhum!
— Se eu morrer aqui, a mãe mata você também!
— Nem precisa! — ri, embora achando engraçado. — Se você morrer aqui, eu deixarei de existir na mesma hora.
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Através das Barreiras do tempo
AdventureA partir de um encontro inusitado com antigo amigo de sua infância, o senhor Regis começará a viver a maior aventura de sua vida. Um ancião ao qual ele jamais pensaria que reencontraria ainda neste mundo lhe concederá um passaporte para a mais espl...