Capítulo 3 - Dia dos Namorados.

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Na manhã seguinte, Renan estava na varanda ao telefone, conversando com seus pais.
Ele caminhava de um lado para o outro e pelo o seu semblante, eu sabia que algo estava errado.

Eu estava fazendo o nosso almoço, pois mais tarde, tinha a gravação de mais um Scene Session, antes da viagem.

Lavei minhas mãos e fui até a porta da varanda e cruzei os braços preocupado, olhando para Renan, que se sentou na cadeira que havia ali e passou a mão pelo rosto.

- Tudo bem, mãe. Vai dar tudo certo. Vou ver o que posso fazer daqui, mas se acalma. Não chora. Vou tentar ir o mais rápido possível. Também te amo. Tchau.

Renan desligou o celular e continuou de cabeça baixa, enquanto eu dei alguns passos em sua direção e coloquei a mão em seu ombro.

- Tá tudo bem, com sua mãe? - Perguntei.

Renan respirou fundo e desviou os olhos para mim.
Seus olhos estavam marejados e um choro estava preso em sua garganta.

- Tá sim ... com ela está! - Ele disse, puxando ar.

Sentei na cadeira em sua frente e segurei suas mãos, uma lágrima escorreu por seus olhos e eu logo a limpei com as pontas do meus dedos.

- O que aconteceu?
- Meu pai.
- O que aconteceu com ele?

Renan novamente desviou os olhos para o horizonte, os olhos marejados e castanhos eram iluminado pela luz do sol que adentrava a varanda.

Ele respirou fundo algumas vezes e apoiou o queixo na palma de sua mão e fechou os olhos, fazendo com que uma lágrima escorresse novamente por seu rosto.

- Renan, me fala ... o que está acontecendo?
- O diagnóstico foi confirmado.
- Então quer dizer que ...
- Sim ... Cal, meu pai está mesmo com o tumor no cérebro.
- Calma ... que descobriram isso no início, então a chance de cura é grande.
- Não está tão no início.
- Como assim?

Renan tomou ar novamente e se virou pra mim.

- Achamos que era o começo, do mesmo jeito que achamos que ele não tinha nada. Mas, o tumor está começando avançar muito rápido, rápido demais de acordo com os médicos.
- Eu entendo, então vamos pra São Paulo, ficamos com eles.
- Você não vai, Cal.
- Por que não?
- Você tem a gravação do álbum de vocês e finalmente isso está acontecendo com você e eu não quero atrapalhar.
- Para de ser doido, claro que não atrapalha, sua família também é a minha família.
- Tá tudo bem, Cal. Vá pra Los Angeles, grave o álbum, faça o que tem pra fazer. Vai ficar tudo bem aqui. Eu vou te avisando ... mas sério, tudo vai ficar bem.
- Eu explico pro Marcos, Renan. Ele vai entender.
- Cal, eu já disse ... vá pra Los Angeles, eu prometo que quando tudo estiver melhor aqui, eu vou pra lá e te encontro lá. Pode ser assim?
- Poder não pode ...
- Não pode, mas vai ser. Só preciso organizar minha cabeça um pouco, não imaginei que meu pai passaria por isso.
- Tudo bem, Renan. Eu te entendo.
- Eu posso ficar sozinho um pouco?
- Claro, mas lembre-se eu vou estar aqui. Qualquer coisa pode me chamar.

Renan apenas me olhou e moveu a cabeça em forma de sim, enquanto fechava os olhos e espremia os lábios com um sorriso forçado.

Eu levantei e passei a mão por seu cabelo, dando logo um beijo no topo de sua cabeça e segui em direção à cozinha novamente.

No dia seguinte, ele estava na sala terminamos de arrumar sua mala.
Renan estava usando um casaco e um boné vermelho virado para trás.

Eu fui até ele de samba canção e entreguei uma bolsinha onde estava seu barbeador e a escova de dentes.

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