Capítulo 7 - Cal e Callan.

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Depois de chegar da reunião daquela noite, eu me joguei na cama exausto.
Fechei os olhos e estalei o pescoço, enquanto erguia as mãos me espreguiçando.
Olhei para os lados, pensando em tudo que estava acontecendo e sobre minha relação com o Renan.
Meu coração doía, queria poder tirar isso do meu peito e da minha cabeça.
Coloquei um uísque no copo e fui em direção a janela, olhando a lua cheia que brilhava intensamente no céu.
Dei um gole e respirei fundo, logo fechando a cortina da janela e colocando o copo em uma mesinha e olhando para a cama arrumada e vazia.

Bocejei e o sono começava a bater, junto com ele a culpa.

Minha mala estava toda aberta e jogada logo a baixo da TV presa a parede.

A única luz que estava no quarto era um abajur do lado esquerdo da cama.

O relógio de canto da parede marcava meia noite. Eu deitei e me encolhi na cama, retirando meu tênis. Peguei o cobertor e me cobri com roupa e tudo, prendendo a ponta do cobertor contra o meu peito.

Meus olhos foram pesando aos poucos, até que por fim eu acabasse em um sono profundo.

Minha respiração se tornou profunda e como um grande flash branco minha mente se desligou, enquanto meu corpo se aconchegava por inteiro na cama com uma lágrima que saiu de meus olhos fechados.

Eu escutava passos em um teatro escuro, mas não me dei conta que os passos eram meus.

Estava tudo escuro, até que um refletor foi ligado em cima de mim. Levei o braço até o resto para me proteger da forte luz.

Com bastante dificuldade consegui ver a minha frente, sabia que pessoas estavam ali sentadas em silêncio.

Ao olhar pra baixo me vi completamente pelado, me assustei e levei a mão cobrindo minhas partes íntimas.
Olhei de um lado para o outro assustado na esperança de fugir dali.
Mas não havia saída.
De todos os lados haviam grandes paredes de tijolos que pareciam se mover em minha direção.

Senti um par de mãos em minhas costas, me empurrar. O que me fez cair direto ao chão.
Tentei me levantar, mas as mesmas mãos me abaixava pelo os ombros de volta ao chão.

Eu me vi ali, deitado naquele chão frio de madeira, com apenas um refletor me iluminando e varias pessoas me encarando de suas cadeiras.

Ao olhar pra cima, vi água vindo em minha direção como uma cachoeira.
Fechei novamente os olhos e senti aquela água fria tocar a minha pele como agulhas.

Coloquei a mão sob o chão de madeira molhada para tomar impulso para me levantar e quando abri meus olhos lentamente me vi no beco de Nova York.
O mesmo beco que Olga, minha mãe adotiva me resgatou, quando minha família biológica me expulsou de casa.

Agora eu trajava roupas, roupas sociais justas e com um suspensório passando por meus ombros.

No canto próximo a grande caçamba de lixo me vi, ainda muito jovem. Eu lembrava daquele dia, meia hora antes naquele mesmo dia, meus pais tinham descobertos que eu era Gay e haviam me expulsado de casa.

Eu me olhava de longe e eu parecia muito assustado e confuso. Olhava de um lado para o outro como se estivesse procurando algo. Mas, logo parei e me se sentei na calçada, encolhendo as pernas e fechando os olhos.

Somos Um // Mais Um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora