Cap 1

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Clarys

É triste saber que não era pra eu ter vindo ao mundo, mas o que sempre me confortou foi a família que ganhei em recompensa, daquela que não me quis. Fui maltratada por longos dois anos da minha vida após a morte da minha avó, apanhava sem saber o porquê, e escutava coisas do qual machucaria qualquer ser humano. Eles não me queriam, não me amavam, e eu só sobrevivi porque minha avó, e alguém além de nós permitiu, porque como dizia a minha suposta "mãe" era pra eu estar morta, eu fui um erro. Mas ao contrário do que ela pensava, eu estava como me permitiram estar....Viva...está era a minha missão, sobreviver ao caos e provar que há esperança.

Moro na cidade de Los Angeles. Me mudei para cá há 3 anos, quando conclui minha faculdade de Medicina, mas nunca me esqueci da rica família " Smith ." Rica em todos os sentidos, acho que nunca serei tão amada em toda minha vida do que todos os anos que passei ao lado deles, Mamãe e Papai são para mim o exemplo de cumplicidade que quero seguir, e Isa sempre foi mais do que eu esperava de uma irmã. Flashbacks de minha infância vagam por minha memória e agradeço por não conseguir ver nitidamente um passado assombrado. Hoje é meu aniversário, e Mamãe já me ligou logo pela manhã para me parabenizar, e se lamentar por não poderem vir esse ano, mas como sempre não esqueceu de me mandar uma " lembrança " como ela diz, ela sempre exagera. Papai trabalha muito, mas esse ano a produção de suas empresas estão tomando muito de seu tempo para sair de Chicago, ele sempre foi muito empenhado em suas empresas.

A campainha toca e vou caminhando até a porta para atender.

- Bom dia - um senhor me comprimenta ao abrir a porta

- Bom dia - respondo com um sorriso no rosto, ele trazia consigo uma enorme caixa, então me lembrei da pequena lembrança que mamãe mencionou mais cedo.

- Clarys Smith ? - ele me pergunta retribuindo o sorriso.

- Sim, aonde eu assino ? - ele me indica apontando o dedo indicador, para uma linha ao final da embalagem, assino e ele me entrega a caixa e vai embora.

Sentada no sofá da sala do meu aconchegante apartamento que Mamãe e Papai fizeram questão de comprar e decorar com luxuosos móveis, mesmo eu dizendo que não precisaria de um lugar tão grande. Eu começo abrir o grande embrulho e me deparo com um lindo quadro de Anjo. Mamãe sempre foi muito religiosa, e sabe que sempre tive paixão por quadros, então ela sempre dá um jeito de misturar os dois rsrs.

- Mamãe ?! - atendo meu celular que não para de tocar

- Então ? Gostou ? - ela me pergunta no maior entusiasmo

- Está brincando ? Eu amei, ele é lindo Mãe..mas sabe que não precisava né...- ela me interrompe

- Mais é claro que precisava minha filha, você esta completando mais um ano de vida, isso é sempre um motivo para presentes e comemorações, sabe que jamais deixaremos essa data em branco, e comemoremos duas vezes pois foi quando você entrou em nossas vidas meu amor... Nós te amamos muito minha filha.

- Oh Mãe..não chora também amo muito vocês

- Até logo minha filha, Papai e Isa vão te ligar mais tarde

- Tudo bem.. até logo Mãe..

- Que os anjos lhe protejam

- Amém Mãe - digo desligando meu celular e encarando uma foto nossa em minha estante.
Sinto um calafrio tomar conta do meu corpo, e quando percebo já estou em prantos, está sempre fora uma data difícil para mim, não dá pra esquecer de onde vim mas eu tento seguir em frente. Tenho um pequeno vislumbre de alguém me observando e acariciando os meus cabelos, qualquer um no meu lugar já teria corrido, mas eu já me acostumei, isso acontece toda vez que choro desde quando eu ainda era pequenina, no começo eu me assustava muito, mas agora é quase que rotineiro essa presença estranha mas agradável, não sei o porquê desse sentimento mais quando o vislumbro me sinto tão segura. Todas as vezes que meus supostos "País biológicos" me agrediam, eu sentia sua presença. Quando fui morar com Stela e Robert que são meus pais de criação, contava tudo a eles, tudo o que passei naqueles anos de sofrimento, Stela sempre me dizia que cada ser humano tem um Anjo da guarda, mas que eu era especial por conseguir sentir a presença deles e vislumbra-los, ela me dizia que sou uma Receptiva. Depois de alguns anos o pequeno borrão e o calafrio se tornaram mais frequentes, até hoje, quando eu o vi, límpido como as águas do mar. Eu ainda estava ali, sentada no mesmo lugar observando o quadro que mamãe me dera de presente, quando o vi cessar o cafuné nos meus cabelos, reparei que ele observava minuciosamente cada traço do meu rosto, afastando uma mecha dos meus olhos eu o encarei, me permitindo mergulhar naqueles olhos intensos, e então ele simplesmente desapareceu.

Confesso que fiquei muito confusa quando aquele contato visual foi quebrado, não consigo compreender o porquê do espanto já que ele me observava desde pequena, a diferença é que agora consigo vê-lo nitidamente. - Será que estou ficando louca ? - pergunto pra mim mesma. Não cada traço de seu rosto perfeito e angelical está gravado em minha memória agora... - respondo mentalmente e rapidamente desisto deste conflito entre ser ou não ser. Apenas paro para apreciar sua imagem fotografada em minha mente. A começar pela imensidão de seus olhos castanhos escuros, aqueles olhos mecheram comigo, seu olhar era profundo e intenso, pude sentir o que a sua boca não disse, e que boca hem...fico imaginando como deve ser o seu sorriso. Sou trazida dos meus devaneios pelo barulho do meu estômago roncando e percebo que já passam da 11:00hrs da manhã, decido me recompor e fazer um café para começar o dia bem. Tomo meu café da manhã tranquilamente, retiro a mesa do café e então decido tomar um banho para relaxar já que hoje é minha folga.

Anjo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora