SKAM

Temporada ilegal / Você não poderia apenas dizer isso?

Segunda-feira, 10h00min

Acordei hoje de manhã depois do pior final de semana de todo a minha vida, que foi resumido a ficar em casa, trancado no meu quarto isolado. Troye não troca mais de que duas palavras comigo "bom dia" e "boa noite". Não tive coragem o suficiente para mandar nenhum tipo de mensagem para os meus amigos, não depois do que fiz na sexta-feira. Enquanto ao Harry, não o vejo nem tenho noticias dele desde que o vi beijando Taylor na festa de Eleanor.

Assim que me aproximo da entrada da escola me vejo em uma situação constrangedora ao ver de um lado Eleanor com suas amigas, e do outro, Harry com alguns garotos. Abaixo o meu olhar tentando passar despercebido, porém vejo pelo o canto do olho os dois me olhando. Eleanor me lança um olhar preocupado, como se quisesse vir até mim para perguntar se estou bem, enquanto Harry tem um olhar triste ao me encarar.

Continuo o meu caminho voltando o meu olhar para o chão, tentando chegar o mais rápido possível à porta principal da escola. Logo que entro no pátio principal da escola vou em direção ao meu armário, e ao virar o corredor me deparo com Zayn mexendo em seu armário, me deixando na minha segunda situação constrangedora.

- Oi.- Falo me aproximando devagar.
- Oi.- Zayn diz ao me ver, me deixando um pouco surpreso pelo fato dele não ter me ignorado.

- E aí? – Digo alternando o olhar entre ele e meu cadeado.

- Nada de interessante. – Ele diz ainda arrumando suas coisas.

- Liam ainda está bravo comigo? – Pergunto depois de alguns segundos o encarando em silencio.

- Ninguém está bravo, cara. – Meu amigo responde ainda sem me olhar.

- Certeza? – Pergunto com medo.

- Sim. – Ele diz finalmente me olhando e ficando uns instantes em silencio antes de completar. – Só estamos preocupados, ao entendemos qual é a sua.

- Qual é a minha?

- É!

- Você anda muito estranho.

- É, foi mal.- digo dando um suspiro. - Tem muita coisa acontecendo agora, com a família e tals. Eu não tenho dormido também, por isso estou assim, desculpe por isso.

- Ok...- Zayn diz com uma voz não muito convencida e ao mesmo tempo chateada. – Mas se quiser conversar, pode contar comigo.

Assim que Zayn sai, fico parado no corredor pensando em como eu sou um péssimo amigo por não estar compartilhando meus problemas com eles, e por deixar isso afetar minha amizade com todos eles, nenhum daqueles caras merece como tenho os tratado ultimamente.

Quarta-feira 10:05

- Tem misto quente? – Pergunto para a moça da lanchonete assim que chega minha vez de se atendido.

- Eu posso esquentar. – Ela diz simpática.

- Esquente o meu também, por favor.
Um garoto moreno diz ao meu lado lançando um sorriso para a moça e logo em seguida um pra mim, fazendo com que eu desviasse o olhar imediatamente.
- Obrigada! Tenha uma boa tarde.

- Obrigado.

A moça me entrega meu lanche assim que lhe dou o dinheiro, mas quando me viro pra sair da lanchonete dou de cara com alguém parado bloqueando minha passagem. Harry.

- Oi. – Ele diz parecendo nervoso.

- Oi. – Digo baixo.

- Sem cerveja dessa vez? – Ele diz olhando para o meu lanche e se referindo aquela vez que fui a casa dele e comemos misto quente com cerveja.

- Não me permito ficar bêbado em horário de aula. – Digo irônico arrancando uma risada dele, que logo é substituída por um silencio constrangedor entre nós dois.

- Eu...- Harry começa a falar.

-Eu preciso ir. – Digo cortando-o.

Quinta-feira 14:00

- Louis Tomlinson?

Assim que ouço meu nome ser chamado, levanto imediatamente entrando no consultório medico da escola para conversar com a doutora.
- Pode se sentar. – Ela diz revirando a mesa e se acomodando na cadeira, enquanto faço o mesmo na cadeira na frente da mesa.

-Obrigado. – Digo envergonhado.

- Com o que eu posso te ajudar? – Ela diz apoiando as mãos na mesa.

- E-eu tenho tido problemas pra dormir.- Respondo encarando minhas pernas. – Muitos problemas, tem afetado na escola.

- Que droga. – A medica diz simplesmente.

- É. – Respondo voltando a encarar minhas pernas. – Eu pensei, que você poderia me dar alguns comprimidos para dormir, mesmo que o problema de sono não seja o pior.

- Problemas pra dormir são muitos sérios. Louis há quanto tempo está tendo problemas para dormir? – Ela pergunta digitando algo em seu computador.

-  A algum tempo na verdade, piorou nas ultimas semanas, noite passada eu dormi, tipo, uma hora.

-Uhum, entendo... vamos te mandar para uma clinica psicológica. – A medica diz ainda olhando no computador.

-  O que quer dizer com isso? – Pergunto sem entender.

-Quer dizer que você irá falar com alguém que pode te ajudar com os seus pensamentos.

- Não, eu não vou fazer nada disso.

- Louis...- Ela começa virando-se pra mim novamente. – Você gosta das outras pessoas?

- Claro. Sim. – Respondo obvio.

- Ótimo. Você precisa entender que todo homem é uma linha, e a única ponte entre elas são as palavras. – Ela diz fazendo uns gestos com ás mãos. – Se não falarmos uns com os outros, ficaremos sozinhos em uma ilha de pílulas ferradas. Mas a questão é que você não pode continuar se isolando. Tudo é mais difícil sozinho. Entende? Você não tem alguém com quem conversar?