Livro IV: Sob o Olhar do Alpha

Um Caso Mal Resolvido

P. V. O. Manuel

   Não demorou muito para percebermos que as coisas estavam estranhas nesses últimos dias, um carro preto estava a vigiar todos dentro da casa e fui um dos primeiros a perceber isso, a parceria de Helena e Eduarda deixou a situação complicada para sabermos qual era o lado dela nisso tudo.

   — Eduarda realmente sabe manipular as pessoas e conseguir alianças vitais para ela — Victória diz enquanto lentamente me sento no sofá, o clima entre nós ainda era muito estranho por conta da enorme tensão que pairava sobre nós

   — É disso que tenho medo, eu e você já fomos úteis para ela no passado, mas agora podemos nos tornar um empecilho para que ela possa alcançar o que almeja — faço uma breve pausa encarando Victória solenimente — Sabe se lá o que é

   — Eu ficarei de olho em Eduarda, mas não podemos nos esquecer que os inimigos mais poderosos estão a nossa porta e não sabemos nada sobre eles

   — Nós podemos não saber, mas Tom e Jonh sabem, não só isso, eles podem fornecer uma boa aliança para nós

   — O problema maior será o preço dessa possível aliança

   Depois de dito isso o silêncio ficou intenso e tornou-se impossível pra ser cortado, ver ela daquela maneira depois de tanto tempo nao era algo fácil, um misto de variados sentimentos me faziam ficar confuso com tudo aquilo, sem saber o que queria de fato

   Sentia uma incontestável vontade de agarrar ela e jogar ela na cama, ter aquele corpo nu a me desejar intensamente, mas do mesmo modo sentia raiva de tudo que aconteceu e de como esse abismo surgiu entre nós, separando a todos lentamente, fazendo cada um seguir um rumo para direções opostas.

   Não ousamos romper esse silêncio, era melhor daquele jeito, mas ele acaba sendo interrompido com a chegada de Rogério.

   — Olá pessoal! — Victória rapidamente lança sobre ele um olhar de desejo, o que despertou em mim certo ciúme

   — Olá meu grande amigo, há tempos não tenho visto você — questiono encarando a ambos, que pareceram perceber o ciúme que senti

   — Eu vim pra cá depois de muito andar errado — diz rindo, sentando-se ao lado de Victória, cerro os punhos por conta da raiva que me subiu no momento

   — Eu preciso resolver algumas coisas com o pessoal da minha alcatéia, até mais tarde — levanto-me num impulso rápido, e saio daquela sufocante sala, antes um lugar que me trouxe muitas emoções boas agora estava sendo um clima pesado e tenso

   Ambos me encararam sem entender nada, mas decido não fazer nada relacionado a isso, estava tomado por uma confusão sentimental enorme, as coisas não estavam claras fazia muito tempo já, rever Victória já não era algo fácil para mim, mais difícil ainda ver ela e Rogério juntos, aquilo era pior, mesmo que eu já tenha superado ela a princípio, não seria fácil lidar com tudo isso assim facilmente. Trombo de frente com Helena

   — Perdoe-me Helena — digo assim que a mesma

   — O que houve Manuel? Você está estranho

   — Nada não, só estou cansado de passar por tantas coisas e pensar que a paz está longe de chegar — ela rapidamente me olha nos olhos profundamente

   — Victória é o motivo de seu stress todo — diz rindo

   — Eu não consigo ver ela com outro cara, não queira assumir, mas ainda sinto algo muito forte por ela e isso é horrível

   — Vocês dois precisam se entender, o que ela e Rogério tem não é sério — diz ofegante

   — Eu não sei — a encaro surpreso quando percebo que ela está totalmente suja — O que aconteceu? Eu aqui me preocupando só comigo mesmo — reviro os olhos de raiva ao perceber o que fiz

   — Eu e Eduarda chegamos quase agora de uma aventura maluca para encontrar André — ao dizer isso fico surpreso

   — Encontrar?

   — Sim, nós fomos procurar por ele para nos livrarmos daqueles malditos do Conselho, eles estavam no nosso pé — revira os olhos

   Ambos ficamos rindo disso tudo, de como as coisas estão desajustadas que nem pareciam que um dia estavam nos eixos, tudo isso precisava encontrar o rumo que estavam antes.

   — Eu sinto vontade de ir lá e jogar Victória na cama e transar loucamente com ela — a olho sério — Mas depois sinto raiva! Raiva de tudo que passei por causa dela e ainda desejar ela desse jeito

   — É normal Manuel, tudo que você passou e mesmo assim sentir esse desejo insaciável por ela, vocês tem uma conexão muito forte e não será fácil desfazer isso — as palavras dela me atingem com força e me fazem questionar se estava tomando a decisão certa em me afastar de Victória

   Após essa conversa fiquei por horas evitando um encontro com Victória dentro de casa, fazendo múltiplas tarefas para não me pegar no mesmo ambiente que ela, mas isso se tornou inevitável quando fui para meu quarto, ela havia notado que estava evitando um encontro com ela nessa casa que é tão pequena, mas acabou que não deu certo, pois ela veio desesperada para a sala.

   — Alguém roubou o Grimório! — grita totalmente atordoada

   — O que? Como isso é possível? — indago surpreso

   — Eu não sei o que está acontecendo, alguém roubou ele, o procurei em todos os cantos e não achei nada — sentando-se no sofá e com isso ela leva as mãos ao rosto tomado pelas lágrimas

   — Calma! Por que está tão preocupada? Podemos recuperar ele

   — Eu passei a vida inteira assegurando que esse livro não fosse parar nas mãos dos Goulart, pois ele possui um poder inegualável — diz com as mãos ainda no rosto

   — O que iremos fazer agora? — Helena surgiu também desesperada

   — A única coisa que sei é que estamos numa tremenda encrenca. . .