prólogo

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O remédio descia pela minha garganta queimando. Malditos antidepressivos!

Alguns minutos depois, eu começava a sentir o efeito do medicamento. O sangue começava a pulsar mais fortes em minhas veias e eu sentia como todas as minhas runas se ativassem e desativassem sozinhas. Eu apoiava meus braços na minha cômoda e colocava minha cabeça para baixo, para esperar aquela sensação passar.

Quando se é metade anjo e metade humano, não são todas as coisas humanas que vão te proporcionar a reação que se espera. Por exemplo, pergunte a qualquer mundano se ele sente o mesmo que eu sinto com antidepressivos e a resposta será curta, não.

- Melissa? - Eu ouvia a voz de Jace e me virava para ele. - Ah, pelo Anjo. Eu não acredito nisso!

Meu irmão gêmeo vinha em minha direção e tentava pegar os remédios da minha mão.

- Jace, para! - Eu o impedia. - Eu preciso desses remédios...

- Se você nunca parar de tomar, você nunca vai largar de ser dependente dessa droga. E eu preciso que você pare.

Ele aproveitava meu minuto de fraqueza e puxava minha mão com os remédios. Bufei e sai de perto dele. O que ele não sabia era que eu tinha um estoque daqueles medicamentos.

- Você viu como você ficou ontem. Hodge vai ter todo o direito de te deportar para a Alicante!

Revirei os olhos e o fui em direção ao meu guarda-roupa.

- Você só tá assim porque quer se mostrar pra mundana. Desde quando você muda seu jeito pra agradar alguém? - Eu falava francamente, procurando uma roupa para eu poder dormir.

Ontem à noite - mais precisamente, hoje de madrugada -, Jace, Alec e Izzy chegaram com uma menina ruiva falando que ela precisava de ajuda.

Eu não tinha participado daquela missão porque Hodge precisava de mim para mostrar o Instituto para alguns caçadores novatos. E eu, claro, não reclamei. Aliás, Pandemonium nunca foi minha praia.

- Eu não estou mudando por ninguém!

- Você fez uma runa sem saber se ela realmente era uma de nós, ela poderia ter morrido. - Eu falava do mesmo tom de voz e jogava um par de pijama na cama.

- Ela precisa da nossa ajuda, Mel.

- Porque você quer ajudar tanto essa garota?

- Por que quando nós precisamos, ninguém quis nos ajudar. - Ele me respondeu frio, como se lembrasse exatamente de tudo o que tínhamos passado antes. - Teria sido tão mais fácil, não é?

- Se fosse mais fácil, nós não seriamos metade das pessoas que nós somos hoje. - Eu ia até ele e passava a mão no seu ombro. - Jace, se essa menina precisa de ajuda, ela deve procurar a Clave, não nós.

- A Clave nunca vai ajudar no que ela realmente precisa, nós sim.

Bufei novamente e revirei meus olhos. Dei um beijo na sua bochecha e peguei meu pijama encima da cama, indo em direção ao banheiro.

- Jace, vá dormir. Amanhã a gente conversa sobre isso. - Eu batia a porta do banheiro. - Não esqueça de fechar a porta quando sair!

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