Capítulo 8

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Uma ótima leitura e um bom final de semana pra vocês. ♥


Clara


Depois daquele beijo esmagador, indecente e estúpido, eu passei a noite e o dia inteiro pensando no gosto dele. Mesmo com a mente fodida por causa das lembranças espancando meu coração, eu ainda tive forças para me entregar a um beijo tão selvagem e ao mesmo tempo doce; com ele. Nunca tinha sentido uma energia tão pulsante nas minhas veias como senti depois do beijo. Fiquei parecendo mais uma menina que nunca beijou na vida. Quando dei por mim, estava passando os dedos pelos lábios, como se, com aquele gesto, eu pudesse tocar os dele também.

Na outra noite pedi que o Caio viesse me buscar para um passeio, e foi o que ele fez. Mesmo sendo um mulherengo, desocupado, entre outras coisas, ele me trata bem e procura me mimar. Fui levada a um jantar em um iate, comendo e bebendo do bom e do melhor, tentando encerrar a noite com sexo de sempre, mas dessa vez não consegui. Caio notou e reclamou por eu estar parecendo uma boneca. Fiquei envergonhada, porque mesmo com toda a sua demonstração de carinho, eu não soube aproveitar a noite. Acabei voltando para casa e me despedindo apenas com um beijo no seu rosto.

Eu sei porque fiquei assim. Sei quem é o causador desse desastre de noite. E ele está ali, bem na minha frente, sendo seduzido por mais uma cliente. Mas uma que, provavelmente, ele vai terminar na cama. Assim como ontem, que quando cheguei o vi saindo sozinho. Não seria diferente, solteiro e bonito... sorte de quem pode ser agraciado com esse homem pelado e sussurrando palavras indecentes.

Que loucura! Que diabos eu estou fazendo?

Balanço a cabeça e me concentro nos fregueses, indo até alguns que acabaram de chegar e atendendo gentilmente bem.

Esses dias estou ficando por aqui. Meu irmão acha melhor. Como a pensão está lotada e é um lugar mais íntimo, ele teme que possa acontecer algo comigo em meio a tantos homens desconhecidos. Não tiro sua razão, afinal, uma vez ou outra já tentaram invadir meu quarto no meio da madrugada. Felizmente, meu irmão chegou a tempo de chutá-los para fora.

É algo previsível, já que não conhecemos todo mundo e que existem pessoas de má índole que tentam se aproveitar.

— Quero o melhor coquetel pós farra.

Ergo o olhar para Samanta, uma das hóspedes, que está com a cara péssima e um mau humor nítido nos olhos.

— Espera só um instante.

Ando até a cozinha e falo com Francisco, ordenando que prepare algo para Samanta. Ele obedece, voltando a atenção para as panelas.

— Agora me fala o que aconteceu. — peço, colocando um banco para que ela se sente e se sinta confortável.

Samanta está hospedada aqui tem umas semanas, e está sozinha. Falante e simpática, ela já contou que é publicitária, que já foi noiva e que levou um par de chifres. Sem nenhum pudor, ou vergonha, ela contou tudo sobre a vida dela. Queria ser assim, falar como se nada tivesse acontecido. Apesar de que, alguns como Francisco, Guilherme, Breno e Amália, saibam o que aconteceu além do meu irmão.

— Bebi horrores depois do forró que teve do outro lado. Me acabei dançando, mas acho que exagerei na bebida.

Sorrio ao notar sua pele negra e seus cabelos cacheados arrumados. Acredito que não é muito difícil alguém cair nos encantos dela.

Recomeçando ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora