Capítulo 29

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Tá chegando ao fim... mais dois capítulos e eu encerro mais uma história. Espero que venham mais em breve. ♥ 


Clara

Dias depois

Agora que tudo está voltando aos eixos, me sinto mais tranquila, inclusive para respirar. Em meio aquela bagunça toda que se formou em minha vida desde a aparição do André, sua morte, Alexandre, o prefeito e todas suas tramoias, eu estou conseguindo relaxar. Ainda não consigo acreditar que o delegado era aquilo tudo. Tudo bem, sabia que ele tinha implicância comigo, que queria nos dar uma rasteira também, mas que jamais pensei que fosse um pedófilo. Um monstro. Pelo bom Deus, ele vai pagar por tudo. Sua esposa, que até então estava escondida, reapareceu apenas para contar tudo a polícia. A mulher está bem debilitada. Não anda mais, tem cicatrizes que nem o tempo irá curar, mas parece que agora vai viver em paz, já que está sabendo que ele vai pagar pelos erros cometidos.

Já o prefeito, aquele miserável, também vai ter o que merece... mas com uma lentidão que não me surpreende, vindo do nosso país, que é expert em corrupção. O Ministério Público está investigando tudo sobre a vida dele, inclusive sobre os desvios de verba que ele andou cometendo desde quando assumiu o cargo. Por enquanto, ele está afastado da prefeitura, mas ainda recebe seu salário. O que é injusto, mas o que a gente pode fazer? Só nos resta esperar as próximas eleições. Laila está sendo processada pelo roubo dos documentos. Caetano, o advogado do Alexandre, fez questão de denunciar, mesmo que meu irmão tenha achado melhor deixar de lado. Eu não abro mão do castigo dela, não mesmo. Aquela vaca tinha o amor do Cadú, um homem maravilhoso, e simplesmente jogou tudo fora por causa da ambição desmedida.

— Como vão os preparativos?

Samanta pergunta enquanto termino de arrumar as rabanadas na travessa.

Hoje é véspera de natal. Tudo indicava que seria uma noite desastrosa e triste, mas agora poderemos comemorar sossegados. Não corremos mais o risco de perder nosso sustento. A única coisa que parte meu coração é o fato do meu irmão está péssimo. Abalado, obviamente, mal tem comido e não está trabalhando. Mesmo detestando essa situação, estou dando o espaço que ele precisa.

— A todo vapor. — Sorrio, entregando um pedaço a ela. — Só que esses daqui são para a casa de apoio. A ceia da pensão será feita pelo Francisco e os demais.

— Acho que já terei meu natal garantido todo os anos.

Ela brinca, arrastando a banqueta e sentando para me observar trabalhar.

— Então, como você e ele estão? — pergunto curiosa sobre o relacionamento que, aparentemente, tem dado certo. Quase toda noite eu vejo os dois trocando beijos salientes do lado de fora.

— Bem, eu acho. Nós dois estamos tentando nos entender da melhor maneira. No caso, fora da cama. — Ela olha para os lados conferindo se ninguém mais está escutando. — Porque na cama, meu bem...

Samanta se abana num gesto divertido revirando os olhos.

— Fico feliz por vocês. Quem sabe daqui a um ano não esteja por aqui de novo?

Ergo a sobrancelha e ela sorri animada.

É assim minha relação com todos, e eu espero que nunca mude. Amo ter todos como uma família. Aquela que mora distante e que vem nos visitar em datas especiais. Gosto de imaginar isso. Me deixa feliz e satisfeita.

Assim que termino de preparar as comidas que levarei para a confraternização da casa de apoio, eu subo para me arrumar. Sozinha, tomo meu banho relaxante e escolho um longo floral para vestir.

Recomeçando ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora