Capítulo 17

3.1K 567 71
                                    


Feliz dia do amigo pra vocês minhas parceiras de aventuras. Que me aturem por mais tempo. Haha ♥


Clara

Anos atrás


Rodei animada pelo salão do restaurante, ajudando a servir as mesas e conversando com os clientes. A música de forró tocava ao fundo, enquanto cantarolava baixinho. Estava me sentindo maravilhosa. Claro, um dos raros dias que me sentia assim. Talvez porque finalmente estava livre do André. Uma coisa estranha de se dizer, principalmente porque até um mês atrás eu ainda era louca por ele. Nossas saídas durante a madrugada, as vezes que eu dormi com ele na sua cama, os passeios de barco no final da tarde, tudo eram lembranças boas de uma época feliz, do tempo em que ele me tratava bem, que era um lorde, um amor de pessoa. Também, foram os únicos meses que eu me recordava de ter tido paz com ele. O primeiro ano de namoro foi mágico. Ele me bajulava, elogiava, cantava ao pé do meu ouvido uma música preferida, me mandava flores, cartões, chocolates. Tudo o que uma garota sonhava em um príncipe encantado. Era o que eu sonhava desde que era adolescente e imaginava quando teria a chance de conhecer meu primeiro amor.

Afinal, eu não entendia sobre nada. Era uma boba, inclusive quando comecei a namorá-lo. Acobertava suas atitudes estúpidas, via como romantismo o seu jeito abusivo de me tratar; e mesmo das vezes que ele tentava me fazer sentir um lixo, eu via aquilo como algo protetor, ciumento, para que eu não achasse uma maneira de flertar com outros rapazes, achando que seria digna deles.

Sentia raiva, pena, revolta, um misto de sentimentos ao lembrar de tudo, de cada palavra. Cada gesto, olhar, brutalidade. Demorei quase dois anos para enxergar o óbvio, o que todo mundo tentava me alertar o tempo inteiro. Graças a minha estupidez de ficar cega de amor, briguei com meu irmão, que não suportava o André. fiquei sem falar com o Breno, já que meu namorado colocou na minha cabeça que ele era obcecado por mim. Eu era facilmente manipulada o tempo inteiro. Não tinha um pingo de amor próprio e acabava aceitando suas atitudes. Era um empurrão sem querer, um tapa por minha causa por ter provocado, as roupas que eram indecentes e a liberdade que eu dava para todos os homens que atravessavam meu caminho.

Até que, há um mês, ele ficou enfurecido porque quando chegou na pensão eu estava conversando com um dos hóspedes, um rapaz americano que tinha vindo com a família. No mesmo instante ele pensou que fosse o Daniel, um turista que foi passar uma temporada na pensão há quatro anos e com quem eu acabei perdendo minha virgindade. Mas o pobre turista com quem eu estava conversando não era o Daniel, era um inocente na história toda. Então, André ficou furioso e me arrancou de lá a força. Nós dois ficamos discutindo todo o caminho até a casa dele. As pessoas na rua já nem se importava mais, já estavam acostumadas a presenciar as brigas daquele relacionamento tóxico. Eu fui arrastada pelo braço, gritando com ele, vendo a magia que eu pensava que ele tinha se esvair, mostrando o verdadeiro homem que estava na minha frente, me chamando de vagabunda, cadela, vadia. Quando chegamos à sua casa, que ficava do outro lado da praia, ele me empurrou para dentro do quarto e aí começou o show de horrores.

André estava fora de si. Pegou uma toalha molhada e veio na minha direção. Eu nunca tinha apanhado, nem do meu pai, mas aquela foi a primeira vez. Ele me acertou com fortes golpes, enquanto eu protestava, rebatia, atirava coisas nele e tentava me proteger, mas foi em vão. Eu acabei caindo na cama, ficando à mercê da sua loucura. Ele me acertou repetidas vezes com a toalha. Tantas, que chegou um momento que eu comecei a ficar dormente, aérea e me desmanchando em um choro.

André se deitou por cima de mim, atirando a toalha para longe quando percebeu meu estado. Começou a me beijar, mas eu sentia nojo. Repulsa.

— Sai de cima de mim! — gritei cheia de determinação, tentando em livrar das suas garras. Quando consegui ficar de pé, sentia meu corpo dolorido, principalmente nas costas.

Recomeçando ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora