Quando nasci, me entregaram flores azuis, vasos sem formas e arranjos meio caídos. Me puseram um nome, uma cruz, um leito.
Minha mãe dizia que nasci estrela, mas de estrela nada tinha.
Abusei do cinza, percorri o vermelho, mas do avesso queria o rosa e ninguém nunca sabia como tratar uma criança, distorcida.
Quando cresci, me entregaram revistas, colocaram amigos em meus bolsos e dinheiro nos pés.
Nos vestíamos de preto, pelo tempo perdido em luto do ser, em ser o que não éramos.
E então, meu pai dizia, que as cores não mentiam, não como palavras indiciam.
Mas enfim pernas criei, quando as árvores mais escuras estavam e só dinheiro restou. De meu pai lembrei.
Quando me julgava no escuro e me banhava no claro, meus pecados que sabia pintava nas celas, que chamava de telas.
Andávamos sobre jardins e no sob meu céu, nossas mentiras.
Me lavei no cinza, e chorei pelo vermelho, mas em meu avesso o rosa florescia.
Penso que nunca fui o preto, nunca quis o azul, pouco me faz gosto marrom, minha cor é sem igual.
No dia em que tudo se for, amor, só restará as histórias e alegrias de cores, todas as cores de minha vida.
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Todas As Cores
PoetryEu escrevo e faço-me transbordar em sentimentos. Meu livro trás minhas histórias em palavras, sem rimas, livres, para que te faça sentir o que sinto. Poesia não é apenas poesia, é o portal para quem somos, acredito. 🏅 #1 em Felicidade 14/06 🏅 #3 e...