Todas As Cores

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Quando nasci, me entregaram flores azuis, vasos sem formas e arranjos meio caídos. Me puseram um nome, uma cruz, um leito.

Minha mãe dizia que nasci estrela, mas de estrela nada tinha.

Abusei do cinza, percorri o vermelho, mas do avesso queria o rosa e ninguém nunca sabia como tratar uma criança, distorcida.

Quando cresci, me entregaram revistas, colocaram amigos em meus bolsos e dinheiro nos pés.

Nos vestíamos de preto, pelo tempo perdido em luto do ser, em ser o que não éramos.

E então, meu pai dizia, que as cores não mentiam, não como palavras indiciam.

Mas enfim pernas criei, quando as árvores mais escuras estavam e só dinheiro restou. De meu pai lembrei.

Quando me julgava no escuro e me banhava no claro, meus pecados que sabia pintava nas celas, que chamava de telas.

Andávamos sobre jardins e no sob meu céu, nossas mentiras.

Me lavei no cinza, e chorei pelo vermelho, mas em meu avesso o rosa florescia.

Penso que nunca fui o preto, nunca quis o azul, pouco me faz gosto marrom, minha cor é sem igual.

No dia em que tudo se for, amor, só restará as histórias e alegrias de cores, todas as cores de minha vida.

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