5 - Mais do que uma banda

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Às vezes, quando se passa muito tempo ao lado de uma pessoa que opta por viver a sua vida ao extremo e ao mais intenso possível, você acaba aprendendo algumas coisas mesmo que involuntariamente. E acreditem, eu mais do que ninguém sei disso!

Deixe-me apresentar alguns dos exemplos da lista: Aprender a trocar o pneu de um carro, ou conseguir achar a finalidade das protuberâncias em forma de cilindro que ficam nos carregadores de notebooks ou, até mesmo... Como conseguir uma identidade falsa com um nome esquisito como Clotilde para conseguir entrar em uma espécie de Bar/arcade retrô numa tarde monótona de uma quinta-feira.

É... eu nunca disse que aprendemos coisas muito inteligentes.

"Ei... você precisa se acalmar ok?" Edan disse com um sorriso tranquilizador enquanto segurava cada um dos meus ombros, tentando se livrar da tensão que os haviam deixado inteiramente enrijecidos.

O que, na verdade, não estava funcionando muito bem.

"Eu estou ótima!" Utilizei o máximo do meu estoque teatral para forçar um entusiasmo "Eu estou maravilhosa! Aliás... eu nunca me senti tão bem em toda a minha vida! E... Espera um pouco, aquele cara está nos encarando fixamente ou é impressão minha?"

"Scarlett, aquilo é uma árvore..."

Me virei novamente na direção da sombra misteriosa e forcei os meus olhos até conseguir ver de fato, a árvore patética balançando seus galhos ramificados por consequência da ventania do fim de tarde.

O nervosismo aparentemente tinha começado a me causar alucinações. Maravilha!

"Como você pode ter tanta certeza de que ninguém percebeu o que estamos fazendo até agora?"

"Porque..." Ele girou os meus ombros na direção da fila à nossa frente, que diminuía de forma gradativa a cada minuto. "Nós ainda não fomos pegos"

"Ah, então você admite que poderemos ser pegos a qualquer segundo?" Virei o pescoço para encará-lo de maneira acusatória.

Ele revirou os olhos com um sorrisinho debochado estampado no rosto e se inclinou para falar no meu ouvido.

"Não se nós não formos suspeitos"

"Mas eu sou suspeita, Edan!" Falei com firmeza e ele balançou a cabeça em negação.

"Não aqui... Aqui você é..." Ele ergueu uma das mãos e tirou a carteira falsa do bolso da minha calça skinny.

"Clotilde Barnes" Eu disse revirando os olhos.

"Clotilde Barnes! isso mesmo" E então ele começou a rir como nas últimas trinta vezes daquela mesma tarde.

"Você nem me deu a chance de escolher o meu próprio nome falso..."

"Eu sei! A melhor decisão do meu ano..."

"Bom..." Cruzei os braços sobre a jaqueta jeans desgastada, em um gesto que involuntariamente me deixava com a cara de uma criança emburrada "Pelo menos o meu nome falso não são siglas ridículas."

"Ei!" Ele soou exageradamente ofendido " E.J é um ótimo nome falso!"

" Você sequer tem a letra 'J' na sua certidão de nascimento"

"Cooper, essa é a graça de criar um nome falso..."

"Próximo!" o Brutamontes parado em frente à porta do pub retrô me olhou de cima a baixo com estranheza (o que não ajudou nenhum um poco a diminuir a minha principal paranoia no momento) antes de se dirigir ao Edan parado ao meu lado.

"Clint" Edan o cumprimento com um aceno de cabeça enquanto erguia o meu falso documento, e o chamado Clint fez o mesmo.

E então um segundo depois, os dois já estavam se comportando como pré-adolescentes imaturos, fazendo cumprimentos extremamente complicados e dando mini socos um no braço do outro.

Mais Que Um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora