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Se passaram alguns dias depois do acontecimento, Nico não falava comigo desde então, sendo que ele havia me acusado de ser uma traidora, e eu que era a culpada.
Eu estava treinando todos os dias, virou quase um vício,a cada dia eu descobria habilidades diferentes em mim mesma, Percy e Annabeth me ajudaram muito nisso, mesmo nenhum de nós três sabendo muita coisa sobre os poderes dos filhos de Nyx, eu era a única até agora. Porém estávamos tentando, descobri como manusear melhor meu colar, mas até agora ele só se transformou em uma espada, uma vez consegui transformá-lo em uma adaga, foi meio que sem querer, descobri também que conseguia manipular as sombras, mas tinha que aperfeiçoar isso também. Pedimos permissão para Quíron para que pudéssemos treinar a noite, ele permitiu contanto que não passássemos da hora. A noite era o melhor horário, pois meus poderes se manifestavam melhor a noite.

Estava escurecendo, quase na hora em que Percy, Annabeth e eu íamos para o campo.
Quando cheguei, estranhei Percy não estar com Anaklusmos em mãos, nem Annabeth, estava quase vestindo a armadura, quando Percy me repreende.

- Não vai precisar da armadura hoje.

- Vai me fazer de espetinho?

- Vamos tentar algo diferente.

- Ok, você que manda.

- Selene, você lembra daquela vez, na floresta com o autômato de Léo?

- Lembro bem pouco...

Um calafrio percorreu minha espinha.

- Você poderia tentar fazer de novo... - Disse Annabeth.

- Não!

- Porque não? - indagou Percy.

- É que...bem, a dor é quase insuportável.

- Mas você precisa tentar de novo, se é algo que está em você, não pode prendê-lo pra sempre! -  Annabeth disse enquanto colocava uma de suas mãos em meu ombro, ela conseguiu me convencer, respirei fundo.

- Ok, se afastem.

Eu estava com medo, minhas pernas estavam tremendo, mas tentei não deixar transparecer, fechei os olhos, na verdade eu não sabia o que estava fazendo, não sabia como iria fazer aquilo de novo. Tentei sentir as cicatrizes nas minhas costas, era por causa delas que eu nunca ia à praia, foi um dos motivos de toda a minha tristeza, aquela angústia que me consumia todos os dias , que me fazia sentir tão só. Senti todos esses sentimentos se misturarem, e a dor das minhas cicatrizes reabrindo, cerro os punhos, eu estava rosnando de tanta dor, mas não doeu tanto como na primeira vez. Soltei um longo suspiro, Percy e Annabeth estavam boquiabertos.

- Isso é...

- Maravilhoso. -Annabeth completou a fala de Percy.

- Você consegue...voar? - pergunta Percy.

- Eu nunca tentei.

- Assim como o colar, parece ferro Estígio, mas só parece, é bem resistente. - Disse Annabeth.

Percy tocou-a com a ponta da sua espada, estranhamente eu senti, e ouvi o tilintar do toque. Tentei mecher as asas, fazer uma decolagem, mas acabei arranjando um vento que afastou Percy, na segunda tentativa meus pés subiram um palmo do chão, mas não por muito tempo, senti que minhas asas ainda eram muito fracas. Isso exigia mais treinamento, me afastei dos dois, eu queria fazer aquela coisa maneira de novo, arranjei um alvo, beleza, fechei as asas, e as abri com velocidade, a mira não foi precisa, mas alguns projéteis acertaram o alvo.

- Wow, isso é um truque bem legal e útil. - Disse Percy.

- É bem difícil.

- Com o tempo você pega a prática- Disse Annabeth.

As asas não incomodavam, eram como meus braços, fazia parte do meu corpo, leves, delicadas e resistentes, eram belas de se ver, e perigosas. Se eu soubesse delas antes...não odiaria tanto as cicatrizes nas minhas costas.

•••

Ainda não tinha amanhecido, eu já estava acordada, como de costume, mas hoje não acordei atoa, senti que algo estava para acontecer. Vi o sol sair por detrás das colinas e subir lentamente, estava lindo, decidi sair pra ver melhor, coloquei uma casaco e saí, poucas pessoas estavam acordadas, uma delas era Nico Di Ângelo, que estava encostado em uma das colunas do pavilhão, olhando os anéis em sua mão. Passei reto, andando em direção a floresta, já estava entre as árvores, e admito, Nico é bom, quase não percebi que ele estava me seguindo. Mas antes que pudesse tirar satisfações, vi uma figura cambalear entre as árvores, sem perder tempo fui em direção a ela.

Era Lou Ellen, estava muito machucada, carregava nos ombros um menino, suponho ser do seu chalé, que estava em missão junto com ela, mas estava faltando um...quando perguntei sobre isso Lou Ellen começou a chorar.

- Tudo bem, vamos pra enfermaria rápido.

Nico deu o ar de sua graça, como quem só estava passando e decidiu ajudar, como sempre me ignorando completamente, pegou o irmão de Lou Ellen pelos ombros e andou até o acampamento. Fui logo atrás ajudando Lou Ellen. Deixamos os dois na enfermaria, Will e outro loiro cuidavam dos dois, Quíron chegou trotando, assustado, decidi que era melhor deixar ele conversas com os semideuses, Nico trocava palavras com Will, confesso que só não sentia mais raiva de Nico por Will, eventualmente contei a ele sobre o que aconteceu, ele entendeu e disse que iria conversar com Nico, pedi que não o fizesse, ele sabia que a situação entre nós estava tensa, então não estranhou minha saída repentina da enfermaria.
Sentei-me no pavilhão, alguns campistas tomavam seu café da manhã, todos estavam alerta, as notícias correm rápido, todos estavam sabendo da chegada dos dois, e queriam notícias.

•••

Mais tarde depois da longa conversa entre Quíron e os semideuses, fiquei sabendo do acontecido. Lou Ellen, Finn Weidman e Celina Honn, os filhos de Hécate encontraram de onde vinha o poder mágico do tridente, chegaram bem perto dele, o ideal era só que o encontrassem, e não que tentassem resgata-lo. Foi isso que tentaram fazer, e não deu nada certo, queriam mostrar o quão poderosos são os filhos de Hécate, acabaram perdendo Celina. Na hora do jantar estava um silêncio perturbador, a mesa de Hécate estava desolada, nem os filhos de Hermes estavam fazendo pegadinhas. Perder um campista deixava o acampamento abalado.
E

m uma reunião com os conselheiros dos chalés, falamos  sobre o Tridente, estava em um local bastante afastado, quem o escondeu ali, foi esperto, mas não o suficiente, pois seu poder mágico era sentido a há quilômetros. Eu pensei bastante nisso, e deduzi que aquilo era uma isca, uma armadilha para que fossem atrás do tridente, seja lá quem fosse queria atenção naquele lugar, não compartilhei isso com ninguém. Não podia ser mais perto, Porque logo na Austrália? Quíron não iria tomar decisões por enquanto, até Sr. D voltar.
Segundo Quíron, eles ainda tinham uma carta na manga, eu estava curiosa para saber o que era...

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