12°

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O sol começava a surgir ao leste, e como resultado do fim de semana, alguns beberrões estavam pelas calçadas, gargalhando e derramando bebidas, alguns em grupo, outros sozinhos.

Para evitar situações desconfortáveis, atravessei a rua e virei na esquina mais próxima, andar sozinha é perigoso tanto para mulheres mortais quanto para semideusas.

Andei algumas quadras, as lojas e cafés ainda estavam fechados, meu estômago roncou, devia ser por volta das 6, eu precisava de um café da manhã urgente. Decidi tirar alguma das coisas que trouxe na minha mochila para comer, não era muita coisa, mas daria para me sustentar até a hora do almoço, mas como eu não tinha dinheiro, teria que...

CREEK

Um barulho de garrafa quebrando fez com que eu me virasse. Três homens altos e cambaleantes vinham na minha direção. Não sei dizer se o pior era a aparência deles ou o cheiro. Por um segundo suspeitei que fossem monstros, eles me encurralaram como um animal em um beco mal iluminado.

Eu não tive reação, fui pega de surpresa, meu coração estava tão disparado e eu estava com tanto medo que não consegui falar nem gritar por ajuda, eu sabia que mesmo se tentasse não conseguiria sair do beco, eles estavam em maior número e eu apavorada.

- O que está fazendo a essa hora na rua, hein, garotinha? Fugiu de casa? Não sabe que é perigoso? - disse um dos homens e deu uma risada gutural mostrando seus dentes amarelados, os outros dois riram junto, senti vontade de vomitar.

Eu pensei no pingente do meu pescoço, mas desconfiei que aqueles caras não eram monstros, por que já teriam mostrado sua verdadeira forma, ou já teriam me matado, pior, desconfiei que eram mesmo mortais. Eu não queria tentar a espada, não me tornaria uma assassina. Tentei pensar em um jeito de sair daquela situação quando uma voz alta e firme ecoou no beco.

- EI! SE AFASTEM DELA AGORA!

Quando olhei, quase não acreditei no que vi. Os beberrões viraram sua carrancas na direção da voz. Na entrada do beco estava Nico Di Angelo, sua espada estava desembainhada, seus olhos tinham um brilho perigoso, emanavam sombras densas a sua volta. Um dos homens deu um passo a frente, o que foi corajoso, e burro.

- Vai embora, moleque! Ou eu vou te dar uma surra.

Devo dizer que, olhando a primeira vez, Nico não parecia impressionante, mas isso é subestimá-lo, e foi o que aqueles homens fizeram. Nico não fez um movimento, mas o chão aos nossos pés comecou a tremer e rachaduras começaram a aparecer, isso foi o suficiente para fazer com eles corresem dali desabalados e xingando como marinheiros náufragos.

- Covardes imundos! - gritou Nico para os homens que já estavam bem longe, para bêbados até que eles correram bem rápido.

Eu ainda estava em choque, claro, estava sem dormir a um dia, voei a noite toda, não comi nada, estava exausta, e é claro que os resultados começaram a aparecer. Primeiro senti tontura, minha pernas fraquejaram fazendo com que eu me desequilibrasse.

Nico me segurou antes que eu desabasse. Eu estava fraca demais para me afastar ou dar lhe um pontapé, decidi que isso não teria sido nada educado, já que ele estava me ajudando. Comecei a tentar falar, mas só consegui balbuciar coisas incoerentes e emboladas, ele logo me interrompeu.

- Vou te tirar daqui. - ordenou Nico, sua voz estava baixa porém firme.

Disse e fez, não consegui entender muito bem o que aconteceu, ainda estava tonta, só lembro do momento em que ele ajustou seu braço em minha cintura e começamos a cair na escuridão.

●●●

Quando acordei, estava em um lugar diferente, respirei fundo e senti o ar puro invadir meus pulmões, ainda meio zonza, olhei ao redor e vi o maior cachorro do mundo. Ele me olhava atentamente e balançava o rabo peludo, de repente o cachorro avançou pra cima de mim, eu recuei assustada, mas ele só cheirou meu casaco como se estivesse procurando um aperitivo. Engoli em seco e me dei conta de que não era um cachorro grande.

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