Quando o caçador topa no lobisomem. Ou vice-versa.

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Quando Stiles abriu os olhos a primeira coisa que viu foi um teto irregular de pedra, sendo esse o primeiro indício de onde estava, e percebeu também estar deitado no chão, coberto com sua própria manta de viagem. Com uma dorzinha chata na cabeça, virou o rosto para o lado esquerdo, vendo ali seus pertences e armas estendidos no chão. Sentou-se levando a mão a região dolorida atrás da cabeça. Não lembrava de ter resolvido acampar...

Voltou-se rápido para o outro lado e além de ter uma pequena fogueira próxima a si, havia um homem desconhecido sentado na entrada do que acabava de perceber ser uma pequena gruta. Com o instinto resolvendo entrar em ação e utilizando de suas poucas habilidades de caçador, Stiles deu uma cambalhota na direção de suas armas, pegou a besta automática e apontou ameaçadoramente para o outro.

— Quem é você e o que pretendia fazer comigo? Estava me seguindo? — o homem o encarou com visível impaciência, mas Stiles ignorou, continuando a falar sem deixar chance para ele responder. — Oh, já entendi tudo! Foi você que me fez cair e bater a cabeça na árvore! Que planos malignos tinha para mim, seu desprezível?! Ia... — percebeu de repente estar sem seu sobretudo de caçador e sentiu-se quase nu, apesar das várias peças de roupas restantes. — Ia se aproveitar do meu corpo?!

O desconhecido, que Stiles precisou admitir que era fatalmente atraente para um criminoso, nem saiu de sua posição inicial, permanecendo sentado na entrada da gruta. Também não mostrara qualquer sinal de preocupação em ter uma besta armada e apontada para seu peito.

— Pelo visto continua tão falador quanto antes. — o homem bufou e olhou rapidamente para fora antes de encará-lo de novo. — E continua tão idiota também. Saiba que cair e bater a cabeça na árvore foi puro e único mérito seu. Aliás, sorte sua que eu estava perto.

Stiles contraiu o rosto numa expressão confusa enquanto examinava o rosto do estranho com mais atenção. Por que ele falava como se o conhecesse? Stiles com certeza lembraria de ter encontrado antes um homem tão agradável a vista como aquele. Mas bem que algo na voz ou talvez fosse algo no rosto carrancudo lhe parecia vagamente familiar.

Uma luz brilhou nas memórias de Stiles, o reconhecimento despontando em sua face.

— Espere aí! Você é Derek! Derek Hale! — concluiu surpreso, abaixando a besta. — Um dos garotos da vila que vivia irritado com tudo e todos!

Derek ficou mais carrancudo ainda. Será que seus músculos faciais sabiam o que era sorrir?

— Eu não me irritava com tudo, era você que infernizava minha vida.

Stiles deu de ombros, tendo a decência de parecer um pouco culpado. Ele não tinha sido uma criança de comportamento exemplar, sabia disso, mas também não tinha sido tão terrível assim. Talvez tenha provocado Derek — que era um dos poucos meninos na vila que era mais baixo e um tanto mais magro que Stiles — mais do que devia apesar dos pesares. E quando sua mãe descobriu o obrigou a ir se desculpar, mas Derek e sua família tinham se mudado da noite para o dia e desaparecido completamente.

Contudo, a coisa mais importante que Stiles queria saber agora era: como ele tinha passado de garoto magricela para um homem alto, forte e sensual?

— Isso são águas passadas de qualquer forma... Então, obrigado por me ajudar, mas o que está fazendo aqui no meio dessa floresta esquisita?

Dessa vez Derek se levantou, mas continuou o encarando da entrada da gruta.

— Eu vim para te dar um aviso: pare de me seguir.

Incrivelmente nessa hora a mente do caçador trabalhou mais rápido que o normal (praticamente 3 vezes mais rápido do que já era) para entender a mensagem nas entrelinhas.

— Você é o lobisomem! — ergueu de novo a besta automática, adotando uma postura de quem estava preparado para o pior. — É assim que conseguiu esses músculos todos? Digo, desde quando você é lobo? Você é o responsável pelas mortes dessas pessoas?

Derek bufou.

— Eu nasci lobisomem, não sou descontrolado como esses que tolos que são mordidos. E você é inteligente o suficiente para ter percebido que elas não foram causadas por um lobisomem.

O ego de Stiles, que não era tão grande assim, ficou feliz com o elogio, mas tentou não deixar isso muito explícito.

— Sim, eu achei mesmo que não era por um lobisomem, mas o que é então?

— Um vampiro que já estou caçando há mais tempo que imagina. — respondeu depois de um suspiro. — E você está me atrapalhando com seu cheiro de humano e sua capacidade de se meter em problemas.

— Quê? Isso é um absurdo! Eu consegui chegar até aqui sem problema algum. Minha habilidade de caçador vem melhorando cada vez mais.

— Você só chegou até aqui porque eu estou encobrindo seu cheiro e te ajudando sempre que está indo na direção da morte. Até seu cavalo, que está te seguindo há um bom tempo, é mais discreto que você. Como conseguiu se tornar um caçador?

Stiles nunca tinha ouvido tanta coisa absurda de uma só vez. Até ele não sabia muito bem como tinha sido aceito na ordem, mas isso não vinha ao caso.

— O aviso está dado: Pare de me seguir. E não repetirei isso outra vez. — em seguida ele se virou e correu para longe dali numa velocidade e destreza invejáveis para qualquer humano comum.

Stiles ficou parado ainda algum tempo, segurando a besta na mesma posição sem acreditar que no que tinha ouvido do lobisomem. Praticamente tinha sido mandado voltar com o rabo entre as pernas para os cavaleiros da ordem sagrada, sem completar sua missão. O que seria vergonhoso e passível de punição, visto que tinha roubado os arquivos do caso.

Suas opções eram poucas e óbvios.

— É claro que eu vou ir atrás desse tal vampiro também. Vamos ver quem acha ele primeiro, seu lobisomem prepotente. — colocou as mãos na cintura, irritado. — E é uma égua! — gritou para o ar, já que Derek estava bem longe nesse momento.

Um Helsing no encalçoOnde histórias criam vida. Descubra agora