Amanda estava em seu apartamento. Tudo tão escuro... Ouvia apenas os gritos naquela imensidão.
- AMANDA? Me ajuda, por favor! - gritava a voz.
Mesmo o apartamento sendo pequeno, a jovem olhava para os lados e não via nada. Apoiava-se nas paredes para encontrar as portas que permitiriam sua entrada em outro cômodo, mas o breu que ali se hospedara era maior.
- Eu sei do seu dom! Preciso que me ajude! - suplicava a voz.
- Quem é você? O que sabe sobre mim? - retrucava Amanda, batendo sua mão contra o vácuo, esperando encontrar algo que não fosse a parede na qual se apoiava. Nada encontrava.
O silêncio novamente tomava conta do lugar. Amanda se rastejava pela parede e sua mão ia ao encontro de um pequeno interruptor.
Assim que acendeu a luz, seus olhos foram fechados imediatamente em resposta à claridade forte que os invadia. Novamente, um grito tomava conta do lugar.
- AMANDAAAA!
****
Amanda acordou e logo se pôs sentada em sua cama. Suava e sua respiração estava mais ofegante. Colocou uma mão sobre seu peito, sentindo seu coração bater forte. Jogou seu cabelo para trás, virando-se para o criado-mudo ao lado de sua cama, e esticou a sua mão para pegar um copo d'água.
Sentiu o copo gelado em sua mão. Em seguida, tomou mais um susto, fazendo com que o copo caísse no chão, despedaçando-o. Era a voz. Ela continuava gritando. Não havia sido um sonho.
Amanda empurrou seus pés contra a cama, batendo-se contra a cabeceira. Puxou o cobertor e cobriu seu rosto.
- SAI DAQUI! - gritava a jovem.
- Eu preciso de sua ajuda, Amanda. - A voz estava mais calma e suplicava por ajuda. - Eu sei do seu dom de voltar no tempo, Amanda. Preciso consertar o que eu fiz. Por favor. Depois irei embora.
A jovem levantou sua cabeça, enterrada na coberta, e colocou seus pés no chão com cuidado para não fazer barulho algum e não se cortar nos cacos que ali estavam espalhados.
Amanda andou na direção da porta de seu quarto e encostou a cabeça para tentar ouvir algum barulho. Nada. Ficou encarando, olhando para chão, sem fazer movimento algum, enquanto era atacada por milhares de pensamentos. De repente, sua atenção foi levada novamente para a porta. Escutou o barulho de alguém se encolhendo em seu sofá de couro. Um choro era ouvido.
- Por favor! - dizia a voz, soluçando.
Amanda, empurrando a porta contra a parede, abaixou a maçaneta, fazendo a porta se abrir sem fazer barulho. Andava calmamente, apoiando-se na parede do corredor, em direção à sala. Quando chegou, viu a silhueta de uma pessoa sentada em seu sofá, com o rosto enterrado em seus joelhos.
Amanda ficou paralisada após se aproximar mais um pouco e conseguir ver o sofá através do corpo da pessoa que ali estava sentada. Deu um suspiro forte com a boca, chamando a atenção daquela figura.
- Amanda, calma. Por favor, me deixe explicar. - A respiração da jovem ficou ofegante.
A figura se levantou do sofá e, com um abaixar de cabeça, havia sumido, aparecendo agora na forma de uma menina. Tinha cabelos loiros ondulados, usava um vestido branco bordado e florido e seus olhos azuis brilhavam. A garota andou em direção de Amanda, puxando a cadeira logo atrás.
- Sente-se - disse a garota, pegando na mão de Amanda.
Ainda com a respiração ofegante, Amanda se sentou e a garotinha, que agora perambulava por sua casa, foi até a cozinha e pegou outro copo d'água.
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Ajude-me
Hayran KurguAjude-me é um conto que traz a importância de valorizar aqueles que amamos, pois nunca sabemos quando um "até logo" poderá se tornar um "adeus". Amanda é uma jovem que esconde um certo dom do mundo. Sua história acaba se encontrando com a de Lívia...