Capítulo 8

999 146 5
                                    

Ferdinand arrependeu-se de ter aberto a boca no momento em que as palavras saíram de sua garganta. Havia pedido a um homem que não lhe dava a mínima que fizesse amor com ele. Como podia se diminuir tanto assim? Era tudo culpa de Antony, que ficava colocando minhocas em sua cabeça!

Não. Seu melhor amigo não tinha nada com a história. O culpado de tudo era o próprio Raphael, por ser o homem mais bonito e irresistível que já conhecera na vida. E é claro que ele estava bêbado. Não havia dúvidas quanto a isso. Para que negar o óbvio?

Finalmente, resolveu olhar para o amigo milionário, que o encarava como se ele fosse um ser do outro mundo, tamanha a sua surpresa.

- Eu... sinto muito - ele murmurou. - Não tive a mínima intenção de chocá-lo, ou de encará-lo. Você tem razão. Devo estar muito bêbado, tanto que nem sei o que estou falando.

Ele balançou a cabeça.

- Que pena. Se você estivesse no seu juízo perfeito, eu... eu...

Ferdinand franziu a testa.

- Você o quê?

- Nada, nada. Vamos conversar sobre isso mais tarde, está bem? Assim que você estiver um pouco mais sóbrio.

- Mais tarde? Isso quer dizer que você pretende subir ao meu apartamento?

- Claro. E por que não? Ainda é muito cedo. São só dez horas. A noite é uma criança, você não acha?

Ferdinand não estava em condições de achar nada.

- Além disso - continuou ele, com um sorriso nos lábios -, apesar desta sua súbita explosão de hormônios, duvido que vá arrancar minhas roupas e me estuprar.

Até que a ideia não era tão má assim. Deus do Céu, ele devia estar mais bêbado do que tinha imaginado a princípio!

- Eu... nunca fiz uma coisa como essa em toda minha vida. Bem, sempre havia uma primeira vez para tudo.

Ferdinand levou as duas mãos às têmporas. Aquela história ainda ia acabar muito mal. Resmungou baixinho, em seguida fez uma careta. Raphael olhou para ele, um pouco preocupado.

- Ferdinand? Está se sentindo bem?

Ele continuou a massagear as têmporas.

- Claro. Estou ótimo.

A mentira soou falsa até para seus próprios ouvidos. Não. Ele não estava ótimo. Estava péssimo. Tonto, enjoado... e confuso até dizer chega. Conhecia Raphael Farrid há dez longos anos. Durante esse tempo todo, ele havia feito parte de suas fantasias. Das fantasias, apenas. Porque era um homem inatingível, que não pertencia ao seu mundo.

Só que ele o beijou com uma intensidade que chegava a assustar. E estava prestes a subir em seu apartamento e ajudá-lo a se deitar. Ele fechou os olhos, sentindo que tudo girava à sua volta. Que Deus o ajudasse.

Quando abriu os olhos novamente, percebeu que a Ferrari já tinha entrado na garagem e dirigia-se para a vaga dos visitantes. Mas como o percurso fora curto! Por que não haviam pegado um pouco mais de tráfico? Ele ainda não se sentia pronto para ficar a sós com Raphael em sua casa. Talvez não se sentisse nunca.

Assim que abriu a porta de seu apartamento, tratou de inventar logo uma desculpa para esquivar-se dele.

- Hã... Você se importaria se eu fosse tomar um banho? Talvez a água fria possa ajudar a pôr um fim nesse meu... estado, você entende.

- Por favor, fique à vontade. E você, será que se importaria se eu fosse até a cozinha preparar um café? Não cheguei a tomar nenhuma xícara na recepção.

- Claro que não. Fique à vontade. Acho que também vou precisar de mais um pouco de café.

E, na sequência, tratou de entrar no banheiro rapidamente, antes de dizer mais alguma inconveniência.

Tinha acabado de tirar o terno quando percebeu que cometera um erro. Na pressa de se livrar de Raphael, nem se lembrara de levar uma muda de roupa consigo. Não havia suíte em seu apartamento e o banheiro dava diretamente para a sala, onde seu amigo milionário estaria sentado, à sua espera. E agora? Ele não tinha a mínima intenção de aparecer na frente dele enrolado numa toalha.

Olhou em volta, na esperança de encontrar alguma coisa que pudesse salvá-lo. Respirou aliviado ao ver um enorme roupão pendurado na porta. O roupão de Nick, na verdade. Ferdinand o lavara e o colocara ali, porque havia esperado que seu dono voltasse um dia.

Será que existia uma cara tão imbecil no mundo quanto ele? Duvidava um pouco.

Bem, de qualquer modo, tal peça inútil ao menos iria servir para alguma coisa. Grosso, enorme e desprovido de qualquer sensualidade, era o traje ideal para enfrentar Raphael Farrid mais uma vez.

Sentindo-se um pouco mais tranquilo, entrou no box do chuveiro, abriu as duas torneiras e deixou que a água morna lavasse seu rosto e levasse embora todos os traços de sua cara amassada de tanto chorar. Vinte minutos depois, o espelho lhe mostrava uma imagem muito reconfortante. Ali estava um cara pelo qual apenas um homem comum e mediano poderia se interessar! Um notório playboy como Raphael, acostumado os homens mais interessantes que Deus colocara sobre a Terra, jamais iria lhe dirigir um segundo olhar.

______________________________

Pessoal, espero que estejam gostando. Infelizmente revisei muito do texto no celular e algumas palavras se misturaram, mas farei a leitura aos poucos e irei corrigindo novamente.

abraços.

O autor

FELIZES PARA SEMPREOnde histórias criam vida. Descubra agora