Capítulo 17

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Camille conduziu Ferdinand à enorme biblioteca da mansão, onde a família tomava drinques antes do jantar. Era uma sala belíssima repleta de estantes, quadros e objetos de arte. Em frente à imponente lareira que dominava a parede oposta à porta de entrada, estavam Raphael e o rapaz que acompanhara Camille no casamento de Nick. O pobre Julio, com certeza. O sr. Farrid preparava um drinque no bar localizado num canto e sua mulher, sentada num sofá ali perto, bebericava um Dry Martini.

Ferdinand não sabia reconhecer uma roupa à primeira vista, mas podia ter certeza de uma coisa. Seja lá quem tivesse desenhado o vestido que a mãe de Raphael usava, tinha um bom gosto incrívell.

Raphael sorriu ao vê-lo entrar e aproximou-se dele, com o braço estendido.

— Venha, meu querido. Gostaria de apresentá-lo aos meus pais.

E foi naquele momento que ele se deu conta do que seu coração já sabia há muito tempo.

Tinha se apaixonado por Raphael Farrid. Exatamente o que Antony o havia aconselhado a não fazer! De repente, a biblioteca pareceu girar à sua volta.

A voz da sra. Farrid o trouxe de volta à realidade.

— Que bom que veio, Ferdinand. Venha, sente-se aqui do meu lado. Quero descobrir por que nunca nos falamos antes, já que Raphael me contou que frequenta nossa casa há anos.

Ela parecia simpática. Muito simpática, até. Completamente diferente da filha. A mãe de Raphael não parecia nem um pouco esnobe.

Enquanto conversava com ela, Ferdinand tentava compreender o que se passara dentro de sua cabeça... e de seu coração. O que Raphael fizera com ele? Tudo bem que o desejasse com loucura. Qualquer homem que tivesse um pingo de sangue nas veias desejaria um cara charmoso e atraente como ele. Mas de onde viera aquele amor maluco e sem sentido?

Não importava. A única coisa que interessava no momento era que ele não sentia a mesma coisa. Mais uma vez, sua vida pessoal iria sofrer um baque. Novamente, o fracasso. A dor.

O que Antony havia dito outro dia? Que Raphael era um homem inesquecível. Era aquilo mesmo. Riscar Nick da memória era uma coisa. Fazer o mesmo com Raphael Farrid era algo completamente impossível. Olhou disfarçadamente para ele, analisando de maneira discreta aquela figura envolvente. Como alguém nesse mundo conseguia ser assim tão perfeito? Não era justo!

A sra. Farrid estava lhe dizendo alguma coisa e ele forçou-se a prestar atenção em suas palavras.

— Raphael me disse que você trabalha numa agência de publicidade e que ocupa um cargo de enorme responsabilidade. Você deve ser muito inteligente!

— Mais do que inteligente, mamãe — disse ele aproximando-se de ambos, entregando um copo de champanhe a Ferdinand. — Ele é um verdadeiro gênio!

Ferdinand sentiu uma pontada no coração. O que seria de sua vida no momento em que Raphael se cansasse dele e partisse para novas aventuras? Será que conseguiria suportar tanta dor?

Bem, como não houvesse nada que pudesse fazer a respeito naquele exato momento, ele continuou ali, sentado, sorrindo e sorrindo. Sorrindo tanto que sua boca até começou a doer.

Ao contrário do que tinha imaginado, percebeu, nas horas que se seguiram, que o sr. e a sra. Farrid eram pessoas extremamente simpáticas, além de excelentes pais. Que diferença de sua própria família...

— Meu querido menino vem realizando um trabalho fantástico nas empresas da família — comentou o sr. Farrid na hora da sobremesa. Ele era um homem atraente, com o rosto bronzeado, falava de horas passadas em seu iate ou à beira da piscina. — Graças a Deus, vou poder me aposentar com toda a tranquilidade! Agora que Raphael encontrou alguém que se apaixonou.

Todos à mesa voltaram os olhos para Raphael, que quase engasgou com a mousse de chocolate que havia acabado de pôr na boca.

— Tudo bem, tudo bem, eu sei que não devia ter tocado nesse assunto agora — continuou o sr. Farrid, com um sorriso nos lábios —, mas eu não seria um pai normal se não quisesse ver meu filho feliz, ao lado de uma pessoa muito especial. O que você acha disso, Ferdinand? Raphael me contou que vocês são amigos há mais de dez anos, portanto tenho certeza de que não vai se incomodar com a minha pergunta. Você não acha que já está mais do que na hora de ele se casar?

Agora, todos os olhares se voltaram para o próprio Ferdinand. Ele esperou que as batidas do seu coração diminuíssem um pouco, então respondeu:

— Eu acho, sr. Farrid, que Raphael vai começar a pensar em casamento e em filhos quando a hora certa chegar. Ele sempre soube o que quer da vida e nunca teve problemas em atingir seus objetivos. Tenho certeza de que, no momento apropriado, ele vai convencer um rapaz bacana e terá uma linda família com filhos e cães.

— Muito bem dito! — exclamou o sr. Farrid. — E você está coberto de razão. Acho que eu deveria ter mais fé no meu menino!

— "O seu menino" — disse Raphael — está sentado aqui, bem à sua frente, e pode falar por si próprio!

— Então fale — desafiou seu pai. — Conte-nos qual é seu ponto de vista a esse respeito.

— Minha visão de casamento não deixa de ser um reflexo pelo qual estamos aqui hoje reunidos. — Ele se levantou e apanhou uma taça de vinho. Uma das muitas que tinha esvaziado durante o jantar, Ferdinand bem notou. — Gostaria de fazer um brinde que ilustraria meus sentimentos no que diz respeito a esse assunto.

Ergueu sua taça e continuou...

FELIZES PARA SEMPREOnde histórias criam vida. Descubra agora