Capítulo 5

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— Ora, ora, olhem só quem está aqui! Meus dois melhores amigos da faculdade! Que bom que vieram assistir ao meu enforcamento! — Ele caiu na risada e virou-se para Ferdinand. — E eu aqui achando que você tinha me esquecido, garoto travesso! Nem me mandou um cartãozinho confirmando sua presença! Eu não fazia ideia de que você viria com Raphael.

Olhou-o de maneira apreciativa e falou:

— Mas você está tão lindo hoje, que acho que vou perdoá-lo. Agora, quanto a você, Raphael, não pretendo ser assim tão generoso. Eu o convidei para minha festa de despedida de solteiro e você nem apareceu! Modéstia à parte, foi uma festança! Espero sinceramente que o motivo da sua ausência tenha valido a pena.

Ferdinand ficou surpreso com a súbita informação. Raphael não tinha lhe dito nada a respeito da despedida de solteiro do ex-noivo.

— Pode apostar que valeu... — Raphael deu um sorriso. — Eu já tinha confirmado com Ferdinand que ia levá-lo para jantar e dançar num lugar bem badalado. Foi um programa e tanto, pode acreditar!

Agora, quem pareceu surpresa de verdade foi Camilla Farrid. Virou-se para o irmão, claramente insatisfeita.

— Então quer dizer que você e Ferdinand estão mesmo namorando?

— Estamos — foi a resposta rápida de Raphael. — Algum problema?

Ferdinand percebeu que a irmã de Raphael estava se controlando para não dizer nada que não devia na frente dos outros.

— Não. Claro que não. É que eu fiquei surpresa, só isso. Você não tinha me dito nada a respeito.

Ele deu um sorriso.

— É que nosso namoro é um tanto recente. — Virou-se para Ferdinand. — Não é mesmo, querido?

Ele rezou para não ficar vermelho.

— É, sim.

— Aliás, Nick — continuou Raphael, dirigindo-se ao noivo. — Estou lhe devendo um sincero muito obrigado. Se você e Ferdinand não tivessem terminado, eu não teria começado a namorá-lo e jamais ficaria sabendo que homem maravilhoso e fantástico ele realmente é. Veja só que engraçado. Todos esses anos de amizade e pensei que o conhecesse. Só que isso não era verdade. Ter um amigo é uma coisa. Ter um namorado é outra completamente diferente. E acho que ele pode dizer o mesmo a meu respeito. — Ele lhe deu um beijo no rosto. — Não é, meu amor?

Ferdinand sentiu um friozinho na barriga. Raphael Farrid, chamando-o de meu amor? A vida vinha lhe pregando cada peça!

Mas o melhor de tudo era ver o ar apatetamento no rosto de Nick. Era como se seu ex-noivo não estivesse acreditando no que via e ouvia. Ele o conhecia muito bem. E sabia que ele estava morrendo de ciúme. Talvez a vingança fosse realmente um prato que se comesse frio.

Raphael parecia estar se divertindo com aquela história toda.

— Meu amigo, parece-me que seu noivo está à sua procura. É melhor ir falar com ele. Agora você vai ter de andar na linha, já que acaba de se transformar num homem sério. Acabaram-se as orgias e as noites de bebedeira, não é?

Assim que um atrapalhado Nick se afastou, Ferdinand percebeu que ainda havia outro problema para enfrentar: Camilla. Raphael, como sempre, tomou novamente o controle da situação:

— Você viu, irmãzinha? Está tudo em ordem. Acho que se preocupou à toa, não é?

A moça deu um sorriso amarelo.

— Acho que não, Raphael. Ainda vejo problemas no horizonte. Bem, estou indo para a recepção. Até mais, pessoal.

E, dizendo isso, se afastou. Ferdinand levantou uma sobrancelha.

— O que ela quis dizer com isso?

— Nada, nada. Camilla só está agindo como uma típica irmã. Acha que sabe tudo, quando na verdade não enxerga um palmo diante do nariz.

— Ela está achando que nós dois estamos namorando de verdade, não é?

— Sem dúvida.

— E quando pretende lhe contar que nós estamos fingindo?

Raphael deu um sorriso maroto.

— Vamos deixar para atravessar a ponte quando a alcançarmos, está bem?

Ferdinand deu um suspiro desanimado.

— Essa é sua filosofia de vida, não é? Viver um dia de cada vez e deixar para lidar com os problemas quando eles aparecerem. Você não se preocupa com nada!

— Eu não diria isso. Mas a preocupação não muda situação alguma. Apenas ações construtivas o fazem. Bem, como está se sentindo?

Ele respirou fundo.

— Um pouco melhor.

— Ótimo. Está disposto a enfrentar a recepção?

— Claro que sim. Logo que tiver tomado três ou quatro doses de uísque.

— Beber não vai adiantar nada, Ferdinand.

— Eu sei. Mas ajuda a fazer com que os problemas pareçam menores.

— Espero não ter de carregá-lo para seu apartamento quando saírmos da festa...

— Você concordou em me trazer aqui hoje. E foi ideia sua fingirmos que estamos namorando. Agora, trate de aguentar as consequências.

— Hum... E que consequências seriam essas? Despi-lo e colocá-lo na cama? Devo confessar que acho essa ideia muito interessante!

Ferdinand sabia que ele estava brincando. Não pôde, no entanto, deixar de ficar vermelho. E excitado também, se quisesse ser bem sincero consigo mesmo.

— Pare de falar bobagens e vamos sair logo daqui, Raphael.

Ele tomou a mão dele nas suas.

— Como quiser. O senhor manda. Ele fez uma careta.

— Você fala como se eu fosse um monstro.

Ambos foram caminhando juntos até a Ferrari estacionada ali adiante.

— Bem, eu não diria isso. Mas é que às vezes você tem atitudes de uma grande cabeça-dura, isso tem.

Ferdinand lançou lhe um olhar furioso.

— Por acaso está insinuando que não tenho nenhuma qualidade?

— Ora, é claro que não, longe de mim querer dizer tal coisa! Você tem inúmeros pontos a seu favor. É inteligente, culto, capaz.... e tem um corpo sensacional.

A conversa estava começando a se tornar perigosa.

— Guarde seus elogios baratos para seus amiguinho s, Raphael. Eu não pretendo cair em sua conversa mole.

Rindo, ele abriu a porta da Ferrari para que ele entrasse.

FELIZES PARA SEMPREOnde histórias criam vida. Descubra agora