FELIZES PARA SEMPRE

Capítulo 3

— Bem, que tal? — perguntou Ferdinand, dando uma voltinha. — Quero sua opinião sincera!

Antony não conseguiu reprimir um assobio de admiração.

— Uau! Com esta roupa, os cabelos penteados assim, você está parecendo um modelo!

Quando Antony havia lhe mostrado aquele terno azul na vitrine, há três dias, ele meneara negativamente a cabeça, dizendo que era muito chamativo. Não costumava usar aquela cor, dando preferência aos tons escuros. Esses eram mais fáceis de combinar com outras roupas e podiam ser usadas muitas vezes, com diferentes acessórios.

Mas Antony pedira para que a vendedora lhe mostrasse o terno e insistira que Ferdinand o provasse. E agora ali ele estava pronto para o casamento, estudando a própria imagem no espelho, tentando adivinhar o que Nick iria dizer quando a visse.

Antes dele, porém, era preciso enfrentar Raphael. Engraçado, mas ele estava mais preocupado com a opinião do amigo a respeito de sua aparência do que com a do ex-noivo.

Quero que você use algo bem sensual..., ele havia lhe dito. E o terno escolhido por Antony fazia jus a tal denominação. Era um terno de corte sofisticado. Ferdinand nunca tivera uma roupa tão chamativa na vida.

Antony continuava a observá-lo com cuidado.

— Sabe de uma coisa? Seu querido amiguinho riquinho vai ter um ataque do coração quando chegar e vê-lo. Olhe, Ferdinand, eu realmente espero que você tenha consciência do que fez quando o chamou para acompanhá-lo ao casamento de Nick. Não importa o quanto tente se controlar, é claro que você vai acabar caindo no choro no final da festa. Daí ele irá abraçá-lo e confortá-lo com seus braços enormes de lobo mau e, antes que se dê conta, estará na cama com ele. Ferdinand começou a rir.

— Você diz isso porque não conhece Raphael. Ele nunca me deu a mínima. O sujeito é um dos maiores conquistadores do país e tem à sua disposição as mulheres e homens mais bonitos do mundo. O que ele iria querer com um moreno sem graça como eu?

Antony fez uma careta.

— Moreno sem graça? Acho que não tem se olhado no espelho ultimamente. Você é um homem muito bonito. Acho estranho que não se dê conta do fato.

— Seja lá como for, eu jamais terei qualquer chance com ele. Os Raphaeis Farrides da vida não se misturam com simples mortais como nós.

Realmente, uma verdade incontestável. Antony olhou para o relógio.

— Bem, a que horas o riquinho ficou de vir buscá-lo?

— Ele vai passar por aqui às três e meia. Vou esperá-lo na portaria.

Raphael vinha lhe telefonando pelo menos três vezes por semana, desde aquela nefasta noite para saber se ele estava bem e se ainda continuava firme em seu propósito de ir ao casamento. O último telefonema acontecera há dois dias. Aí então ele já tinha comprado o terno azul e nada nesta vida iria fazê-lo mudar de ideia e recuar.

Não tivera notícias de Nick. Nem um telefonema, tampouco uma visita para se explicar. Então, já que não lhe dava a mínima, por que enviara o convite? Ele só podia estar sendo deliberadamente cruel.

Havia pensado muito naquelas três semanas. E chegara à conclusão nada animadora de que seu ex-noivo havia se tornado um hábito pouco saudável que nunca havia conseguido quebrar, até que ele próprio se encarregasse de fazê-lo.

O amor tinha o estranho dom de deixar as pessoas cegas para a verdade. Como ele fora tolo e ingênuo! Nick o usou durante aquele tempo todo. E quando tivera uma chance de ascender socialmente através do casamento com um milionário, jogara o fora como se ele fosse um saco de lixo.