Capítulo 19

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Antony tomou um gole do seu cappuccino e recostou-se na cadeira.

— Meus parabéns, você está realmente numa maré desorte. Não só se saiu muito bem na reunião de hoje de manhã, como também encontrou o grande amor de sua vida. Ou melhor, pensa que encontrou. Olhe, gostaria de lhe dar um conselho. Procure um advogado e faça um contrato pré-nupcial. Assim que Raphael começar a pular a cerca depois da lua-de-mel, trate de processá-lo e arrancar-lhe uma fortuna!

Ferdinand caiu na risada.

— Não adianta, Antony. Nem você com todo esse pessimismo em relação ao sexo masculino, vai conseguir estragar o meu bom humor. Se estivéssemos tendo essa conversa antes do fim de semana, você ainda poderia me convencer. Mas não agora!

Antony deu um suspiro.

— Meu Deus, será que dois dias passados na cama foram o suficiente para convencê-lo? Esse Raphael Farrid deve ter meios muito convincentes para persuadir as pessoas. Aliás, posso muito bem imaginar que meios sejam esses... Olhe, Ferdinand, eu não estou dizendo que ele não gosta de você. Longe disso. Mas não acha meio estranho que ele te peça em namoro no mesmo dia em que o sr. Farrid anuncia, em alto e bom som, que quer ver seu filho e herdeiro transformado num homem sério?

Ferdinand tomou um gole de seu suco de laranja.

— Eu entendo o que está querendo dizer. Aliás, isso também me passou pela cabeça. Mas, se Raphael está querendo se casar para agradar a família, por que eu? Por que eu e não um outro modelo de corpo deslumbrante? Ou quem sabe alguém de seu próprio meio?

Depois de uma pausa para respirar, Ferdinand continuou:

— Não, Antony, ele realmente me ama. Ainda não consegui entender como nem por que, mas isso é mesmo verdade. Tenho certeza absoluta. Ah, se você tivesse visto como ele me tratou bem durante todo o fim de semana... Até o sexo foi diferente!

— Diferente? Mas diferente como? Não deve ter sido melhor, é claro. Como melhorar aquilo que você me contou na segunda-feira passada?

— É, eu não diria que foi melhor. Mas cheio de carinho e sentimento, talvez.

— Olhe, eu não quero jogar um balde de água gelada em seu entusiasmo. Não quero mesmo. Longe de mim uma maldade dessas. Mas é que... — Antony fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas para expressar sua opinião. — Eu realmente não creio que Raphael esteja assim tão apaixonado. Claro, não estou dizendo que ele não gosta de você. Não é isso. Quem em sã consciência pode não gostar de alguém tão maravilhoso? Bem, ele precisa casar para agradar o pai, não é? Então, por que não escolher como marido seu velho amigo Ferdinand, conhecido de tantos anos? Um rapaz bonito, inteligente, agradável... Alguém que nunca esteve interessado na fortuna da família. Você sabe como esse pessoal não suporta gente interesseira. Aí, ele o convenceu de que está apaixonado, a pede em casamento e tudo está resolvido.

Com um sorriso triunfante, finalizou:

— O papai Farrid fica feliz da vida, muito conveniente, não é?

Ferdinand respirou fundo.

— As coisas não são bem assim, Antony.

— É claro que são. Esse tipo de casamento não costuma dar certo. Assim que voltar da lua-de-mel e o entusiasmo acabar, Raphael estará de volta à antiga vida de solteiro. Não creio que aguente esse tipo de coisa, Ferdinand. Por isso, pense bem antes de dizer o "sim".

Ferdinand levou o almoço inteiro tentando convencer Antony de que ele estava enganado, de que Raphael realmente havia mudado e que o amava de verdade. Não teve muito sucesso na tarefa em questão.

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