Capítulo 6 - parte 1 (não revisado)

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O grande perigo dos reparos da gigantesca esfera era o fato de que a nave ficava desprotegida, à mercê dos inimigos, quaisquer que fossem.

Por esse motivo, Daniel mandou que seis destroyers se mantivessem em órbita geoestacionária em cima deles. Além disso, duas naves auxiliares patrulhavam os confins do sistema, mantendo os sensores no extremo da sensibilidade. Ao contrário do previsto no início, o almirante modificou a estratégia para a troca do propulsor estelar de forma a que a Dani pudesse estar em condições operacionais no tempo mais breve possível. Segundo os seus cálculos, em duas horas seria possível decolar, mas precisariam de abandonar materiais preciosos naquele mundo paradisíaco. Já a esposa dele e alguns cientistas faziam pesquisas, em especial com as pequenas criaturas dos vulcões.

Nesse mesmo período, chegaram cerca de dez mil naves do povo das estrelas e algumas delas fizeram um cinturão em volta do planeta.

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Quando iniciou o segundo dia de reparos, o sensor de abalos deu sinal. Nem cinco segundos depois, a Dani A VII, uma das duas naves que estava nos limites do sistema, deu alarme pela superonda.

– Atenção – disse o operador. – Temos naves saltando perto do ponto do combate. São muitos ecos. Já solicitamos uma contagem ao computador.

– O risco é alto – disse Daniel, pensativo. – É óbvio que eles vão pensar neste sistema se concluírem que uma ou mais naves estão incapacitadas.

– O que sugere, Almirante? – perguntou Nobuntu, preocupado.

– Vamos aguardar. Interromper os reparos agora não é bom porque, como já sabe, o reinício implica uma certa perda de tempo.

– Muito bem – disse o coronel. – Nobuntu para a artilharia.

– Artilharia, Zulu no comando, senhor.

– Pré alarme para as equipes de guerra.

– Sim, senhor – darei a ordem para os meus homens, fique descansado.

– Obrigado. – Nobuntu suspirou e virou-se para o imperador, triste. – É uma pena que tenhamos que combater com uma espécie que poderia ser amiga.

– Tem razão – concordou Daniel. – Mas, pelo menos, fizemos amizade com um pessoal muito legal.

– É verdade... – nesse momento os sensores de abalos começaram a apitar com a sobrecarga que foi causada por milhares de naves saltando ao mesmo tempo.

– Atenção – berrou o operador de vigilância. – Temos naves esféricas de grande porte. A contagem está em cerca de cento e cinquenta mil unidades e surgiram a dez horas-luz da Daní.

O coronel deu uma pancada seca no alarme sem esperar a decisão do Daniel.

Enquanto o computador dava o alerta vermelho e todas as equipes corriam para os seus postos, Nobuntu perguntou:

– Quanto tempo falta para terminarem os reparos na superfície?

– Cerca de dez horas – respondeu Daniel, tranquilo. – Agora vai ser uma luta contra o tempo.

– Nobuntu para tribulação – disse, fazendo com que o computador passasse a transmitir para todos. quem não estiver envolvido nos reparos, comece a recolher o material desnecessário e coloque-se a postos imediatamente. As equipes científicas devem retornar o quanto antes. Naves auxiliares e destroyers, todos para o espaço e façam um cordão de defesa. Quero todos prontos para uma emergência, apesar de, aparentemente, termos tempo.

– Tínhamos – retrucou Daniel que não tirava os olhos dos sensores. – Eles saltaram de novo...

– Atenção – disse uma das naves de patrulha. – Os Batiks acabaram de surgir a três horas-luz.

– Atacar – ordenou Daniel, lacônico. – Todas as equipes de reparos executem a Ação Planejada B. Preparar para decolagem de emergência em T menos duas horas... computador marque. Procurem ser mais rápidos.

As naves auxiliares e destroyers que ainda não haviam subido estavam no solo porque a Dani mantinha as comportas abertas para os reparos. Quando elas começaram a se erguer, primeiro devagar para, aos cem metros, começarem a acelerar com mais violência, ninguém esperava o que ocorreria a seguir. Como uma só oito naves esféricas de cinquenta e cem metros que estavam um tanto quanto próximas aceleraram ao mesmo tempo com os jatopropulsores ainda na atmosfera, provocando um assobio violento que deve ter sido ouvido a centenas de quilômetros e fazendo um rastro de fogo gigantesco. Em um segundo, já estavam no espaço, acelerando sem parar e com a intenção de se juntarem às naves irmãs no intuito de destruir o inimigo. A ordem era procurar ser fulminante, de acordo com o planejamento.

Quando o Povo das Estrelas viu a frota de guerra solariana disparar em direção ao inimigo, juntou-se a eles, exceto algumas naves que ficaram a formar o último bastião de defesa no planeta.

― ☼ ―

A frota solariana emergiu perto do local medido, mas não viram uma única nave.

– Droga – esbravejou o João, furioso. – Devem ter saltado na hora que mergulhamos porque é o único momento que os nossos sensores são incapazes de os detectar. Voltamos à estaca zero.

– Não, não voltamos – disse o avô enfático. – Eles procuram uma coisa, provavelmente a mesmíssima coisa que nós.

– Como pode ter tanta certeza? – perguntou o sobrinho-neto, espantado.

– Estamos às portas de um sistema solar. Aposto que foi para lá que eles saltaram.

– Então vamos atrás deles – decidiu o coronel. – Daqui até alí é um mergulho miserável...

– Nada de mergulhos – interrompeu o governador. – Vamos na velocidade da luz para podermos rastrear sem dificuldades nem novas surpresas.

– Mas são algumas horas!

– Eles aguentam essa espera – disse Daniel. – Afinal estamos falando da nave mais poderosa e eficiente do Império.

– Espero que tenha razão, avô.

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DB II - Ep15 - Os Mortos ErrantesOnde histórias criam vida. Descubra agora