A pousada de Asgaroth

O ALUNO

  A imensidão vazia de Asgaroth podia ser digna de admiração para algumas pessoas, mas para outras ela não passava de algo ilógico e sem valor algum.

Talvez essas pessoas devessem olhar para certas questões da vida com um novo ponto de vista.

No meio da grande estrada na imensidão verde ficava uma pousada, onde as pessoas iam para descansar da sua longa viagem de um lado para o outro, foi lá que o rapaz entrou, sem dar muita questão, levava consigo uma folha de papel na mão, uma mochila nas costas e aparentava não ter mais do que vinte anos de idade.

– Olá bem-vindo a Pousada de Asgaroth! – Falou o barman Harold atrás do balcão do bar – O que deseja?

– Café expresso por favor.

– Saindo agora mesmo!

O rapaz sentou nas cadeiras do balcão e continuou a olhar para a folha concentrado, sem dar atenção alguma para o mundo ao seu redor.

Harold voltou com seu café e o entregou.

– Obrigado – Disse o rapaz retirando uma caneta da mochila e começando a escrever.

– O que está fazendo?

– Trabalho de português...

– E por quê?

– Porque eu preciso ganhar os pontos necessários para passar de ano, caso contrário eu vou me ferrar...

– Mas você já começou sua jornada, para que se preocupar com essas coisas inúteis?

– Você não entende? Se eu não conseguir terminar o professor vai ficar furioso comigo!

– Se continuar seguindo pela grande estrada você vai para um lugar que muito provavelmente seu professor de português não vai estar!

– Mesmo? – O rapaz olhou para Harold com um olhar surpreso.

O barman assentiu com um sorriso.

– Isso quer dizer que eu estou enfim livre!!! – Ele jogou a folha para o alto e começou a comemorar com uma dança.

– Afinal, sobre o que era exatamente esse trabalho?

– Uma redação com o tema: "Todo aquilo que você levaria consigo depois da morte"

Harold levantou uma sobrancelha.

– Espera – O rapaz falou colocando as mãos na cabeça – Agora que eu não preciso mais me preocupar com o colégio... o que eu vou fazer daqui adiante?

– Não sei, o que você quer fazer?

– Hum...

O rapaz ponderou por um momento.

– Eu vou terminar meu texto... afinal, eu quero ao menos ter a consciência limpa antes de continuar minha jornada...

E assim ele fez, continuou escrevendo e tomando seu café, quando terminou deixou o texto em cima do balcão do bar, arrumou suas coisas e foi embora, saindo pela porta da frente e continuando sua viajem pela imensidão verde de Asgaroth.

Dessa vez ele conseguiu perceber o quão belo era o lugar, simplesmente por olhar com um novo ponto de vista.