A luz branda do sol que iluminava a imensidão verde de Asgaroth às vezes dava lugar a um céu nublado e chuvoso, as pessoas que faziam sua longa jornada pela grande estrada não tinham outra opção a não ser encontrar abrigo na pousada.
Em dias de chuva todos ficavam reunidos no lado de dentro, havia muita curtição e música no salão.
– Atenção senhores e senhoras viajantes! – Falou uma das dançarinas do palco – Agora nós, as irmãs Trissalty, iremos apresentar nosso maravilhoso número de dança!
Todos gritaram de euforia.
Parecia que todo mundo estava se divertindo. Todo mundo menos um.
Diego, um homem de olhos verdes com um chapéu, estava sentado na mesa com uma faca afiada em uma mão e um pedaço de madeira na outra, ele talhava-a fazendo uma escultura de um pequeníssimo menino, seu rosto era frio e inexpressivo.
De repente a porta principal da pousada se abre e dela entra uma jovem moça com um pano na cabeça aparentando muito ser uma camponesa, ela estava encharcada e as bordas de sua saia estavam sujas de lama.
Ligia, a garçonete, foi até ela para acolhê-la.
– A senhorita precisa de ajuda?
– Estou bem obrigada, gostaria apenas de uma toalha para me secar – Ela falava com uma voz doce e calma.
– Tudo bem enquanto eu busco pode se sentar, fique à vontade!
– Espere, deixe-me perguntar uma coisa, você viu meu filho?
– Seu filho?
– Sim, um garoto baixinho de cabelos loiros, ele tem uns nove anos!
– Sinto muito senhora, mas eu não costumo ver muitas crianças por aqui.
– Tudo bem, vou me sentar então.
Assim ela foi, enquanto Ligia buscava o pano a jovem camponesa procurava um local para descansar, mas todas as mesas estavam cheias, mas havia uma mesa que só tinha uma pessoa, era justamente a mesa de Diego.
– Posse me sentar por favor?
– À vontade senhorita – Diego disse dando espaço e limpando as lascas de madeira com a mão.
– O senhor por acaso viu meu filho?
– Não.
– Minha nossa, onde será que foi parar esse garoto? Eu sei que ele costuma passar o dia inteiro brincando fora, mas eu não vejo ele há muito tempo, estou seriamente preocupada, eu...
– Senhora, por favor, eu não gostaria de falar de filhos nesse momento...
Diego exibia uma cara melancólica.
– Sinto muito.
Ligia foi até a mesa com uma toalha nas mãos.
– Aqui senhorita.
– Fico muito agradecida – Ela pegou e começou a se secar.
– A senhora gostaria de algo para beber?
– Fico lisonjeada, mas não tenho dinheiro no momento.
– Não se preocupe, é por conta da casa!
– Bem, então me dê um pouco de café, preciso ficar acordada a noite toda.
– Por que?
– Eu tenho que encontrar meu filho... – A moça então se lembrou de Diego, que continuava talhando a madeira como se nada tivesse acontecido – Podemos conversar a sós?
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A pousada de Asgaroth
Viễn tưởngNos confins da existência beirando a racionalidade existe um lugar chamado Asgaroth, o vazio e, no meio desse grande vazio de planícies verdejantes e nada mais, existe uma longa estrada que ninguém sabe onde começa ou onde termina, mas que todos sab...