O ASSASSINO

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  No meio da grande imensidão vazia de Asgaroth, ao lado de uma estrada, ficava uma construção de aparência velha e aconchegante, aberta para todos que quisessem entrar, como uma avó que sempre espera que os netos a visitem.

Era uma pousada.

No bar da pousada, que se localizava no salão da construção, o velho Harold trabalhava no balcão, atendendo os vários viajantes que decidiam fazer uma pausa para descansar no meio da sua viagem pela longa estrada.

– Ligia querida, vá buscar aquelas canecas vazias na mesa quatorze! – Ele dizia.

A mulher de aparência jovem e fofa assentiu e foi fazer seu trabalho.

Asgaroth era um lugar tão inóspito que eu posso afirmar que Harold e seus funcionários eram as únicas pessoas que moravam ali, porém, incrivelmente, o lugar era cheio de gente, todas as pessoas eram viajantes de passagem, algumas estavam na pousada já há algum tempo, outras às vezes entravam, pediam uma bebida e depois iam embora.

– Por que será que estão com tanta pressa? – Harold se perguntava – Nunca vi ninguém querer chegar tão rápido em seu destino, poxa, eles nem apreciam a paisagem!

De repente, uma pessoa abriu as portas da pousada com tanta força que todos que estavam no salão olharam para ela, curiosos.

Mas não se tratava de uma pessoa interessante, apenas um homem já de idade magrelo e com óculos, ele sempre mantinha suas mãos reclusas em seu corpo e parecia tremer muito.

Ele caminhou até o balcão do bar e se sentou. Parecia estar sendo perseguido, pois olhava para todos os lados com muito medo.

– Bem-vindo a pousada de Asgaroth! – Harold dizia animado por causa do novo cliente – Em que posso ser útil?

– E-eu... eu quero um copo de uísque... por favor...

– Claro! – Harold buscou a bebida e entregou ao homem – Então, o que faz você viajar tão longe pela longa estrada... Senhor?

– Aloízio, bem eu... eu... – O rapaz tremia tanto que mal conseguia segurar o copo de uísque – Eu estou fugindo...

– Fugindo? De quem?

– Não de alguém meu caro... estou fugindo de mim mesmo... nessa longa estrada estava eu caminhando, sozinho e sem rumo, quando percebi que eu sou perigoso, então estava fugindo de mim mesmo...

Harold olhava para Aloízio sem entender nada.

– Tudo bem... – Harold caminhou para trás até chegar em um homem sentado no balcão talhando a madeira com uma faca – Diego fique de olho nesse cara, ele é estranho...

Diego assentiu e continuou talhando a madeira.

– O que exatamente você fez? – Harold perguntou de forma direta.

– Eu matei um homem... – Aloísio disse tão baixinho e recluso que chega dava pena.

– Só isso?

O homem magro levantou a cabeça e olhou para Harold surpreso.

– Como assim "Só isso", você me ouviu bem? EU MATEI UM HOMEM! – Dessa vez ele disse tão alto que todos que estavam no salão ouviram e pararam para prestar atenção.

– E o que que tem Aloísio? Todos nós aqui já matamos alguém na vida, isso é normal!

– Não isso não é! – O rapaz falou encabulado – É impossível! Como todos vocês já podem ter matado uma pessoa?! E ainda por cima falar disso tão naturalmente!

A pousada de AsgarothOnde histórias criam vida. Descubra agora