"Nesse mundo tão imenso o que mais me surpreende são as coisas pequenas" Alguém havia falado isso para mim uma vez, mas não me lembro quem, o certo é que, nessa vasta imensidão verde, havia uma pousada e esta pousada em comparação com Asgaroth inteira não passava de um pontinho minúsculo, quase que insignificante.
E nesse pequeno pontinho quase insignificante moravam outros pontinhos ainda menores.
Alguns menores do que outros, mas ainda assim, menores.
O homem pequeno tinha dificuldade de alcançar a maçaneta para entrar e só conseguiu pois, outros homens mais altos, também entraram junto com ele, que quase foi atropelado. Quando perceberam o que fizeram, ao invés de tentar ajudar, eles riram da cara do coitado.
– Idiotas... – Disse o anão – Se eu fosse maior eles iram ver o que é bom pra tosse!
Ele se deparou com o imenso salão da pousada e até tentou arrumar um lugar para se sentar nas grandes mesas, mas toda vez que se aproximava as pessoas que já estavam sentadas nelas logo mandavam ele se afastar ou procurar alguém do tamanho dele.
Quando finalmente conseguiu uma mesa vazia teve dificuldade para subir na cadeira e a mesa batia em seu queixo de tão alta que era.
– Droga...
– Vaza daí duende! – Disse um homem alto e forte com duas mulheres acompanhando-o – Eu quero sentar nessa mesa!
– Mas eu encontrei ela primeiro!
– E daí? Por que não volta para a Irlanda que é o seu lugar? – Ele pegou o anão pela cabeça e ergueu no ar, retirando-o a força da cadeira e, no fim, o jogou para longe.
O anão caiu de cara no chão e com dificuldade conseguiu se levantar.
– Na verdade eu sou canadense... – Ele falou baixinho para si mesmo.
Ele avistou o bar que estava praticamente vazio e foi para lá.
Harold, o barman, limpava o balcão com um pano encardido e cantarolava uma canção alegre.
– Uma doze de whisky por favor...
– Mas é claro meu... – Harold olhou para frente e não avistou ninguém, encabulado ele olhou de um lado para o outro tentando encontrar a fonte da voz, mas nada.
– Aqui em baixo!
Harold abaixou a cabeça e conseguiu ver o anão.
– Oh, olá desculpe eu não te vi.
– Eu já estou acostumado...
Se as cadeiras comuns já eram um desafio para o pobre anão, os bancos do bar eram infinitamente piores, ele os escalou com muita força de vontade e se sentiu o maior dos alpinistas quando finalmente chegou ao topo e conseguiu se sentar.
– Aqui sua bebida – Harold entregou a ele – Senhor?
– Rukzaggar – O anão respondeu enchendo a cara – Pode me chamar apenas de Ruk se preferir.
– Claro, Ruk, então, o que te traz aqui em Asgaroth?
– Bem eu...
– Saia daqui! – Uma moça gritou atrás deles, Harold e Ruk se viraram para ver o que estava acontecendo.
– Desculpe – Falou um gigante barbado, ele era tão grande que mais parecia uma montanha.
Nesse momento ele tentava passar por entre as mesas, mas sempre se esbarrava em alguém, pisava em algum lugar que não devia ou derrubava tudo que via pela frente.
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A pousada de Asgaroth
FantasyNos confins da existência beirando a racionalidade existe um lugar chamado Asgaroth, o vazio e, no meio desse grande vazio de planícies verdejantes e nada mais, existe uma longa estrada que ninguém sabe onde começa ou onde termina, mas que todos sab...