Profundezas da Inconsciência

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Kimberlly Drayton

Expirar. Respirar...
Não fazia ideia de quantas horas, dias, anos... faziam que eu estava debaixo daquele labirinto sem saída.
Mas qualquer morte seria melhor do que ficar lá em cima com Brian.
Minhas pernas estavam bambas, meu ritmo cardíaco acelerado e minha respiração irregular. Eu não sofria de claustrofobia mas não podia negar que ficar ali em baixo não estava no meu top dez de melhores aventuras.
O maior problema no momento se chamava fome.
Meu estômago não cansava de protestar de cinco em cinco segundos. Eu tinha que aguentar firme. Iria lutar até o fim para sair dali viva.
Parecia que eu andava em círculos. As vezes tinha a leve impressão de já ter passado pelo mesmo corredor centenas de vezes e somente quando comecei a marcar com um risco, o meu trajeto, foi que percebi que nesse tempo todo, realmente, mal tinha saído do lugar. Mapa idiota e sem sentido!
O melhor a fazer seria parar para descansar. Tomar um ar e ver qual seria o próximo passo. Que Deus ajude que aquela lanterna não fosse à energia... Mas claro que era, embora eu ainda tivesse esperanças de sair dali antes de ficar completamente no escuro.
Queria saber o que acontecia do outro lado. Como minha mãe estava lidando com tudo aquilo... e Richard...
Sempre que fechava os olhos, as imagens da melhor noite da minha vida inundavam meus pensamentos, me fazendo delirar em minhas fantasias.
As vezes meu cérebro até mesmo chegava a projetar slides com fundo sonoro e tudo mais que me faziam abrir os olhos querendo que tudo fosse real e não apenas fruto de minha imaginação.
Richard era minha última lembrança boa...Talvez não tão boa assim... Mas eu queria me agarrar àquilo como uma âncora. Ele podia ter me usado e sido um babaca, mas eu sabia que quando a culpa o consumisse o impulso tomaria conta dele e ele faria alguma idiotice. Esse pensamento me dava forças para continuar viva. Para sair dali sem causar danos à ninguém.
Bom... Quem sabe ao Nicholas. No caso dele, os danos deixavam de ser um problema.
Estava feliz, pensando em uma maneira deliciosamente trágica de acabar com a raça de Nicholas, quando uma picada na perna me fez soltar um grito.
Mas que diabos... De onde tinha saído aquele maldito escorpião?
O sangue escorria em uma velocidade pouco preocupante. Mas a dor era um tanto anestésica... deixou meu tornozelo levemente dormente no começo e então começou a inchar, passei a ofegar e um gosto amargo me atingiu a boca. Minha visão se escureceu e minha cabeça girou.
Droga. Eu estava morrendo.

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