Impulsiva? prazer eu

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     - Acredita que agora estou usando uma sonda? Isso é tão ridículo!
    Era ruim vê-la naquela situação. Queria ter o poder de acabar com todo o seu sofrimento.
    - Logo logo você não vai precisar mais disso.
    Revirou os olhos como se essa fosse a ideia mais idiota que já ouvira.
    - Logo, logo estarei morta. - Percebi o tom de brincadeira, mas a olhei feio ainda assim.
    Cibelly costumava ver o lado ruim das coisas antes de olhar o bom, minha mãe dizia que eu deveria ser um pouco mais assim também, mas alguém tinha que ser a otimista, não era?
    Ela tossiu um pouco, e em seguida perguntou com sua voz rouca :
    - E o tal cara gato que você mencionou outro dia? - Seus lábios se esticaram em um sorriso presunçoso.
    Desde quando Richard tinha se tornado um assunto tão interessante?
Me sentando no canto do leito, ao seu lado, respondi à sua pergunta.
    - Bom, quando cheguei para trabalhar hoje, imaginei que ele já tivesse saído, então entrei no quarto... - Balancei a cabeça rindo - Se eu te contasse como ele fica maravilhoso sem camisa tenho certeza de que você babaria.
    Sua risada era ruidosa, logo ficou séria e fez careta. Parecia estar sentindo dor.
    - Cibelly?
    Balançou a cabeça em negativo, um gesto claro de "está tudo bem", mesmo assim fiquei alarmada.
    - Então quer dizer que ele consegue ser ainda mais irresistível do que o Nicholas...? - Ela mordeu o lábio inferior - Opa, sei que não é uma boa ideia falar dele, foi mal.
    - Não se preocupe - garanti - Mas respondendo a sua pergunta, sim! Richard é ainda mais irresistível... Uma pena ser tão mesquinho.
     Falei a última parte mais para mim mesma do que para ela. Queria contar sobre a vinda de Nicholas, mas estava tão decidida a ignorá-lo, que achei melhor fingir que não tinha recebido mensagem nenhuma.
     Ao invés disso, contei a Cibelly sobre meus planos para a noite e que Martina  era minha mais nova e única amiga até agora. Ela ficou empolgada por eu finalmente "começar a agir como uma mulher solteira normal".
    Rimos, falamos sobre séries e ela me confidenciou notas mentais que havia feito sobre os médicos e enfermeiros. Em dado momento da conversa, percebi que já estava ficando sonolenta e não fazia muita questão de responder meus comentários.
    Dei um beijo em sua testa e saí do quarto, deixando-a em seu sono profundo.

    Minha mãe estava pendurada no telefone. No momento em que me viu, se despediu rapidamente de quem quer que estivesse do outro lado da linha e me abriu um sorriso.
     - Era a Nicole.
    Prendi a respiração. Nicole era ninguém mais ninguém menos que minha ex- cunhada. A querida e perfeita irmã do Nicholas. Já conseguia imaginar as boas novas que ela estava anunciando.
   - É? - Me fingi de desinformada - O que ela queria?.
   - Nicole é tão prestativa... - Falou minha mãe toda encantada.
   - Pois é - Concordei de forma monótona e sem interesse nenhum em ouvir as bajulações.
    - Ela quer nos fazer uma visita, ver Cibelly. Você sabe... Elas se dão tão bem!
    Nicole e Cibelly realmente se davam bem apesar da diferença de idade, Nicole tinha bem seus dezenove anos enquanto Cibelly ainda iria completar seus quinze.
    Minha irmã passara a vida toda esperando por seu aniversário de quinze anos. A grande festa que daria, as pessoas que convidaria, o príncipe encantado que aceitaria dançar a valsa com ela... E agora estava ali, em um quarto de hospital. Tudo isso me deixava com raiva, angustiada.
    - Você não está surpresa... - Minha mãe notou. - Sabia que ela estava à caminho, não sabia?
    Elevei os ombros.
    - Nick vem com ela? - Minha expressão foi o suficiente para tirar um olhar de pena da minha mãe. - Então vocês conversaram... - ela constatou.
     Se Nicole havia conseguido ligar para a minha mãe, significava que já deviam estar em Nova York.
    - Podemos falar sobre isso depois? - Ela apenas assentiu. Seu semblante preocupado estava começando a me incomodar. - Está tudo bem, mãe. Já sou grandinha. Vou saber lidar com isso.
     - Tem certeza, querida? Sei que seus sentimentos por Nick são reais. Reais demais para fingir que não existem.
     Travei o maxilar. Minha família havia acolhido Nicholas. O adoravam, e se alegravam com sua companhia. E por mais que eu soubesse, que minha mãe me apoiaria em todas as minhas decisões, lá no fundo, bem lá no fundo, eu sabia que ela o amava e sentia falta dele como um filho. Não poderia culpá-la por isso. Afinal, ele tinha errado comigo, não com ela.
     - Vou ficar bem. Prometo. - Forcei um sorriso e lhe dei um abraço apertado. - Agora, vou curtir minha noite!
    Deixei o hospital com o coração na mão.
    
  

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