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Skylar Stevens

A idade é algo que aprendemos a aceitar desde muito novos. Algo que não podemos controlar, senão deixarmos passar. Eu gosto de crescer, gosto de aprender novas coisas, novos divertimentos, descobrir algo novo.

Ainda de olhos fechados, consigo sentir a claridade a entrar pela janela do meu quarto, que me esqueço sempre de fechar à noite e, ainda um pouco adormecida, consigo ouvir alguns barulhos pelo chão do meu quarto e, em pouco segundos, ouço as vozes familiares que me fazem sempre sorrir.

- Feliz aniversário Skylar! – disseram eles em conjunto, enquanto seguravam no bolo de chantilly.

Logo despertei e um sorriso cresceu no meu rosto ao abrir os olhos e observar as primeiras imagens deste dia tão especial para mim. A canção habitual dos parabéns ecoava pelo meu quarto assim como os meus olhos brilhavam de felicidade.

- Vá, pede um desejo! – disse o meu irmão.

E, depois de soprar as velas, pedi o desejo que sempre quis. Uma história feliz.

- Abraço de grupo! – gritaram eles, e saltaram em cima de mim, os seus risos em sintonia.

Depois de todos terem saído de cima de mim, os meus pais disseram para me arranjar para depois irmos almoçar. A família sorridente saiu do meu quarto e logo pude ir tomar um duche rápido na minha pequena casa de banho privada.

Estive à espera deste dia há muito tempo e estou tão ansiosa para que corra tudo bem. Como combinado, hoje vou passar a manhã com a minha família e a tarde com o meu melhor amigo. Uma das pessoas mais especiais na minha vida a que posso agradecer por maior parte dos meus sorrisos e momentos da minha vida, embora ultimamente tenha estado um pouco ausente.

Depois de um duche relaxante, entrei de novo no meu quarto para escolher a roupa ideal para hoje. Afinal, não é todos os dias que se faz anos.

Do meu armário tiro umas calças pretas justas e uma t-shirt que me foi oferecida há algum tempo que, apesar de ainda me estar um pouco larga, gosto de usar. Depois de vestida, vou de novo para a casa de banho e entrelaço os longos fios do meu cabelo dourado numa trança que pouso no meu ombro.

Olho-me ao espelho e não gosto do que vejo. As minhas olheiras cresceram mais um bocado por consequência da minha ansiedade para fazer catorze anos e olheiras é algo que simplesmente desgosto.

Nunca gostei muito de utilizar maquilhagem, mas em situações como estas vem sempre a calhar. Coloquei um pouco de corretor de olheiras nas zonas mais escurecidas e passei um pouco de pó pelo rosto. Para completar pus rímel e um batom claro.

Depois de dar um jeito ao quarto, desci as escadas para o andar de baixo onde vi logo os caracóis do meu irmão por cima da margem do sofá a ver uma das suas séries em que é viciado.

Fui para a cozinha onde a minha mãe e o meu pai falavam sobre alguma notícia que está a dar na televisão. A progenitora de olhos verdes iguais aos meus, fazia a alface enquanto o meu pai terminava de por a mesa.

- Estás bonita! – elogiou, a minha mãe.

Eu sorri e sentei-me à mesa enquanto o meu pai foi chamar o meu irmão mais velho, Ashton. Ele tem dezasseis e eu tenho catorze.

Depois de um almoço em família, com vários temas de conversa, ajudei a minha mãe a lavar a loiça, enquanto os homens da casa arrumavam a mesa.

Já estava quase na hora de Luke me vir buscar, por isso assim que acabei de ajudá-los na arrumação subi as escadas e fui lavar os dentes num instante. Dei um último retoque na maquilhagem e uma última olhada no espelho.

Enquanto procurava pelo meu relógio ouvi a campainha a tocar e logo me despachei a descer as escadas antes que alguém abrisse a porta primeiro que eu.

- Eu abro! – disse, quando passei pela senhora que abanava a cabeça pela minha correria.

Pus a mão na maçaneta e respirei fundo antes de abri-la. Já conseguia ouvir o meu irmão a resmungar para abrir logo a porta.

- Parabéns, pequena!

Eu sorri ao ouvir a voz que esperei por ouvir a manhã inteira. Senti os seus braços pegarem-me no ar e ri quando os seus cabelos loiros fizeram cócegas no meu pescoço.

- Obrigada Lucas! – eu ri, ao dizer a alcunha que ele tanto odeia.

Depois de nos despedirmos dos meus pais, caminhámos lado a lado em silêncio.

Luke envergava umas calças de ganga largas e uma camisola de cavas vermelha, com os seus habituais all star.

- E então, onde vamos? – a minha curiosidade leva a melhor de mim.

Desvio o olhar para o seu rosto, observando a maneira como ele mordia o lábio sempre sem olhar para mim.

- Não te posso dizer. É surpresa. – ele diz.

- Oh, está bem.

Decidi não insistir mais. Odeio estragar surpresas. Encolho os ombros não dando muita importância ao assunto. Qualquer lugar onde vá na companhia deste miúdo é uma aventura.

Ultimamente, ele tem estado um pouco afastado de mim, começando-se a dar melhor com uma colega nossa que eu já não gosto tanto como gostava. Mas a nossa amizade continua a mesma, espero eu.

Um tempo depois, sei que me observa e estava nervoso. Eu conseguia ver o seu olhar diferente e as suas mãos a brincarem uma com a outra, como sempre faz quando está nervoso. Decidi não dar importância. Mas talvez devesse ter dado.

Os meus olhos abriram-se e de repente um grito agudo preenche a casa triste onde vivo.

Conseguia sentir o ar a esgueirar-se dos meus pulmões e eu não conseguia fazer nada para o impedir. As lágrimas de pânico começaram a escorrer pelo meu rosto trilhando caminhos molhados nas minhas bochechas, enquanto tentava chegar à bomba de oxigénio na minha secretária. Ao por os pés no chão, não consegui com o meu peso e caí de joelhos.

Encostei-me à cama para tentar regular a minha respiração, mas as memórias de dias não tão bons assombravam a minha mente.

Por sorte, ouço a porta do meu quarto a abrir-se e o meu irmão a chamar pelo meu nome enquanto caminhava pelo lugar. Do outro lado da cama eu tentei chama-lo mas sem sucesso. Assim que deu conta de onde eu estava pegou na bomba que estava na secretária e passou-a para mim.

- Nunca mais me pregues um susto destes! – Ashton abraçou-me, passando a mão pelo meu cabelo, como sempre faz para me acalmar.

O rapaz de caracóis pegou-me e voltou a colocar-me na cama, onde se deitou ao meu lado, depois de lhe ter pedido para ficar comigo esta noite.

Eu queria pedir desculpa, mas a minha voz não saía. Não era esta a vida que eu queria para ele, não era esta a vida que queria para nenhum de nós.

Skaters || Luke Hemmings [A EDITAR]Onde histórias criam vida. Descubra agora