Capítulo 19 - The Half-Blood Prince

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"Thru' enchantment - into sunlight Angels touched your eyes
Your Highness -
Electric -
So Surprise" (Vangelis)

Esther's POV

Não é exagero dizer que ser mãe muda a vida de uma mulher. Que a maternidade é o vínculo mais forte que existe na humanidade. Eu sei que meus filhos nunca entenderão que tudo o que eu faço por eles, faço porque os amo. Eles não sabem o quanto é horrivelmente doloroso pra uma mãe carregar a culpa que eu carrego.

Eu não apenas ajudei a criar monstros, eu transformei em monstros os meus filhos. Os bens mais preciosos da minha vida foram violados de maneira impiedosa por mim. Não há um minuto da minha vida em que eu não me pergunte como teria sido a vida deles, se eu as tivesse deixado seguir o seu curso. Se eu não tivesse condenado todos eles.

Eu sei que Michael os queria mais fortes para que sobrevivessem, para que sobrepujassem os inimigos. Mas a maneira como escolhemos fazer isso foi um erro. Um erro que custou nossa unidade enquanto família.

Eu tenho tentado de todas as maneiras possíveis consertar esse erro, mas sempre, por algum motivo que desconheço, as coisas fogem do controle e acabam não dando certo. É como se a natureza quisesse continuar a me punir por ter me voltado contra ela e ter quebrado o ciclo natural das coisas. Eu me sinto responsável por cada vítima que meus filhos fizeram em todos esses anos, todas as filhas que não voltaram pra casa, porque tiveram suas gargantas cortadas por um deles, todos os pais e mães de família que não puderam voltar pra casa e encontrar seus filhos, porque em seu caminho encontraram um dos meus. Me sinto responsável por todos os outros que foram criados por eles, direta e indiretamente. Todos aqueles que se deixaram seduzir pela "dádiva" da imortalidade. Que na verdade é uma maldição.

A minha última tentativa de por fim ao meu tormento, pondo fim a existência desastrosa de meus filhos, reequilibrando a natureza e o mundo finalmente deu certo. Tecnicamente. Eu tive que recorrer às bruxas mais poderosas que eu conhecia, que estavam do outro lado. Aquelas que eram mais poderosas que eu jamais fui. Não é fácil chegar nessas bruxas, mas tendo Tessa como aliada, eu passei a ser uma pessoa confiável. Elas passaram a acreditar que eu merecia alguma confiança e arquitetaram comigo o meu plano de redenção.

O que eu precisava para que tudo funcionasse era algo tão antigo, que cheguei a duvidar da sanidade mental delas quando uma me disse: "tudo será resolvido com um feitiço de fertilidade". Não é preciso ser bruxa para fazer um feitiço de fertilidade, quantas mulheres não fazem isso até hoje como seus banhos de ervas, velas e simpatias? Mas, aos poucos, eu fui percebendo que não era um feitiço de fertilidade qualquer, nem destinado a gerar um ser qualquer.

A mais velha delas, chamada Abnara, falou lentamente, como se tivéssemos todo o tempo de mundo, ou como se eu não fosse capaz de entender se ela falasse mais rápido:

– Você, um dia, tentou unir todos os seus filhos, para que a morte de um fosse a morte de todos. Isso não funcionou. E o filho de sua culpa é mais que um vampiro, é também um lobisomem. Um híbrido. Nós vamos ajudar você, unicamente, porque acreditamos que a única maneira de restabelecer o equilíbrio, é que as duas espécies sejam extintas. E você tem o reprodutor perfeito.

– Então não precisamos de feitiço de fertilidade algum. O meu filho "reprodutor perfeito" vai ser pai, podemos usar essa criança para os nossos propósitos.

Tessa olhou para as outras bruxas, que pareciam prestes a perder a paciência comigo e me explicou:

– Usar essa criança não vai funcionar para o seu propósito, ou melhor, o nosso propósito. Nós estamos gerando uma vítima para um sacrifício. Não podemos ser amadoras, com as bruxas vivas em New Orleans, que se encontram nesse exato momento andando em círculo por pura incompetência sobre o tema.

Red Ice - fanfic KlarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora