De Novo Lauren II

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Quando chegou o dia, ao acordar, meu coração já parecia querer sair do peito só de pensar que logo a veria de novo, chegava a me faltar o ar, mas percebi que teria que usar de todo o meu controle para que meu plano desse certo, ou seja, queria mesmo seduzi-la essa era a verdade, e tentar reacender nem que fosse bem lá no fundo, o amor que um dia nos uniu. Logo o telefone tocou e Sir Robert, como gostava de ser chamado meu velho amigo, falou de imprevistos que o impediam de ir buscar Lauren no aeroporto e que pediria ao filho para fazê-lo.

Agradeci a atenção e com uma voz um pouco mais ansiosa que eu esperava, pedi para trazê-la logo para minha casa se isso fosse possível. Assim que ele desligou, me bateu a ansiedade da espera, como se naquele dia fosse ser decidido o rumo que deveria tomar a partir de então.

Até Roger que era sempre muito discreto quanto se tratava de minha privacidade, notou que algo estava para acontecer e dentro de sua natural fleuma britânica me questionou:

_A senhora me perdoe, mas está precisando de algo? Sinto que está ansiosa e talvez eu possa trazer algo que a acalme.
_Obrigado Roger, mas não necessito de nada. Estou esperando a visita de uma antiga amiga que provavelmente chegará com Cameron. Estarei esperando na sala do piano e quando chegarem os conduza até lá.
_O filho do velho Sir Robert? Ele também virá madame? Pergunto para saber se será necessário preparar algo para um coffee break.
_Não virá Roger, mas se precisar de algo lhe chamo. E Sofi onde está?
_Está na sala de brinquedos com a senhorita Lucy.
_Que bom, estarei no piano então e me dirigi ao único lugar que sabia me acalmaria.

Desde criança o piano sempre foi a válvula de escape para me esconder dos problemas. Nele eu sempre encontrava as respostas. Então mais uma vez, ao começar a dedilhar suas teclas, esperava encontrar nelas a força necessária para ter Lauren em meus braços. Eu não tinha ensaiado nada para esse encontro e pensava que o melhor seria deixar agir o coração. E realmente me fez bem porque não vi passar o tempo e foi inesperado quando escutei os dois toques na porta para logo depois ouvi-la se fechar.

Não precisei me virar para saber que Lauren estava ali. Seu cheiro era inconfundível apesar dos anos e o reconheceria em qualquer lugar do mundo. Era o cheiro de minha saudade e foi o que disse para ela. Se eu esperava ver uma mulher abatida, encontrei em seu olhar a mesma determinação que se via na adolescente de muitos anos atrás. E isso só fortaleceu a determinação que tinha de novamente fazer Lauren presente na minha vida, já que ela parecia ter superado bem a perda de sua mulher.

Mas ela logo esclareceu que diferente do que eu pensava, era justamente Keana que lhe dava forças se fazendo presente de uma forma ou outra dentro de sua vida. Então tentei algo sutil, fornecendo ajuda nessa missão que ela se dedicava como meta em sua vida pelos próximos anos me aproximando lentamente. Logo depois fomos interrompidas pela entrada súbita de Sofi e Lucy que parece que se surpreendeu em me ver ali com outra mulher e não disfarçou seu ciúme, fiquei preocupada que Lauren percebesse algo. Ela logo falou o que todos falavam quando a viam, que a menina tinha meus traços e que realmente era linda, modéstia a parte que me cabe.

Assim que elas saíram, tentei uma nova aproximação, agora mais declarada e percebi que ainda exercia algum efeito, já que logo Lauren se descontrolou alegando cansaço de viagem.

Não quis pressionar mais, apesar de quase não conseguir conter minha empolgação, mas preferi deixar para um jantar marcado, que seria mais uma armadilha que qualquer outra coisa. Lauren não queria que eu percebesse que quase fugiu, mas logo que ela saiu por aquela porta eu comecei a planejar um ataque definitivo para a noite seguinte.

O dia seguinte chegou e eu planejei todas as formas de como literalmente partir para o ataque. Certifiquei-me de que dessa vez Lucy não nos interrompesse, antecipando o jantar de Sofi e recomendando que ela não saísse do quarto da menina.

Ela claro sabia de minhas intenções mas engoliu seu despeito e nada disse. Quando Lauren chegou descobri que ela também devia ter lá seus planos, pois estava vestida para literalmente matar de desejo quem a olhasse. Mas acredito que empatamos nesse quesito, porque percebi que ela também buscou a respiração. Falamos do passado quando ela perguntou sobre mamãe e percebeu que não havia mais a ligação de mãe e filha, o que me deixou chateada, pois a lembrança de dona Sinuhe só me trazia péssimas recordações. Tentei sair desse assunto que me aborrecia e durante o jantar levei nossa conversa para o assunto em comum, o concerto que teríamos que elaborar juntas. E o jantar transcorreu de uma forma leve onde a deixei falar com entusiasmo de seus projetos. Mas o clima se transformou totalmente quando ela encheu a boca para falar de Keana, de que Keana era maravilhosa, de como Keana fazia isso ou aquilo enfim, era só elogios para a mulher morta.

Eu não agüentei saber que pelo que tudo indicava, ela tinha amado essa Keana e passei a ser irônica, para abafar meus ciúmes. Além disso, tinha recebido mais cedo um telefone de Sir Robert que tinha comentado como seu filho tinha ficado fascinado por Lauren. Então tudo explodiu quando ela com uma arrogância desmedida fez questão de julgar os meus sentimentos. Não pensei em mais nada, só em tirar de seu rosto aquele sorriso de ironia e literalmente a ataquei com a vontade acumulada de anos e quase engoli sua boca num beijo que não deixava dúvidas de minhas intenções.

E vi acender em seu olhar o mesmo desejo que me extasiava quis novamente me saciar em seu gozo, não querendo saber se ela já tinha sentido as mesmas emoções com a outra. Naquele momento ela se rendia a mim outra vez e quando quase toquei seu sexo para senti toda a umidade que meu beijo tinha provocado. de repente sem que eu esperasse, ela conseguiu segurar minhas mãos e se afastar como se fugisse de um demônio. Eu sei que ela estava correspondendo a minha excitação, o que me deu a certeza que seu amor pela mulher morta era mais forte que qualquer sentimento que ainda nutrisse por mim e a odiei como nunca odiei outra pessoa, pois o gosto amargo da rejeição nunca antes sentido se fez presente.

E descobri que nunca se deve agir com a cabeça quente porque naquela noite cometi um de meus maiores erros, dos muitos já feitos, mas que com certeza me arrependerei até os fins de meus dias.

Ao ver Lauren de sair por aquela porta subi furiosa as escadas, indo me esconder em meu quarto onde poderia desabafar toda minha frustração. No corredor me encontrei com Lucy que saia do quarto de Sofi com uma camisola que no mínimo diríamos ser mínima, porque não cobria muito de seu corpo jovem e cheio de curvas desejáveis.

Não pensei duas vezes cedendo à vontade que ela tinha de ser possuída por mim e ao meu tesão insatisfeito. A peguei com força pelo braço e a joguei sobre a minha cama sem me preocupar se Roger ou outro empregado ouviria. Ela tentou me tocar, mas eu era mais forte e segurava seus braços sobre a cabeça, e descia com voracidade meus lábios, só a soltando quando cheguei e encontrei seu sexo encharcado de desejo e me deliciei com seu líquido abundante, lambendo seu sexo como uma fruta a ser degustada e Lucy não continha mais seus gritos, sem se importar se era ouvida fizemos sexo da forma mais imoral possível durante boa parte da noite.

Senti tanto nojo de mim que imediatamente me levantei antes que ela acordasse, e quanto isso aconteceu, eu estava sentada em uma poltrona que ficava em frente à cama e fiz algo que me deu mais repugnância ainda, mas que se fazia necessário diante da situação:

_Quero que arrume suas coisas e saia dessa casa antes do almoço. fui dizendo com uma expressão e voz que só havia visto em dona Sinuhe quando queria ser obedecida.

Não quero me lembrar das palavras que ela usou, claro em espanhol em alto e bom som, mas que percebi logo que se calariam com o pomposo cheque que eu tinha a oferecer pelos serviços prestados. E diferente do que possam pensar que ela se ofenderia por ser paga como uma prostituta seria, ela mostrou sua verdadeira face ao pegar aquele cheque e saindo toda feliz pela porta da frente.

Não que eu me desiludisse, pois o gênero humano realmente não me surpreendia, mas esperava pelo menos que ela disfarçasse melhor. Se Roger ou qualquer outro empregado notou o ocorrido, nada foi comentado e o caso enterrado.

Nos ensaios que se seguiram, Lauren não apareceu e a vi novamente só no dia da apresentação. Ver é força de expressão, pois eu estava com tanto ódio que não a olhei diretamente nenhuma vez, mas quando ela subiu naquele palco e começou a falar da mulher , percebi que ela através de todo o discurso sobre amores impossíveis e das qualidades da mulher morta, que era um aviso para que eu me afastasse, porque seu coração já estava ocupado por uma mulher que soube amá-la de verdade., desisti dentro de meu íntimo de outra vez ter seu amor mesmo sabendo que a partir daquele momento eu seria apenas metade de mim. E ao receber os aplausos no fim, nossos olhares se encontraram para se despedirem, eu agora sabia, para sempre.

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