Rodrigo:
-Ele o que?.-pergunto chocado.
-Ele é da máfia.
-Não estou entendendo nada Isabel, como o conheceu?.-me endireito no sofá esperando uma resposta.
Ela suspira e se senta encarando o teto.
-Eu vim para a Austrália em busca de paz Rodrigo, paz espiritual, paz emocional.-me encara com pesar.
-Queria se afastar de mim.-digo com dor.
-Sim, e foi então que tudo aconteceu, comecei a trabalhar na empresa do meu pai, o primeiro mês passou voando, e você, maldito, ainda fazia parte de cada pensamento e cada dor que eu poderia ter, e então um dia qualquer, de trabalho... Eu o conheci.
-Na empresa?
-Sim, ele queria fechar um negócio com a nossa empresa, assim que eu entrei naquela sala vie seus olhos voltados para mim, e com eles seu sorriso de lado, sedutor... Pronto para amparar a tristeza de qualquer pessoa, até mesmo a minha.-diz me fitando.
-Fechamos o negócio, e na saída da reunião ele veio atrás de mim, agradeceu pelo fechamento do contrato, e com um olhar terno me chamou para tomar um café após o trabalho.-E você aceitou.-digo com raiva.
-Como queria não ter aceitado.-vejo uma lágrima escorrer.
-Ficamos cada vez mais próximos, ele me dava carinho, me dava amor e me fazia especial.-Você o amava?.-pergunto sentindo o nó em minha garganta se formar.
-Não.-sorri de lado.
-Eu sempre amei uma única pessoa... Ele apenas me dava o que eu precisava naquele momento entende? Apoio, suporte.-E você se deixou levar.
-Sim, ele tinha um interesse grande na empresa, nunca estranhei, só pensava que o interessava, mas não era isso que passava na cabeça dele.
-Começamos a namorar, ele me seduzia a cada dia, até eu entregar uma das poucas coisas que tinha, meu corpo, minha inocência, deixei que ele me fizesse dele.Minha raiva é evidente e aperto as mãos em soco.
-Ele foi bruto, não tinha nem um pouco de delicadeza em seus atos, e sim dor, me senti um objeto, mas coloquei em minha cabeça que não era por mal, e sim seu jeito.
-Não a nada de normal em alguém que no lugar de te amor te dá dor Bel.-meus olhos faíscam de indignação.
-Eu sei, mas no momento não pensei nisso, apenas queria entender, não suportaria outra desilusão, só queria um pouquinho de amor que ele podia me dar.-soluça e então vejo as lágrimas grossas caírem em seu lindo rosto.
Tudo culpa minha, se eu não a tivesse ignorado, tivesse dado o amor do qual ela merecia...
-A culpa é minha.
-Não, ninguém tem culpa, apenas eu por ser burra.
-Depois daquele dia eu sempre fugia de seus toques mais quentes, apenas beijos rolavam, mas então o inesperado aconteceu.-sorri torto entre as lágrimas.-O que?
-Com tonturas e vômitos me fiz ir ao hospital, e então descobri que carregava uma nova vida, e só então parei para pensar que não usamos proteção.
-Kathryn?
Ela balança a cabeça concordando.
-Apesar da situação eu fiquei feliz, uma criança pra cuidar, pra dar amor, e para receber o mesmo, eu a queria tanto, e então me coloquei a contar para Arnold.
-Fui a seu apartamento, ele me recebeu como sempre, beijando meus lábios e aparentemente feliz, mas assim que disse que estava grávida dele, o mundo começou a mudar.-O que ele fez?
-Me deu um tapa no rosto.-sorri amargamente.
-Desgraçado.-grito me levantando com a mão na cabeça de raiva.
-Disse que ele não era pai de nem um bastardo, me culpou por engravidar, e por último me pegou pelo braço me sacudindo e contando toda a verdade.
-Que ele é da máfia.
-Sim, mas além disso ele queria a empresa do meu pai, mas isso não teria como, então ele queria extorquir o máximo possível da empresa as minhas custas.
-Não concordei com tudo, ele me bateu novamente e me obrigou a entrar no carro me levando até a mansão que estávamos hoje.-O que ele fez?
-Me obrigou a ficar lá por longos 8 meses, sem sair nem mesmo para ir ao médico, virei sua prisioneira, até o dia em que minha bolsa estourou.-e o sorriso volta para seu rosto.
-Matilde fez meu parto, quando cheguei todos já viviam naquela casa, mas chantageados por ele.-Ele é um desgraçado maldito.-digo me sentando novamente.
-A sensação que eu tive ao escutar o choro e Matilde dizer ser uma menina nunca foi melhor do que qualquer outra coisa, tão pequenininha, gordinha, parecia um bolinho de tão fofa, meu bolinho.
-Arnold não apareceu por lá, e para todos que me conheciam eu estava em uma longa viagem de férias todo esse tempo, e foi só com 2 meses que reparei que o olho da minha menina não tinha foco algum, era cega de nascença.
Quando Arnold apareceu quando ela tinha 3 meses eu implorei para levar a bebê em um hospital, para quem sabe achar uma cura, mas como esperado ele não deixou eu colocar um pé com a menina fora daquela casa.-E porque ela está naquela casa e você não?
-Com 4 meses de vida minha menina foi separada de mim, Arnold me obrigou a voltar para minha vida, porém sem minha filha, e ainda roubando dinheiro do meu próprio pai para ele, e em troca dos meus "favores", minha menina permanece viva, sendo cuidada por pessoas das quais eu confio, e podendo fazer visitas semanais.
-Isso é um absurdo, mesmo ele sendo da máfia precisamos dar um jeito nisso, ele tem que ser preso.
-Minha menina nunca presenciou o mundo, apenas a casa onde cresce e o barulho da floresta que a banha ao redor, eu só quero tirar ela de lá, mostrar que existe muito mais que aquilo, e que eu a amo muito.
-Vamos tirar ela de lá, mostrar que ela tem a nós, entendeu? Não só a você, apartir do momento que eu a vi ela se tornou não só sua, mas nossa, vou cuidar dela e de você amor, prometo fazer com que se tornem felizes, e eu sempre estarei ao lado de vocês.-a puxo para mim beijando seu lábios.
-Só não me deixe.-pede baixinho.
-Nunca, nunca mais irei ficar longe de você, eu te amo, e sempre estaremos assim, juntos.
Salvação.
Redenção.
Salvação.
Paixão.
Salvação.
Com todo carinho e amor que possa existir no mundo, sempre tentarei ser uma salvação para minha garota.
"Do seu lado eu estarei, e dele eu te amarei até meu último suspiro."
VOCÊ ESTÁ LENDO
"Um Amor Para Dois"
RomantikLivro continuação de "Destinos Traçados", mas não precisa ler ele para entender "Um Amor Para Dois". "Sabe porque eu te amo? Porque você me salvou" Rodrigo Montenegro, um homem que apesar de gostar de festas sempre está dedicado ao trabalho. Ele usa...