Isabel:
Respiro fundo, dormir, é o que tento fazer a horas, mas não consigo, minha mente só consegue seguir para a catástrofe que minha vida se tornou nos últimos anos.
Olho para o lado e me dá ânsia só de ver com a tranquilidade que Arnold consegue dormir, como se fosse normal toda essa situação. Respiro fundo e um par de olhos aparecem em minha mente, sorrio, bobo coração, já foram anos e ainda sinto toda essa reviravolta dentro de mim, meu órgão traidor bate descontroladamente.Acordo cedo, Natal, um dia que deveria ser tão feliz... Mas ela não está aqui, meu bolinho não está aqui, então não tem porque ter empolgação. Arnold dorme quando me levanto, visto uma calça jeans e uma regata vermelha, nos pés coloco sapatilhas, deixo meus cabelos soltos e saio do quarto descendo as escadas correndo.
-Aí.-braços firmes me seguram no fim da escada ao bater de frente com a muralha de músculos.
Me sinto frágil, Rodrigo me segura em seus braços e seu rosto está a centímetros do meu. Sinto seu toque em minha cintura.
-Desculpe.-tento ser firme, mas falho cegamente.
Merda.
-Tudo bem.-diz com um sorriso, e mais uma vez meus impulsos traidores estão presentes quando meus olhos seguem para seus lábios.
Que merda está fazendo Isabel?
-Dormiu aqui?.-pergunto me afastando de seus braços.
-Sim, em um dos quartos de hóspedes, estava tarde ontem, e hoje eu teria que voltar... então.
Apenas afirmei e sorri de lado.
-Quer uma xícara de café? Eu estava indo fazer isso.-mudo de assunto e sigo até a cozinha.
-Claro.-ele me segue e se senta no balcão.
Enquanto preparo o café sinto seus olhos atentos em mim, o que tem de errado?
-O que foi?.-pergunto com um sorriso.
Ele sorri de volta e responde normalmente.
-Dês de quanto você toma café Bel?
Ele tinha reparado nisso? Como ele pode ter percebido isso na minha adolescência...
-Os hábitos mudam.-dou de ombro.
E a dor de cabeça também, café ajuda a relaxar os nervos, cálculo mentalmente.
-Ainda gosta de calda vermelha nas panquecas?
Me viro estranhando, como ele sabe isso? Nunca nem olhou direito em minha cara.
-Sim, com certeza.
-Sabe, eu via o modo com que você comia, diferente de todos que comem com a mão direita... Você não é canhota e come com a esquerda.
Ok, isso estava esquisito, tudo que eu tentei fazer... fazer ele reparar anos atrás ele sabia? Mas como?
-Desculpe, não queria te assustar.-diz divertido.
-Não me assustou.-sorrio e estendo uma xícara de café forte e sem açúcar para ele.
-Forte e sem açúcar.-digo levando o meu a boca.Ele olha surpreso, pensou que era só ele que sabia algum gosto meu? Xeque mate.
-Observadora.-sorri.
Não sabe o quanto...
Queria ter chance, chance para ao menos dizer o porquê que eu sei dessas coisas, contar que o reparei e tentei chamar sua atenção durante anos.
Com o passar do tempo a casa começa a se movimentar, vira uma conversa tremenda, e eu apenas escutando e sorrindo, enquanto tenho Arnold grudado ao meu lado. Às vezes troco olhares com Rodrigo e não sei o que está acontecendo, porque de repente ele olha pra mim? Me observa, como se tivesse algum interesse em mim.
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"Um Amor Para Dois"
RomanceLivro continuação de "Destinos Traçados", mas não precisa ler ele para entender "Um Amor Para Dois". "Sabe porque eu te amo? Porque você me salvou" Rodrigo Montenegro, um homem que apesar de gostar de festas sempre está dedicado ao trabalho. Ele usa...