bitches broken heart

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O final de semana passou muito mais rápido do que eu queria que tivesse passado. Queria apagar de minha cabeça as imagens que eu tinha daquela infame festa da qual arrependi-me tanto e tanto de ter ido. Fiz isso para agradar SeulGi, e isso é a única coisa para fazer com que eu não me deteste tanto. Ela, na verdade, foi a única a estar do meu lado durante os momentos de merda que tive.

Chorei no colo de minha única amiga quando voltamos da festa, e ela acariciou meus cabelos sem dizer nada. Eu estava irritada, não acreditando no fato de ter atrapalhado um casal sem nem saber o que caralhos estava acontecendo entre os dois. Estava odiando Lucas por ter feito o que fez, e por ter julgado SeulGi sem nem ao menos saber o que realmente tinha acontecido.

- Por que ele disse aquilo? - questionei. Ela passou alguns segundos em silêncio antes de suspirar.
- Conheço Victoria, lembra? Não ando com ela, mas estava na mesma classe que eles. As vadias daquela turma não são de expôr suas vidas, não teria como eu saber.

Ela estava triste, eu sabia. Tomamos banho antes que dormísssemos quando já era tarde da noite, cerca de 4 da manhã, e eu me abracei em seu corpo para que pudesse me acalmar. Suas mãos entre meus cabelos e seus lábios em minha testa me acarinhavam, tentavam relaxar-me e conseguiram. Agradeci por sua presença em cada segundo.

A segunda-feira, infelizmente, chegou rápido como um pássaro em voo. SeulGi fez companhia a mim e à minha família durante todos os momentos do fim de semana, e anda comigo do caminho de onde paro meu carro até a entrada do colégio. Sua mão aquece-se na minha, uma vez que está tão frio, especialmente hoje. Usamos roupas semelhantes, compondo-se de calças jeans bem apertadas e moletons azulados, seus lábios cobertos em rosa enquanto os meus nem mesmo tem maquiagem sobre eles.

- Está pronta para hoje? - ela questiona, inutilmente. Dou de ombros, sem forças.
- Preciso estar.

Ela suspira, curvando-se sobre meu ombro e beijando-o sobre a roupa. Acaricio sua cabeça, então.

- Eu estou sempre aqui por minha pequena Lou.
- Sempre?
- Bem, quase sempre. Agora, vou ao clube de teatro antes que as aulas comecem. Espera na sala?
- Como sempre.

Ela me lança um sorriso compassivo e deposita um beijo em minha bochecha. Então, vai pisando com os sapatos de boneca pelo concreto. Respiro funda, sozinha, e sabendo que terei de encarar um dia difícil com tantos comentários a serem feitos sobre a desastrosa noite de sexta.

Entro pelas portas do colégio e recebo olhares mistos entre indignação, surpresa, pena, além de escárnio. Quero só ir até meu armário e pegar meus cadernos, e depois esconder-me no fundo da sala até que esqueçam que eu existo. No caminho, escuto risadas, e elas me irritam pois sei que são para mim. Eu e Lucas nem ao menos transamos e todos ao redor me veem como a vadia que o tirou de sua namorada. Ótimo pensamento para as 7h da manhã de um dia congelante.

No meu caminho exausto e desgastante, vejo uma cena que me deixa ainda mais desconcertada. Perto da sala da turma 300-A, vejo Victoria e Lucas encostados nos armários. Eles conversam, em voz baixa, ao invés do escândalo que performavam durante a madrugada da festa. Ele toca seu rosto e ela mantém seus braços cruzados, não focando seus olhos em seu rosto, mas olhando para seus pés. Lucas, por fim, abraça-a e beija seus cabelos escuros com carinho. Passo pelo corredor e vejo seus olhos encontrando os meus enquanto Victoria têm seu rosto enterrado no peito dele.

O sinal toca indicando o início das aulas, e minhas mãos estão quentes como acredito que meu rosto também esteja. O casal separa-se e eu vejo a movimentação começar vagarosamente a circular pelos corredores. Quando chego a meu armários, à pouca distância dos pombinhos, abro meu armário e pego alguns cadernos, a cabeça nas nuvens e sem nem prestar atenção no que minhas mãos pegam. Na pura confusão em minha mente fodida pelo cansaço e pelas sensações doloridas, deixo alguns deles caírem ao chão. Ah, que caralho. Hoje está sendo um dia dificílimo.

copycat ;; ksgOnde histórias criam vida. Descubra agora