no.1 bitch

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Espero solitária em meu carro. Braço doendo, mãos tremendo, engolindo pílula após pílula para aguentar a dor e o medo. A dor e o pânico. A dor e a vingança que corre em minhas veias. Lembro-me de Lucas a cada segundo, meu estômago revira. Sinto a cabeça de Victoria deitada sobre meu ombro, ela suspira por algumas vezes, pesarosa.

- Você sabe que não será a mesma depois disso. Eu sinto muito.
- A culpa não é sua. Ela é minha. Eu a deixei te levar.
- Eu te imploro por apenas uma coisa.
- O quê? - questiono, guardando as lágrimas em meus olhos enquanto fecho-os. Victoria está cada vez mais frequente ao meu lado, e é como se eu fosse enlouquecer. Ela suspira mais uma vez, a mão pequena e fria tocando meu ombro.
- Não permita com que ela te obrigue a me encontrar.

As palavras são mais do que sei aguentar, e desabo sobre a guia enquanto volto a sentir-me sozinha, enquanto Victoria parece ir embora. Minhas paranoias estão cada dia mais frequentes, eu vejo Victoria cada dia mais e mais, e escuto sua voz, e sua risada, eu juro estar enlouquecendo. Cada momento é mais difícil quando vejo a faca que reluz entre meus dedos. Cada batida de meu coração é mais dificultosa quando vejo Lucas morrendo em meus braços, segurando a mão de Victoria enquanto caminham juntos para a eternidade. É uma realidade cada vez mais próxima e sufocante, e nem mesmo consigo enxergá-lo ao meu lado, não mais. Mesmo que acorde, eu o quero longe de mim. Quero protegê-lo de mim, de meu tão violento e cruel destino. Depois de hoje, outra lembrança marcada a ferro colorirá minha mente a cada amanhecer e anoitecer, mas entrego minha alma a quem quiser tê-la quando tenhi consciência do pecado mortal qur minha mente planejou, e promete executar. Minhas mãos tremem, e eu largo a faca no banco ao meu lado.

Ouço o barulho de outro carro achegando-se ao lugar onde estamos. Alto, em um planalto, chão de terra, posso ver os raios de Sol de fim de tarde repousando lentamente sobre o horizonte. Ainda falta tempo para a luminosidade abandonar o dia, mas suspiro fundo, decidida. Aqui é vazio o suficiente, silencioso o suficiente. Ela sabe a razão para estar aqui, e eu também sei. Quando abre a porta do carro, bate-a, parando frente ao meu carro, ela cruza os braços enquanto olha para mim através do painel. Eu, então, escondo a faca no cós de minha calça, e decido encarar o que vai ser o meu último destino, ou o dela. Não há volta.

- Você é corajosa, Louise. Muito corajosa. Toda fodida, e ainda vem até mim, me desafiando - ela diz, irônica.

Suas lentes azuis ainda estão em seus olhos, e os cabelos loiros soltos sobre os ombros. Uma farsante.

- Eu não a desafiei - digo, com segurança. Ela levanta as sobrancelhas e solta uma risada, com os braços cruzados frente ao peito.
- O que deseja, então?
- Ah, SeulGi - digo, e a faca parece tremer, em vida própria, por dentro de minha roupa. - Eu quero saber quem foi que te deu o direito de foder comigo desse jeito.

Ela ergue as sobrancelhas, surpresa por ver que eu não a temo. Lambe os lábios, então, e retorce-os.

- Por onde quer que eu comece? Por sua reputação destruída, pela morte daquela cadelinha ou pelo meu plano falhado de acabar com seu namoradinho? Começo por onde desejar, querida.

O sangue ferve em minhas veias, mas eu só consigo repetir o mesmo para mim: aguente aguente aguente aguente aguente. Eu preciso ser forte, preciso ouvir de sua boca. Ela vai me falar, nem que para isso eu precise arrancar a verdade fora de sua boca.

- Comece do início. Por que fez isso?

Ela balança a cabeça como se fosse óbvio. Então, descruza os braços e decide andar de um lado para o outro, prendendo nela minha atenção.

- Desde pequena, nada foi meu. Eu queria olhos em mim, queria ser notada. Eu cometi erros, fui para a prisão, fui tratada como lixo. E por quê? Porque ninguém ao meu redor olhava para mim. Eles só foram perceber quem eu era quando eu mostrei do que era feita. Então, eu vi você. Tão linda, desejada, um diamante lapidado no meio de cascalho. Você não podia ser a única a receber tanto amor. Eu merecia isso.

copycat ;; ksgOnde histórias criam vida. Descubra agora