formidable

77 7 92
                                    

Passei alguns longos dias em um hospital, internada. Acabei com 3 costelas quebradas, uma concussão, orgãos internos feridos e um braço partido de brinde, além das dezenas de escoriações por todo o rosto que um dia fora considerado bonito. Beleza era a única coisa com a qual eu me importava antes, mais ainda depois de ter afundado até a cabeça em um mar de sufoco. Soube que, naquele mesmo dia, Victoria Song fora presa, saindo de trás das grades apenas com uma fiança de 1500 euros. Na 1a visita de SeulGi ao hospital, também descobri que ela fora expulsa do colégio, mas pedi para que meus pais não a processassem. A merda já estava grande o suficiente, e fazê-la crescer ainda mais não estava em meus planos.

O tempo no hospital foi solitário, e minha família pouco me visitava. SeulGi era a única presente todos os dias, por pelo menos 2 horas, e sempre trazia algo para me animar. De vez em quando trazia doces, de outras trazia filmes, mas sempre vinha com o mesmo carinho e delicadeza. Contei-lhe sobre a história dos cartazes, e ela me parecia indignada com a situação. Para ela, algo não encaixava em tudo aquilo, mas para mim também não fazia sentido. Alguém queria ver-me queimar até virar cinzas, e doía (e dói) admitir que a cada dia chego mais próximo de sucumbir.

Lucas veio no 4° dia de internação, e trouxe para mim um buquê de rosas cor de rosa. Não queria que ele tivesse visto-me da forma como viu, machucada, triste e extremamente vulnerável, mas não tive como impedí-lo. Ele não se importou que eu estivesse inteiramente ferida, e apenas pôde pedir perdão por aquela que já não mais era sua namorada, e que estava presa em sua casa desde o incidente. Quando soube de minha solitária jornada que me acompanharia até meus órgãos funcionarem direito, Lucas decidiu que viria todos os dias me visitar. Porém, ele só o fazia de madrugada, para que não encontrasse com SeulGi enquanto lá estivesse. E foi em um desses dias que ele resolveu tentar fazer minha cabeça.

- Você pode não acreditar em mim, mas deveria. Você era perfeita, Louise, perfeita. Todas as garotas queriam ser como você, todos os garotos queriam você. Sua vida escorreu pelo ralo quando SeulGi resolveu aproximar-se.
- Por que insistem em pôr nela toda a culpa? - questionei, e ainda que meu maxilar estivesse doendo como o inferno, eu ainda consegui travá-lo, irritada.

Lucas, deitado ao meu lado na cama, suspirou e apertou-se mais contra meu corpo.

- Louise, eu gosto de você. Muito mais do que você imagina, e é por isso que eu quero proteger você. SeulGi não é quem você pensa que é, ela quer tomar esse lugar que só você tem. Por favor, ouça o que eu te digo, e tome cuidado. Ela não vai descansar até ter o que quer. Eu não posso simplesmente afastá-la de você, mesmo que essa fosse minha maior vontade.

Cerrei seus lábios com meu dedo porque não queria ouvir. Nada fazia sentido, não da forma como ele queria que fizesse. SeulGi cuidava tão bem de mim, estava comigo quando ninguém tinha a intenção de estar. Os problemas que foram causados em minha vida aconteceram por minha causa, não por causa dela. E, por mais que eu gostasse de Lucas muito mais do que pensei que realmente me permitiria deixar, não iria compartilhar de seus pensamentos que eu sabia serem confusos.

Beijei sua boca, e ele suspirou contra a minha, parecendo desistir de tentar me convencer. De qualquer forma, o mais importante estava ali, dentro daquele quarto escuro de hospital, em meio aos barulhos de monitor cardíaco e aos eletrodos ligados em meu peito.

- Eu só quero cuidar de você - Lucas mais me suspirou do que em fato disse, puxando para si meu lábio enquanto delicadamente posicionava-se sobre meu corpo. Sorri-lhe com carinho.

Já estava tarde, e ninguém estava nos corredores. Ninguém veria um casal se beijando com tanto amor entre os lençóis finos, mas eu queria mais do que aquilo quando desabotei os botões de seus jeans e puxei-lhe para mais perto.

copycat ;; ksgOnde histórias criam vida. Descubra agora