goodbye.

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Minhas pernas fraquejam no caminho pelo corredor do hospital. Sangue escorre por meu corpo, e eu juro ver alguns pares de olhos me encarando como se eu fosse uma ameaça, mas outros parecem apenas extremamente preocupados. Tento me esconder dentro de meu casaco, mas meu coração bate apressado. Sinto dores excruciantes no corpo inteiro, e é dessa forma como chego no balcão do hospital, tendo uma recepcionista arregalando os olhos quando me vê.

- Preciso falar com o doutor Jung.
- Senhorita, me parece que precisa de atendimento emergencial. Chamarei algum médico de plantão, e...
- Eu preciso falar com ele.

Ela contorce o rosto. Vê minha total necessidade de cuidados médicos, mas parece ter medo da forma deplorável como me porto.

- O que quer falar com ele? - questiona, torcendo o nariz. Suspiro.
- É ele quem cuida de Lucas Wong. Sou sua namorada. Descobri que ele despertou do coma.

A mulher arregala os olhos e nem mesmo olha mais para mim depois disso. Dessa forma, vejo como ela pega o telefone e digita algum número para algum ramal, e diz algumas palavras inaudíveis para mim. Então, corre os olhos por mim por mais uma vez, e bate o telefone logo depois.

- Aguarde. Ele já está a caminho.
- Obrigada.

Viro as costas para ela, e escuto um audível suspiro assustado quando o faço. Pudera. Meus cabelos loiros estão empapados de sangue e eu manco do joelho direito, dolorida e exausta. Nem mesmo tenho tempo ou condições de me sentar em um dos banquinhos de plástico branco da recepção, pois escuto meu nome ser chamado, com grande preocupação. Viro-me. Doutor Jung está apavorado quando se aproxima, olhando meu corpo de baixo a cima, cima a baixo.

- O que aconteceu? - questiona, exasperado. Balanço a cabeça.
- Preciso ver Lucas.
- Não desse jeito. Venha, vamos cuidar desses ferimentos. Consegue andar?

Confirmo. Ele, então, apoia um de meus braços ao redor do seu, e eu e ele vamos mancando pelos corredores. O destino deve ser sua sala, e entramos em um elevador para que cheguemos até ela. Ele aperta o 11° botão, e eu sei que esse é o mesmo andar onde Lucas está internado. Meu coração palpita, e doutor Jung suspira.

- Você fez isso, não fez?

Olho para ele de relance. Ele cruza os braços frente ao peito. Ao ver que não tenho menções a responder, ele encara o chão e se vira, esperando que nosso andar chegue.

Uma vez que as portas do elevador abrem-se, sigo o doutor mais uma vez pelos corredores frios, ele com o braço entrelaçado ao meu. Então, andando por mais algumas portas, tenho-o abrindo a porta de seu consultório, no qual se lê Dr. JaeHyun Jung com letras bem escritas e em preto. Sento-me na maca disposta ao canto direito da sala, pequena, fria, e de móveis minimalistas e monocromáticos. Doutor Jung separa alguns materiais de algum armário, pondo vários dele em uma bandeja de metal e, logo que o faz, vem até mim.

- Tire esse casaco. Tenho certeza de que têm outros vários ferimentos fora esse.

Obedeço suas ordens, pois isso é algo óbvio. Virando-me de costas para ele, tenho-o analisando os machucados que cobrem a parte de trás de meu corpo, e sua mão enluvada encontra caminho entre meus cabelos, o que me faz puxar o ar pelos dentes em dor.

- Precisa de pontos. Terei que anestesiá-la. Enquanto isso, quero que fale o que fez para estar assim.

Eu não quero dizer isso em voz alta. Isso faz com que seja menos real, é uma dor que eu não quero pensar em sentir. Permaneço em silêncio enquanto sinto agulhadas de anestesia em meu escalpo. Logo, com a área anestesiada, sei que ele começa a limpar e cuidar dos ferimentos.

copycat ;; ksgOnde histórias criam vida. Descubra agora